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Wagner RMS

Escritor, Roteirista, Ficção Científica e Fantasia. Comprar Livros

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11 years ago

Quietude - Parte 1

Meus caros leitores, partilho hoje com vocês a primeira parte deste conto (a segunda parte posto no próximo sábado), espero que curtam, é uma das primeiras obras criadas quando se reuniam os membros da Real Sociedade dos Escritores Fantasmas.

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Ludmila piscou algumas vezes. Havia usado um prendedor de roupas para fixar a cortina de seu quarto, de modo a luz do sol não entrar logo pela manhã. Mas o ventilador de teto fez a cortina arrancar o pregador. Seu quarto de pensão ficava voltado para o raiar do dia, e raramente ela conseguia dormir além das sete da manhã, quando o clarão ígneo irrompia no cômodo e se derramava sobre ela. Prática e econômica, não alugava um quarto caro, mesmo tendo dinheiro para isso.

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Mhd Ahmed Qanbar havia sonhado novamente com a guerra. Estava exausto quando acordou. Fazia muitos anos que dormia a base de remédios, e não descansava quase nada em seus sonhos. Suas mãos tremiam quando saiu da cama e cambaleou até o banheiro, que estava inundado pela luz do sol tropical que entrava pelo basculante. Ahmed fez sua ablução cuidadosamente. Então, tomando o Corão, voltado para o oriente distante, orou:

— Allahu Akbar. _ Disse, com a voz rouca. Era preciso desligar sua mente dos eventos deste dia fatídico que se iniciava.

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A moça se levantou, e espreguiçou o corpo claro. Era um dia de trabalhos, muitos, mas desejava ter perdido a hora, por isso “esqueceu” de programar o rádio relógio e tentou impedir o sol de nascer. Não adiantou. Mas, por outro lado, era bom estar livre dos umbrais escuros de pesadelos e traumas que era seu sonho desde onze de fevereiro de nove anos atrás, quando... Quando Luana e Ricardo morreram nos atentados a bomba em Madri. Ela tomou seus comprimidos azuis e, um pouco mais calma, relembrou o terror...

Desde que Laden havia perecido finalmente, alcançado pelas garras do grande satã, ele, Mhd Ahmed, havia sido eleito informalmente por todos os outros como um líder. Para muitos, foi o momento em que a causa se perdeu, para outros, o dia em que a luz da razão brilhou nos olhos dos Guerreiros de Alah. O fato é que Mhd Ahmed era um homem ponderado, menos afeto a eloquência dos atentados, e muito mais disposto a negociar. Pelo menos até ontem à noite, quando seu primo, Moqtada Al Qanbar, lhe mostrou os documentos que provavam que o grande satã havia desenvolvido a arma final.

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Ela queria muitos doces para o marido e a filha. Queria uma vida adocicada. Fora uma vida difícil até então, havia chegado a Europa como imigrante ilegal, e trabalhara em muitas coisas, algumas que ela preferia não lembrar, até o dia em que havia fugido de um tarado e pedia carona em uma estrada deserta em Cherez de La Frontera, e esbarrou (ou foi gentilmente levada pela mão do destino) com Ricardo. Fiscal de obras, ele dirigia um fora de estrada e a ajudou. Homem também castigado pela vida, Ricardo era divorciado e tinha receio que a psicose da ex-mulher o alcançasse, então ele vivia de cidade em cidade, percorrendo o país e fazendo manutenção de túneis de fibras óticas para uma grande companhia. Após quatro horas de viagem, e duas vidas partilhadas em uma longa e divertida conversa, sorriram um para o outro, e sabiam, intimamente, que iriam se ver novamente. Viram-se, casaram-se, e tinham uma linda filha, quando as prateleiras da San Ginés vibraram, anunciando a carnificina.

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Mhd Ahmed então percebeu, horrorizado, que finalmente, baseado nos grandes conflitos que incendiavam a Europa hoje, e a participação dos Guerreiros de Alah em combates estratégicos nas ruínas de Israel, o grande satã tinha o apoio da opinião pública necessário para exterminar o Islã com sua arma final. Era preciso detê-los, e a reunião do dia seguinte seria o único dia em que isto poderia acontecer.

— Moqtada, sou ponderador, sabe disso.

— Sim, Ahmed. Sei disso. Mas Alah fez com que estes documentos viessem as suas mãos talvez por isto mesmo. Veja, os malditos aniquilam toda a gente do oriente, e ficam com as terras de nossos ancestrais para si. Depois o que vai ser mais? Este Brasil e sua preciosa água? Todo o mundo? Satã estende suas garras horrendas sobre todos nós, e Alah pôs a decisão do que fazer quanto a isso em suas mãos. Estarão todos juntos esta noite, os líderes de nosso povo e os do ocidente. Amanhã. Não haverá momento melhor, nunca mais.

— Sim... Sim... Desde Madri que não sou forçado a tomar uma decisão tão terrível, primo.

— Como lhe prometi, mantive silêncio sobre Madri até hoje. Mas agora não há como não dizer: será covarde de novo, Ahmed? Vai virar as costas ao sofrimento e ao sangue?

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Foi horrível tentar esquecer o que viu em Madri. Ludmila levou um ano para parar de chorar. Outro ano para evitar o suicídio, e um ano mais ainda para começar a perceber que deveria ter um propósito, deveria andar, ir adiante, viver.

Ela pegou suas câmeras, verificou as conexões com a Internet delas, e guardou seu smartphone na bolsa, junto com um milhão de outras coisas guardadas em uma típica bolsa de mulher. Estava quase pronta, havia conseguido se concentrar nos afazeres do dia, apesar do tormento das lembranças, e tomou seu banho, pôs um vestido elegante e leve, pois era verão no Rio de Janeiro, e arrumou documentos e ferramentas de trabalho. Ela estava no Rio, a princípio, para cobrir a Cúpula do Oriente Médio, que reuniria no Brasil líderes de todos os países daquela região em um encontro para discutir medidas para acabar com a guerrilha na Europa e em Moscou. Ludmila era uma das melhores fotógrafas freelance da Alemanha.

Ela passava batom, quando se viu no espelho do pequeno banheiro. Estava chorando ainda, lágrimas quentes e amargas percorriam seu pálido rosto. Ela parecia agora uma madona. Pegou mais comprimidos azuis e os engoliu avidamente.

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Não demorou muito a tomar a decisão. Não havia outro que pudesse fazer aquilo. Ele, Mhd, estaria bem no meio de tudo, e de lá poderia disparar a bomba. Acordou, orou e meditou durante o dia, e chegando a hora, armou-se do que era necessário, e partiu para a Cúpula. Mhd Ahmed tinha o hábito de ser prático, e de agir sem pestanejar quando necessário. Dentro do carro oficial que o estava levando como representante da Al Qaeda para os diálogos de paz, ele vestiu o colete, verificou se tinha tudo que precisava a mão, respirou fundo e lembrou Madri. Naquela época sua decisão foi outra, ele achava.

Continue na parte 2, clique aqui.

Nota: Allahu Akbar : Deus é Grande (http://pt.wikipedia.org/wiki/Takbir).


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11 years ago
Terminei O Tutorial Do Scrivener, E Construí Meu Template, De Forma A Manter Sempre Que Possível Uma

Terminei o tutorial do Scrivener, e construí meu template, de forma a manter sempre que possível uma estrutura padrão para meus livros.

Estou pronto para surfar na Arte!

O Scrivener que uso é ainda uma versão trial, mas resolvi tirar um gostinho para ver qual motivo da empolgação dos colegas escritores, já que este editor está atraindo a atenção de quem pretende ser o “amador que não desistiu”, pois é um editor de textos feito exclusivamente para Romancistas e Roteiristas, segundo dizem assim, com erre maísculo. Ele tem recursos bastante atraentes para quem quer seguir a profissão, tais como foco na criação, quadro de cortiça organizado em cartões referentes a cenas e sinopses, pesquisas e arquivamentos destes dados acoplados, gerenciáveis e sempre à mão, gerador de nomes de personagens, possibilidade de uso de templates (você os acha gratuitos na Internet) com a estrutura montada para contos pulp e romances, por exemplo, usando técnicas consagradas, ou mesmo roteirização de cinema e quadrinhos dentro de normas internacionais.

Um template interessante que achei foi focado na Jornada do Herói, conceito criado pelo antropólogo Joseph Campbell, e que está por trás do escancarado alcance do cinema norte-americano por exemplo. Mas no final das contas optei por montar o meu próprio template, seguindo a estrutura que venho aplicando aos meus livros já publicados.

Mas, retomando o editor em si, a possibilidade de se obscurecer tudo o mais na sua tela e ficar mano a mano com seu texto, ao simples clique de um botão, é outro recurso bastante legal. Criar não exige uma tonelada de recursos, é só você, suas referências interiores, um teclado para batucar, e uma folha em branco sempre gritando na sua cara que você pode fazer melhor que aquilo!

Existem outros tantos recursos que fazem o Scrivener ser tão desejado por nós, que escrevinhamos com paixão, como gerar backups automáticos que você pode apontar para uma pasta em seu computador onde você previamente instalou e sincroniza seu conteúdo com um servidor em nuvem, como o Dropbox ou Google Drive, etc, etc, etc, eu aconselho a leitura do artigo que me fez experimentar este editor, onde Fábio Yabu explica o por quê de ele crer que todo o escritor deveria usar o Scrivener.

Scrivener possui versões para Windows e Mac, sendo originário, até onde compreendi, desta última plataforma. Instala-se (quase todo, menos o tutorial, ugh!) em português, e justamente por ser focado na criação, exige aprendizado mas é bem mais simples (embora mais poderoso se consideramos seu foco) que o Word, ou seja, você aprende fácil.

Gostou? Experimente você também: Site Oficial, com download de versão de testes!

"Elimine toda palavra supérflua". _ Ernest Hemingway.

Booooa, Ernest!


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11 years ago

Pelo menos o seu Deus tem a condescendência de assistir ao seu sofrimento calado. Os meus riem e se divertem!

Dupret@003.25 (VRP - Virtual Reality People - de Jogo Virtual de Combate Metahumano, em "Teoria da Virtualidade" © Wagner RMS).


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11 years ago

Algumas pessoas ficam tristes incrivelmente jovens _ disse ele _ Por nenhum motivo, ao que parece, parecem quase nascer assim. Elas se machucam mais fácil, se cansam mais rápido, choram mais prontamente, se lembram por mais tempo e, como eu digo, ficam tristes mais jovens que qualquer outra pessoa no mundo. Sei disso porque sou uma delas. (…) Vou deixar essas duas garrafas aqui (…) Beba com o nariz (…) Leia os rótulos primeiro, é claro (…) 'CRESPÚSCULO VERDE DE PURO AR DE SONHO DO NORTE' (…) Lembre-se: foi engarrafado por um Amigo.

"Licor de Dente-de-Leão" _ Ray Bradbury.


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11 years ago
Dica: Rio De Janeiro - Exposição Mundo Playmobil. Para Aqueles Cuja Imaginação Na Infância (ontem,

Dica: Rio de Janeiro - Exposição Mundo Playmobil. Para aqueles cuja imaginação na infância (ontem, hoje ou sempre!) superava em muito qualquer gráfico de games, não percam!!! Shopping Nova América - 1ro Piso da Expansão - ao lado do Balada Mix - Segunda à Sábado das 13:00 às 22:00H. Comprei este astronauta incrível lá!!!

Contatos: luizpaulopf@hotmail.com (Colecionador)

Em tempo: O link na foto leva a um trecho inédito de meu próximo livro! Onde tem um grupo de astronautas passando um sufoco incrível no planeta verde lá atrás!!!


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