I Really Need Someone To Have A Friendship/romance With A Greeting Like 'Hi, My Old Friend' And That

I really need someone to have a friendship/romance with a greeting like 'Hi, my old friend' and that that person look and talk at me like Erik Lehnsherr does with Charles Xavier and think/do things for me like Nico di Angelo for Percy Jackson. (Just like a soulmate haha)

I Really Need Someone To Have A Friendship/romance With A Greeting Like 'Hi, My Old Friend' And That
I Really Need Someone To Have A Friendship/romance With A Greeting Like 'Hi, My Old Friend' And That
I Really Need Someone To Have A Friendship/romance With A Greeting Like 'Hi, My Old Friend' And That
I Really Need Someone To Have A Friendship/romance With A Greeting Like 'Hi, My Old Friend' And That
I Really Need Someone To Have A Friendship/romance With A Greeting Like 'Hi, My Old Friend' And That

Canon scenes.

Percico (Percy's birthday in Sally's department) - Last chapter of «The Battle of the Labyrinth»

Cherik (Chess game in a Paris's coffee) - Last scene of «X-Men: Dark Phoenix»

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5 months ago

playlists full of songs of every genre ??

basically nice making out in a car with someone

dreaming about someone who broke ur heart

yeah boy and doll face

basically, I’m not fine but I say I’m fine

i would kiss u even if u were dead

songs i dissociate to/ trigger me into dissociating 

strawberries & cigarettes always taste like u

i have a crush and this is the result

wanting an ex to treat you like shit so you can get over them

realising the person u thought was your soulmate and you aren’t going to work out and mourning that

the sad songs

5 months ago
Japan Has A Bara Maid Cafe And Im Typing This From The Airport

Japan has a bara maid cafe and im typing this from the airport

1 year ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO XXII

Oii, como vai? Hoje teremos o capítulo completo! Talvez um pouco grande, mas eu espero que vocês gostem^^ Juntei a parte do post anterior e a outra parte é inédita, porém sem revisão. Esse capítulo foi uma improvisação, mas achei que o Percy não poderia ser um dom experiente do dia para a noite, certo?

Boa leitura.

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV / CAPÍTULO XVI / CAPÍTULO XVII / CAPÍTULO XVIII / CAPÍTULO XIX / CAPÍTULO XX / CAPÍTULO XXI

— Bom garoto. Tão obediente. — Nico fechou os olhos bem apertado e se negou a responder, sentindo seu corpo balançar com o efeito do orgasmo.  

Não que ele fosse capaz no momento. Não, Nico acha que nunca tinha gozado com tanta força em sua vida, e ouvir Percy falar assim com ele, o fazia estremecer ainda mais. Nico achava que nem o próprio Percy sabia o que essas palavras faziam com ele, o tom de voz aveludado e agora o toque suave que o acalentava depois de algo tão intenso. Não era apenas isso, era a forma como Percy falava com ele, como se Percy realmente estivesse orgulhoso; era a forma que Percy olhava para ele, o analisando friamente dos pés à cabeça e, ao mesmo tempo, com aquela fome no olhar que o fazia querer obedecer a cada ordem. Ele não conseguia lidar com isso, então, era melhor apenas se sentir grato por esse momento estar acontecendo. 

— E, então? — Nico ouviu Percy dizer, o sentindo tocá-lo e massagear seus braços, chegando em seu pulso para enfim abrir a algema. Engraçado, para quem tinha medo de ser preso, ele nem hesitou quando Percy sugeriu. 

— Então, o quê? — Nico murmurou, ainda ligeiramente desorientado. Ele nem mesmo conseguiu levantar os braços, permitindo que Percy continuasse a massagear a pele avermelhada. 

— Foi bom ou ruim? 

— Hmm? 

— Você gostou do que eu fiz? 

Não era obvio? 

— Eu gozei duas vezes. 

— Não quer dizer que você tenha gostado. 

— E você, gostou? — Nico rebateu, tentando se mover, o que apenas o fez cair para trás feito uma jaca podre. 

Quando Percy não respondeu, Nico olhou para ele. Era bem claro o que acontecia, Percy e seu complexo de mártir. A verdade é que ele tinha gostado, ambos tinham, e isso parecia ser um problema para Percy. 

— Eu gostei, tá bom? Quer dizer, seu queixo ainda está molhado. 

Para provar a evidência do crime, Nico se esticou todo, gemendo de dor em seus músculos e passou os dedos no rosto de Percy, mostrando o líquido a Percy. 

— É, eu acho que sim. — Mas Percy ainda tinha aquela expressão analítica, quase rígida demais, como se estivesse se preparando para dar a próxima ordem, o que se tornou verdade no final. — Fique aqui. 

— Para onde eu iria? 

— Com você eu nunca sei. Só não… fuja. Tudo bem? 

— Eu disse que não vou fazer isso de novo. Até quando você vai me culpar por isso? 

— Eu sinto muito. — Percy tentou sorrir, e quando isso não funcionou, ele deu as costas a Nico, que caiu mais uma vez nos travesseiros. 

Parecia que Nico não era o único traumatizado pelo passado. O que ele podia fazer? Essa era a história deles, às vezes feliz, outras, problemáticas. Nico não trocaria o que viveram por nada nesse mundo. Onde ele estaria se não tivesse conhecido Percy em um banheiro público de escola? O que ele teria feito se Percy fosse igual aqueles garotos? Pelo menos, eles não estariam nesse impasse. Será que se… que se ele forçasse as coisas só um pouquinho, Percy veria que não havia motivo para tanta culpa? Afinal, Percy sempre gostou da verdade e de coisas bonitas… 

— Nico.  

Se assustando, Nico viu o rosto de Percy perto demais e segurou nos ombros de Percy, o afastando. 

— No que você anda pensando, hmm? Conheço bem essa carinha. 

— Não sei do que você está falando. 

— Você não está aprontando, está? Se comporte. 

— Eu sempre me comporto. — “A não ser quando eu preciso”, Nico pensou, colocando sua expressão mais inocente. 

— Vou acreditar em você.  

Percy se sentou a seu lado e começou a limpá-lo. Em seu peito, abdômen e então no meio das pernas de Nico, suavemente deslizando uma toalha umedecida, chegando em sua entrada. 

— Você não precisa fazer isso. 

— Eu quero fazer. — Percy murmurou, o beijando no rosto. — Você tinha razão. Eu estava ausente, prometo que vou te recompensar. 

— Que tal começando agora. Me deixa te chupar? 

— Como isso pode ser uma recompensa para você? — O importante nisso tudo é que finalmente Percy tinha sorrido, acariciando seus cabelos. 

— Isso é um sim ou um não? 

— É um talvez depois. Agora, está na hora do bebê tirar uma soneca. 

— Eu não sou um bebê. 

— Então por que você está bocejando no meio da tarde? 

Era uma boa pergunta.  

Nico só deixou que Percy o cobrisse porque ele tinha se deitado a seu lado e o abraçado bem forte, também entrando debaixo das cobertas junto com ele. 

*** 

Por algum motivo, Percy se sentia exausto. Ele se permitiu relaxar no travesseiro contra as costas de Nico e fechar os olhos, apenas por um momento, apenas o suficiente para sentir o peso sair de suas costas. Era um peso metafórico, é claro, um peso que ele nem sabia estar ali. Percy nunca imaginou que a culpa poderia drenar alguém a ponto de afetá-lo fisicamente. As coisas também eram assim no passado? Percy não conseguia se lembrar. Esse era um mal hábito que ele tinha desenvolvido, outra muleta psicológica, ele sabia. Percy se esquecia e guardava a sete chaves no fundo da mente tudo o que fosse traumático ou frustrante. 

Quer saber? Ele tinha decidido não pensar no que fosse ruim ou bom, bem ou mal, e se concentraria no que fosse o certo para eles. Eles estavam confortáveis com isso? Ótimo! Parecia divertido? O fazia se sentir bem? Então, seria o que eles fariam. O que adiantava fazer o que era considerado como “normal” se isso causava tanta dor, e não do tipo que Nico parecia gostar? Era melhor se ele falasse com a mãe, só para tranquilizá-la. Percy sabia melhor do que ninguém que Sally o perturbaria até que ele falasse com ela. 

Se sentindo cansado mais uma vez, Percy saiu debaixo das cobertas, tentando não acordar Nico e viu algo caído no chão. Ele deu a volta na cama e ali no meio do caminho estava o diário que ele tinha dado a Nico. O diário estava aberto no início das primeiras folhas e tinha uma caneta presa, marcando a última página escrita.  

Ele também já tinha se esquecido disso. Felizmente, parecia que mesmo ele sendo uma pessoa horrível, Nico ainda era o mesmo doce garotinho, sempre o obediente. Sim, Percy pôde ver que Nico já tinha escrito algumas palavras e tinha personalizado a contracapa: 

DIARIO DO NICO  Se perdido, devolver para o Percy! 

Percy teve que rir, já se sentindo leve. Tinha até uns desenhos bonitinhos de corações, anjinhos e diabinhos ao redor das letras. Entretanto, o que realmente chamou sua atenção foi a página em que a caneta estava presa.  

“Eu adoro aquele tipo de espaço mental em que eu quase flutuo, quase delirante, sabe? Minha cabeça fica leve e eu não faço ideia do que quero fazer, só quero o que você quiser que eu faça. Na maioria das vezes, tudo o que sei é que quero ser fodido com tanta força que eu mal consiga falar e tudo o que eu consiga fazer seja pequenos gemidos quando você me perguntar alguma coisa.” 

“Quero o tipo de sexo que deixa marcas nos meus quadris e a forma das suas mãos na minha pele. O tipo de sexo que deixa o meu peito coberto de mordidas e as suas costas cheias de arranhões. Quero o tipo de sexo que faz o meu corpo doer e pulsar e que me faça te sentir entre as minhas pernas no dia seguinte.” 

Esse era um trecho que parecia se destacar das outras páginas, algo escrito às pressas, em garranchos despreocupados, á tinta preta e sem decorações ao redor, como se Nico não quisesse passar muito tempo com aqueles pensamentos e só precisasse despejá-los no papel. Esse foi o real motivo que o fez encarar aquelas palavras por longos momentos, estático, parado no meio do quarto com Nico ainda dormindo tranquilamente, sem nenhuma preocupação. 

Era impossível não comparar os dois estilos tipográficos. De um lado da folha, vinhas e arvores que pareciam se entrelaçar até os céus, acompanhados por linhas de poemas, simples e bonitas, do outro, uma prosa desajeitada e vulgar, permitindo a Percy ver os dois lados de Nico que ele raramente via juntos. Tinham outros desenhos, é claro. Um demônio e um anjo que ocupavam uma página inteira, descrições de personalidade e características físicas, algumas poucas linhas de narração que na página seguinte eram interrompidas por mais garranchos com pensamentos soltos. 

“Quero que você me abrace e me toque,   quero que você me faça sentir seguro e pequeno,   feito o bebê que eu nego ser.   Quero que você me diga quando ninguém estiver vendo:   "Como está o meu garoto? Ele se comportou?"   Quero ter regras e quero ter que pedir autorização.   Quero ser disciplinado quando não faço o que você mandar.” 

Percy teve que parar de folear o diário e olhar para Nico dormindo cama. 

Ele... porra! Ele queria fazer tudo isso, queria fazer todos os desejos de Nico se realizarem. E sabe por quê? Eram os mesmos que os seus. Cada palavra e confissão parecendo ser algo que ele faria se a culpa não o tivesse impedido até aquele momento. Será que essas fantasias realmente eram de Nico? Ou será que era algo que Nico tinha escrito para se vingar dele? Ou, pior ainda, era o que ele tinha levado Nico a acreditar que ambos queriam? Mas, ao mesmo tempo, Percy conseguia reconhecer Nico em cada linha, seja desajeitada ou elegante, misturado a influência que ele tinha sobre Nico e outras coisas e momentos em que Percy não esteve presente para moldá-lo. 

Sinceramente? Percy estava aliviado. Saber que Nico tinha tido outras experiencias e conhecido outras pessoas e que mesmo depois de tudo isso Nico ainda tinha voltado para ele, tirava mais uma parte do peso que ele nem sabia que levava. Entretanto, a questão importante era: Como ele poderia fazer... tudo isso sem passar dos limites? Como ele poderia se certificar que Nico não sairia disso o odiando de verdade? 

Ele... Percy precisava de ajuda. E de algumas coisas, também. Algo que fizesse Nico entender a seriedade da situação, do quanto ele desejava que Nico permanecesse seguro e feliz. Parece que esse era o momento de agir. 

*** 

Nico abre os olhos e a primeira coisa que nota é a luz do sol entrando pelas persianas, o cegando momentaneamente. Sua cabeça pulsava com uma dorzinha irritante nas têmporas, mas seu corpo estava o mais relaxado em que ele já esteve. Sua visão estava turva também, atordoado pelas endorfinas que ainda pareciam manter seu corpo calmo e sua mente maravilhosamente vazia, como se toda a ansiedade tivesse sido sugada por uma mangueira compressora. Nem mesmo suas aventuras com garotos mais experientes tinham causado esse tipo de reação nele. 

Ele olhou para o lado, esperando encontrar Percy e recebeu em troca a ausência e um pedaço de papel, Percy nem mesmo deixando seu calor para trás, o que significava que Percy tinham se levantado tempos atras. 

Bem, Nico não deveria criar expectativas quando Percy estava lidando tão mal com as coisas nos últimos tempos. E ele disse que daria tempo para Percy se acostumar com as coisas, não disse? Mesmo que fosse difícil continuar esperando por algo que talvez nem fosse acontecer, ele não tinha outra escolha. Era melhor ter a companhia de Percy do que não ter nada. Mas isso não queria dizer que ele não fosse tentar seu máximo para conseguir o que queria. 

Se dando por vencido, Nico se sentou na cama e pegou o bilhete. 

"Você dormiu bem? Eu tive que sair rapidinho.  Prometo estar de voltar para o café da manhã.  Me espere.  Per.” 

Era só isso? Era o que ele merecia depois de sentir seu mundo sacudir? Isso era tão justo! Chega! Ele iria tomar uma atitude imediatamente.  

Esquecendo da dor de cabeça e os dos músculos doloridos, Nico amassou o bilhete, o jogou em algum lugar em direção ao cesto de lixo e marchou até parar em frente ao guarda-roupa. Isso era tão ridículo! Nunca pensou que chegaria o momento em que ele teria que se rebaixar a tanto. Ele pegou a caixa com seus brinquedos, enfiou a mão no fundo dela e pegou uma embalagem lacrada, de cor preta. Era algo que a vendedora tinha sugerido e já que ele tinha comprado coisas piores, não era isso que o tornaria uma pessoa ruim. Ele colocou a pacote em cima da cama, pegou os itens que iria precisar e entrou no banheiro. Nico iria mostrar para Percy quem mandava ali. 

*** 

Percy se sentia bem melhor agora.  

Como ele poderia explicar? Bem... tinha um lugar, um tipo de bar, e ele tinha ficado curioso, sabe? Percy nunca participou, entretanto... ele tinha assistido e entendido bem rápido como as coisas funcionavam. O que ele podia fazer? Sua mãe sempre dizia que conhecimento era algo que ninguém podia tirar de você, e de fato, tinha sido algo difícil de esquecer. Talvez ele tivesse ficado entediado sem Nico por perto ou talvez quando ele se viu sozinho, sem ninguém para vigiá-lo... por que não? Sendo que Percy não precisava mais ser o cara bonzinho? 

O fato era, Percy tinha descoberto que ele fazia aquelas coisas sem precisar que ninguém o ensinasse. Pelo menos ali, aprendeu que o que ele fazia era errado se Percy não pedisse permissão antes.  

Um bom exemplo disso eram as palavras, pequenas sugestões que se repetidas poderiam se tornar em comportamentos condicionados, como quando você ensina seu cachorro a dar a patinha em troca de petiscos. Pessoas tinham as mesmas tendencias e vontades semelhantes, também. Algumas mais assertivas e outras, mais obedientes. Era um dinâmica normal, nada forçado, é claro, apenas modos de comportamentos onde cada um se sentia mais confortável para se expressar. E isso era só o começo, nem sequer era algo sexual ou romântico, apenas atitudes que a maioria das pessoas não reparavam. Sua psicóloga da época tinha sugerido algo parecido. Não que ele fosse atras desses tipos de clubes e sim que Percy analisasse por que ele se sentia tão codependente de Nico ou porque Percy se sentia tão frustrado. E como parecia estar relacionado a sexo, ele pensou... por que não? Sua mãe tinha apoiado a ideia e, seu irmão e Grover, amado mais ainda. Assim, como uma família unida, todos foram investigar o bar, incluindo sua mãe. 

O importante era que quando ele descobriu o que fazia com Nico já era tarde demais, Nico tinha ido embora e ele tinha ficado sozinho, com todas aquelas ideias e ninguém para testá-las. Percy não se orgulhava do que tinha feito, mas não se arrependia tão pouco. Sendo sincero? Ele não se importava com aquelas pessoas e se ele tivesse magoado algumas pelo caminho, não era da sua conta. Percy nunca prometeu nada a elas, cansando de avisar o que aconteceria no fim. 

Era por isso que Percy estava ali naquela manhã, um bar vinte e quatro horas que funcionava como lanchonete durante o dia. Fazia mais de um ano que Percy não entrava lá, mas como eles eram o lugar que ele mais confiava, teria que ser ali mesmo. 

Percy respirou fundo e entrou pelas portas de ferro negras, chegando a primeira área onde havia mesas e cadeiras de madeira que ao anoitecer seriam retiradas para dar lugar a pista de dança. Continuou andando mais ao fundo e encontrou o bar, um balcão longo junto a uma cozinha espaçosa, vendo os garçons pegarem pratos de comida para serem entregues. Ele só esperava que ningue-- 

— Percy, querido. Quanto tempo! 

— Vanessa. — Percy disse e se virou, vendo sua “professora” favorita. Ela era uma dominatrix atenciosa, bondosa e firme, algo que ele sempre quis ser e que nunca teve a paciência. Em comparação a ela, Percy era ansioso e um tanto cruel. Quem sabe um dia? 

— O que te trás aqui? Finalmente procurando companhia? Tenho um submisso que-- 

— Não dessa vez. — Percy disse e sorriu, negando educadamente. — Estou procurando Apolo. Será que ele está por aqui? 

— Ah, isso é tão bom. Quem é o garoto? 

— Alguém novo. 

— Hm, entendi. — Mas ela parecia o julgar como todos faziam. 

— Não tão novo. Ele é novo na cena. 

— Ah, tudo bem. — Vanessa voltou a sorrir e saiu de trás do balcão. — Eu sei exatamente o que você quer. 

Então, juntos, eles passaram por mais uma porta, subiram uma escada em caracol e chegaram no segundo piso, cheio de portas com quartos particulares, alguns com janelas que permitiam ver dentro dos quartos e no fim do corredor, uma porta grande de metal negro que eles também entraram. 

Realmente, aquela sala era o que Percy estava procurando. Ele sentia que se trouxesse Nico ali, o garotinho iria passar algumas horas perguntando para o que aquelas coisas penduradas na parede serviam. Também havia um balcão mais ao fundo do cômodo, onde um homem alto e loiro lia uma revista, usando um fone de ouvido. 

— Ei. — Percy disse assim que se aproximou.  

Apolo olhou para cima e no mesmo momento tirou o fone e se levantou, correndo em sua direção. Estava tudo bem, porque Percy estava preparado. Ele abriu os braços e deixou que Apolo o abraçasse o quanto quisesse, se esfregando nele. 

— Ah, olha o nosso pequeno dom. Tão crescido. Você tem malhado? Aposto que os garotinhos te perseguem. 

Não desde que Nico tinha voltado, mas esse era outro assunto. 

— Só um. Eu estava procurando algo específico. 

— Eu sei exatamente o que você precisa. 

— Eu não disse nada ainda. 

— E não precisa. 

Apolo sorriu todo esfuziante, pegou um cestinha de compras e começou a andar pelos corredores e prateleiras.  

— Deixa eu ver. Algo discreto para o dia. 

Apolo esticou a mão e pegou uma gargantilha, algo no estilo gótico. Uma tira de couro maleável e discreta com cristais pequenos a enfeitando. 

— Algo para brincar. 

Dessa vez Apolo pegou uma coleira rosa clara, pesada e com grandes furos, com uma plaquinha de identificação e um fecho para colocar uma guia se ele quisesse. 

— Algo para mantê-lo quietinho e comportado, sim? 

Finalmente Apolo pegou uma focinheira com uma bola no meio, uma venda de ceda e algemas macias. 

— Pronto. Isso deve bastar. 

— Eu não posso, isso é muita coisa. 

— É um presente para nosso dom júnior! 

— De verdade, eu não posso-- 

— Verdade! Está faltando uma coisa! 

— Apolo, não! 

— Sim. 

Antes que Percy pudesse impedi-lo, Apolo voltava com uma palmatoria. Sua superfície era toda em couro preto, feito de um material rígido, mas a ponta dela tinha um acolchoamento macio que traria dor sem deixar muitas marcas. 

— Apolo! 

— Vamos, é só dessa vez. Eu nunca vi você interessado em ninguém. Considere um presente de boa sorte. 

— Exatamente! Eu não posso aparecer com isso. Ele vai pensar que eu-- 

— Ele não está errado. 

Percy bufou e desistiu de discutir. Apolo era tão ridículo que isso tornava impossível contrariá-lo. 

— Além do mais... — Apolo continuou, embalando os itens em uma caixa bonita. — Já que você me rejeitou, o mínimo que você pode fazer é aceitar meu presente. 

— Quanto ficou? — Percy, para sua própria sanidade, decidiu ignorá-lo, e pegou a carteira. 

— Você não ouviu o que eu disse? É um presente. 

— Qual é! Isso vale pelo menos mil reais. 

— E daí? Eu sou rico. 

— Eu também sou. 

— Parece que estamos em um impasse. — Apolo fez uma careta de tristeza e balançou a cabeça. — Parece que o seu garoto vai ficar muito decepcionado, então. 

— Ele não sabe que eu estou aqui. 

— É uma surpresa? Eu não sabia que você era um romântico. — Dessa vez, não havia nenhuma ironia na voz de Apolo. — Estou me sentindo muito solteiro agora.  

Percy tinha esquecido como Apolo podia ser dramático. Ele era bonito, isso Percy não podia negar. Entretanto, beleza não era tudo na vida, mesmo que ajudasse muito. 

— Vanessa! Me arruma um dom agora mesmo! 

Percy se virou e lá estava Vanessa, os observando de longe como se assiste uma série de comedia. 

— Eu fiz, três vezes no último mês. 

— Você chama aquilo de dominação? Minha mãe é menos vanila do que aquilo. 

— Por favor, me poupe. — Vanessa cruzou os braços e revirou os olhos. 

— Custava me apresentar alguém alto, gostoso e com atitude? Será que é muito? 

Foi a vez de Percy revirar os olhos. Ele queria dizer que essa era a primeira vez que algo parecido acontecia. Ele jurava que não estava tentando se gabar, mas... de fato, Percy pensou que esses dias de D/s tinham ficado para trás. Mas ali estava ele, pedindo ajuda para essas pessoas. 

— Se comporte. — Percy se pegou falando, já irritado pela situação. O pior é que Apolo imediatamente endireitou a coluna. E ele teve que completar: — Não se atreva. 

Também não seria a primeira vez que Apolo se ajoelharia sem nem perceber. 

— Tão malvado. 

— Olha, eu agradeço a ajuda, mas eu tenho que-- 

— Está tudo bem? — Apolo perguntou, agora sério. — Você disse que nunca dominaria ninguém. É sobre o garoto que te fez sofrer? 

— Talvez. — Percy deu de ombros. — Não é culpa dele. 

— Tudo bem. Você precisa de ajuda? Talvez uma mediação? 

— Não. Eu consigo. — “Talvez”, ele queria ter dito. A verdade é que Percy não conseguia nem mesmo pensar em ter que dividir Nico com alguém ou deixar que outras pessoas assistissem. Percy não sabe se conseguiria se controlar. — Não precisa se preocupar. 

— Tem certeza? A gente podia dar uma ajuda pro pobre do garoto. Ele sabe no que se meteu? 

— Não precisa se preocupar. — Repetiu. 

O pior era que Percy não estava mentindo. Nico sabia muito mais do que ele gostaria. 

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Esse capitulo foi meio bobinho, não? Admito que exagerei um pouco. Eu não queria deixar as coisas muito pesadas. Foi bem divertido e é isso que importa, não? De qualquer forma, obrigada pelo apoio, sua presença é sempre bem-vinda!


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1 year ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO VII

Oii, como vai? Esse era para ser um capítulo curto, ai resolvi fazer algo especial mais para o final. Espero que vocês gostem! Vejam as notas finais para mais informações.^^

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI

— Presta atenção! — Percy gritou e passou a bola para Chris Rodriguez, um garoto alto de feições hispânicas. Um amigo ótimo, mas que agora estava lhe dando nos nervos. 

Tudo bem, não era culpa de Chris. Percy queria terminar logo aquele treino e encontrar Nico que o esperava nas arquibancadas. Era demais pedir que o tempo passasse mais rápido? Ele gritou de novo, agora vendo Charles Beckendorf se distrair com a namorada líder de torcida.

Porra, será que dava para alguém fazer alguma coisa certa!?

— Cara, pega leve! — Grover veio correndo até ele quando o treinador encerrou o treino antes do normal. — Seu garoto não está cuidando de você?

Grover estava certo, Nico tinha cuidado muito bem dele. Percy até tinha relaxado depois do ato, mas então ele sentiu aquela raiva subir para a cabeça observando aquelas pessoas cobiçarem o que era dele. Quando Nico era solitário e indefeso ninguém fez nada, preferindo o isolar, mas agora que Nico cresceu e ficou alto com aqueles ombros largos e intensos olhos negros, levando seu violão pelos cantos, praticamente sendo impossível não se encantar quando ele cantava, pensando que ninguém o via, isso o tirava do sério. Trazia seu pior lado para fora.

Ele admitia que estava enlouquecendo, devagar e constante, brigando com quem tentasse se aproximar. Esse devia ser o único motivo para ele querer que as pessoas ficassem longe de Nico. Quer dizer, não era muito diferente do que acontecia antes. Não que ele tentasse esconder, Percy afastava as pessoas de propósito e sabia disso. Nico também sabia disso. Até o zelador sabia. Ele queria se sentir mal por agir dessa forma, impulsivo e… tão errado. Pensou que esse Percy tinha ficado no passado e que ele tinha morrido com a partida de Nico, se achando tão adulto agora que não agia dessa forma. Isso é, até Nico voltar e mostrar para ele que ainda era o mesmo menininho inseguro e ciumento.

— Per-cy! Terra para Percy. Tem alguém em casa? — Grover disse e balançou a mão em frente a seu rosto, vendo que agora um grupo de garotos se formava ao redor deles.

Era normal, afinal ele era o capitão e eles costumavam ter conversas sobre possíveis mudanças na estratégia de jogo. Hoje não era um desses dias, hoje ele não tinha prestado atenção em nada, em passes de bola, a posição dos jogadores na quadra ou quantas cestas foram feitas.

— Desculpa, gente. Vocês estão dispensados.

— Jackson, qual é? Fala logo. — Luke disse, caminhando despreocupado até ele.

Percy respirou fundo e tentou se concentrar.

— Falar o quê?

— Você não vai pirar de novo, vai? — Outra pessoa falou, embora todos soassem iguais para ele.

— Quem concorda no sub-capitão tomar conta do time? — É claro que Luke falou isso já que ele era o sub-capitão.

— Façam o que vocês quiserem.

Nada importava mais do que Nico. Calmamente, ele tirou a faixa de capitão do braço e jogou para quem estivesse mais perto, dando as costas para eles.

— Quero ver quanto tempo vocês duram.

— Percy, volta aqui! Eu estava brincando! Desde quando você escuta o que eu digo?

Mas ele não voltou, continuou marchando para a saída, lembrando de pegar suas coisas perto do vestiário e só parou quando encontrou Nico na parte de baixo da arquibancada, alheio ao que acontecia à sua volta. Ele estava sentado na grama, com as costas apoiadas no pé da estrutura da arquibancada, dedilhando o violão e murmurando algo baixo na voz mais aveludada e doce que ele já tinha ouvido. Nico parou de tocar e então se virou em direção ao caderno em frente a ele para anotar algo, tudo isso enquanto as pessoas ao redor o observavam com admiração.

Sabe, ninguém costumava assistir aos treinos além das líderes de torcida, mas ali no sol do fim de tarde e com os pássaros cantando, Nico nunca esteve tão belo; cabeça abaixada e postura relaxada, lhe dando a impressão que cada vez mais a plateia se multiplicaria se isso continuasse acontecendo. Então… então aquela raiva voltou com tudo e foi tão de repente que ele parou antes que Nico pudesse notar sua presença, não queria que Nico visse essa parte sua. Ele inspirou fundo por longos momentos e só quando teve certeza que conseguiria se controlar, se aproximou o resto do caminho, parando na frente de Nico.

— Você está pronto? — Perguntou a Nico.

— Hmhm. — Nico acenou, levantando a mão do violão e se espreguiçando. — Você não tem que fazer nada? Ainda são três horas da tarde.

— Não, hoje sou todo seu.

Foi quando Nico levantou a cabeça, o olhou entre os cílios e sorriu para ele, todo meigo e tímido, o levando de volta para tempos mais simples.

— Vamos? — Ele quase esqueceu das pessoas ao redor, murmurando mais distantes deles. Bastou Nico acenar novamente enquanto guardava suas coisas para enfim segurar em suas mãos que elas desapareceram de vista, insignificantes, feito insetos barulhentos.

Ele pegou a mochila de Nico, o ajudando, enquanto Nico levava o violão na mão que não estava ocupada pela sua.

— Música nova?

— O grupo de prática de banda vai se apresentar no baile.

— Vai, é? — Percy até já podia imaginar quanto fãs Nico conseguiria nessa noite.

— Por que você não me disse que ia ter um? Eu nunca fui.

— Eu não estava planejando ir. — Não desde que Nico tinha voltado, mas agora que ele mencionou o baile… — Você quer ir comigo?

— Senhor Jackson! Você está me chamando para sair? É um encontro?

— Só se você quiser.

Percy não conseguiu se conter, Nico estava rindo e fazendo piadas com tanta alegria que isso esquentava seu coração a ponto que ele teve que parar no meio do caminho e beijar Nico até que ambos estivessem sem ar; em seus lábios, maçãs do rosto, mandíbula e pescoço. Ele só parou quando Nico riu tanto que lagrimas saíram de seus lindos olhos negros.

— Então, está marcado. É um encontro.

— Seu bobo. — Nico suspirou, o encarando bem de pertinho, e outro impulso o tomou. Percy secou as lágrimas de risadas que ainda caiam e o beijou mais uma vez, apenas para expressar o quando ele o amava.

— Estou falando sério. Até vou usar um terno. O que você acha?

— Eu acho que você vai ficar muito bonito.

— Eu pensei que eu já era. — Nico sorriu de novo e Percy nem tentou se controlar dessa vez, ele abraçou Nico pela cintura e o beijou como na noite passada, como se ninguém estivesse vendo, e só parou quando Nico gemeu, agudo no fundo da garganta, e o afastou, o empurrando sem força pelo peito.

— Per. — Nico choramingou, piscando devagar, quase gemendo de frustração, mas tão suave que ele sentia vontade de encostá-lo contra a parede e resolver o problema deles bem ali. Isso iria mostrar a quem Nico pertencia.

O quê? Não! Ele não era essa pessoa. Ele não…

— Per? — Ele sentiu dedos macios contra seu rosto e piscou, tentando tirar esses pensamentos da cabeça. Nico parecia preocupado com um leve vinco entre as sobrancelhas. — Tudo bem?

— Claro, tudo bem.

Nico tinha razão em ter fugido dele. No fim, o perigo não estava nas outras pessoas e sim nele, um garotinho doente e possessivo.

— Você quer comer alguma coisa? Está ficando tarde.

Percy apenas acenou, sendo puxado por Nico em direção a seu carro. Ele sentia a preocupação emanar de Nico, era a forma que ele falava todo baixinho e cuidadoso, os toques afetuosos em seu braço ou ombro como se tentasse consolar um garotinho que tinha caído e machucado a perna. E mesmo sabendo de tudo isso, Percy ainda não se sentia culpado. Entendia perfeitamente o que estava fazendo, e ainda assim, deixou que Nico o consolasse, absorvendo a atenção que Nico lhe dava feito uma esponja no deserto.

No fim, eles acabaram voltando àquele mesmo restaurante que Nico tanto tinha gostado, pedindo outra garrafa de vinho e toda a macarronada que Nico foi capaz de comer. Ele sabia que devia pelo menos avisar a mãe que a esse ponto deveria estar preocupada sua ausência, mas Percy logo se esqueceu disso. Contente, observou Nico comer com vontade e beber mais da metade da garrafa de vinho como se fosse água, bem menos bêbado que na vez anterior. Percy não se importava, porque, na realidade, estava exatamente onde queria estar, com Nico sorrindo para ele e prestando atenção somente nele.

***

Imediatamente, Nico soube que algo estava errado. Ou melhor, que eles estavam caindo nos mesmos vícios de antes. Para falar a verdade, era difícil se preocupar com essas coisas. Era muito, principalmente quando Percy estava tão perto e cheirava tão bem, aqueles braços fortes em volta dele e os beijos que o faziam estremecer. Mas ele precisava… precisava… 

— Lindo. — Percy murmurou contra seus lábios, o puxando para perto até que não restasse nenhuma distância entre seus corpos. Eles ainda estavam no restaurante e essa não era uma atitude adequada para se ter em um lugar público.

— Per. Para com isso.

— Hm? Eu não-- eu sinto muito.

— A gente precisa conversar.

Isso fez Percy parar. Nico viu Percy respirar fundo e o encarar todo sério. Isso era pior ainda, a expressão no rosto de Percy o fazia querer abrir as pernas e obedecer tudo o que Percy mandasse, e ele sabia exatamente o que Percy pediria se eles se deixassem levar.

— A gente não precisa conversar. — Percy falou quando ele não disse nada.

— Não precisa?

— Eu sei de tudo. É o meu comportamento.

— Se você sabe… 

— Não consigo me controlar.

Hm… isso era uma evolução. Ele acenou e sorriu, orgulhoso de Percy.

— Sei que não é certo.

— E o que mais?

— Vou tentar melhorar.

Nico deixou o ar sair e relaxou contra o assento do restaurante.

— Olha, eu não me importo de verdade.

— Não? — Agora Percy parecia sinceramente confuso.

— Eu sei quem você é e porque faz essas coisas. Talvez eu tenha certa culpa… 

— Então, qual o problema?

— Isso afeta sua relação com as pessoas. Você é capitão e vai ser orador da turma. Não quero que isso… que nosso relacionamento destrua o que você lutou para conquistar.

— Nico. — Foi quando ele viu Percy arregalar os olhos e o encarar com um olhar perdido.

— Você sabe que eu não fui embora por causa de você, não sabe?

— Eu pensei que… 

— Per, você não é o problema, nem mesmo sua mania de nos isolar dos outros me incomoda.

— Eu sou horrível.

— Eu também sou. Eu… eu te incentivei. Quando alguém mostrava interesse em você, eu… não me orgulho do que fiz.

— O que você fez? — E onde ele achava que veria julgamento, Percy mostrou a ele a pura curiosidade.

— Você lembra da Rachel e dos irmãos Stroll? Não quero falar disso. O problema aqui é que eu… eu não queria sexo e não sabia como dizer isso pra você, então, eu… eu fugi e agora… tudo está pior!

— Não diga isso. Eu prometo que--

— Não, você não entende! Eu senti sua falta todos os dias. Nunca mais quero passar por isso. Eu… eu… você nunca mais vai se livrar de mim! Está me ouvindo! Nunca mais! — Para provar seu ponto, ele puxou Percy pela jaqueta e o beijou, praticamente batendo seus dentes.

— Bebê.

— Não, não é isso. Quero dizer que agora você não tem razão para me deixar estragar as coisas.

— Nico. — Percy falou aquilo tão baixinho e suavemente que ele teve que parar por um momento. — Você é a melhor coisa na minha vida. Eu te amo, é minha culpa você pensar dessa forma.

— Não é sua culpa. E eu… eu também te amo.

Pronto, Nico tinha dito o que precisava. Por algum motivo sentia um aperto no coração, uma pressão no peito que só o toque de Percy aliviava. Ele mal conseguia pensar racionalmente, porque nada daquilo era racional. Não essa possessividade que ambos sentiam ou essa necessidade de estar perto um do outro. Não podia ser saudável. Ou normal. Como as outras pessoas podiam viver sem se sentir tão amadas e desejadas como ele sentia ao olhar para Percy?

— Está tudo bem. — Percy disse, esfuziante em seu sorrir. — Você pertence a mim e eu pertenço a você. Pode não ser comum, mas porque resistir a isso?

— Está tudo bem mesmo?

— Está, eu prometo. Vou fazer de tudo para que dessa vez as coisas deem certo. Você confia em mim?

— Eu confio. — Como ele podia não confiar quando seu corpo e alma se elevavam com o simples toque de dedos contra sua nuca e lábios molhados contra os seus?

— Você não precisa se preocupar, está tudo sobre controle.

Ele acreditou. 

Com um suspiro aliviado, Nico se deixou ser abraçado e consolado. Confiaria que Percy cuidasse de tudo, exatamente como sempre tinha sido.

***

Cena Bônus: Achei que esse capítulo ficou pequeno, então decidi trazer uma cena do passado. Um presente curto para vocês.

— Obrigado por vir. — Percy Jackson abriu a porta e deu passagem para ela entrar. 

Clarisse estranhou imediatamente, eles não eram os melhores amigos e nunca seriam. Ela não sabia explicar, Percy costuma ter uma aura de quem pisaria em qualquer um para ter o que queria… ou melhor dizendo, Percy era um das pessoas mais intimidadoras que ela já tinha conhecido. Clarisse sabia que Percy usava sua altura e força para se destacar, mas era algo mais do que isso. Sinceramente? Nunca pensou que fosse ser convidada para participar das festas dos populares, e muito menos pelo garotinho magro e nerd que sentava todas as aulas ao lado do capitão psicopata de basquete. O que mais a constrangia era como da noite para o dia a atitude de Percy tinha mudado, de valentão para polidamente educado.

Era por isso que nesse momento Clarisse estava parada em frente a porta de Percy Jackson, hesitando em dar o próximo passo. Nunca se sabia o que poderia ter dentro da casa de um psicopata. Mas, enfim, quando parecia que nenhum dos se renderia, Percy estendeu a mão. Entretanto, ele só pegou a travessa com os sanduíches e salgadinhos de suas mãos quando ela ofereceu a ele primeiro.

— Isso é muita coisa. — Ele disse, obviamente fazendo força para parecer simpático.

— Não foi nada. — Não foi mesmo, eles tinham encomendado no dia anterior. Talvez sua mãe tenha exagerado.

A verdade é que ela não sabia ao certo o que levar. Tudo o que Nico tinha dito era para ela trazer alguma coisa e aparecer até o meio-dia. Geralmente ela ficaria bem longe daquele tipo de gente, mas Annabeth tinha pedido para ela espionar, por isso estava ali, tentando ser civilizada com a pessoa mais selvagem que ela já tinha conhecido.

— Entre. — Foi tudo o que ele disse antes de dar as costas e seguir pelo longo corredor para dentro da casa.

Ela o seguiu, se surpreendendo pelo tamanho da sala de estar. Ali havia uma grande mesa de buffet onde Percy tinha colocado os salgados, sofás longos e confortáveis, puffs, um telão de cinema e tanta comida que ela achava ser impossível de comer, sem contar os móveis de bom gosto, decoração em tons pastéis e uma maravilhosa vista para um jardim bem cuidado e uma piscina olímpica.

— Se sinta à vontade. — Sem esperar, Percy desapareceu subindo as escadas e entrou em outro corredor.

— Ele é assim mesmo. Você se acostuma.

Distraída, Clarisse deu um pulo e olhou em direção ao sofá. Era Grover! Finalmente alguém decente nesse lugar.

— O que está acontecendo aqui? Cadê as pessoas dessa festa. 

— Festa? É mais uma noite do pijama.

— Noite do pijama?

— Percy e Nico não gostam de confusão.

— Hm? — Ela não estava entendendo nada.

— A gente se reúne pra comer alguma coisa e assistir um filme. Às vezes pra jogar alguma coisa.

— É isso que vocês gente rica fazem?

— Não, mas Percy e Nico gostam assim.

— “Percy e Nico”? Eles são uma entidade por acaso? Um ser único?

Isso fez Grover gargalhar. Sentando no sofá, o garoto segurou a barriga e jogou a cabeça para trás.

— Você está mais certa do que pensa! Gostei de você, acho que vai se encaixar muito bem com a gente.

— A gente? Quem exatamente? Não estou vendo ninguém.

— Gente, temos companhia! — Grover colocou a mão em volta da boca e gritou, criando um eco pela sala. Miraculosamente, pessoas começaram a vir de todas as direções, escadas abaixo, e de cada corredor ou porta fechada.

— Clarisse, é bom te ver. Como vai a esgrima? 

Silena foi a primeira a se aproximar. Ela tinha sido sua parceira por anos antes de ter que se focar nos estudos e nas líderes de torcida. Beckendorf estava atrás dela, todo sério e quieto. Quem Clarisse não esperava encontrar era Luke e Thalia, Leo também. Não que fosse surpresa, todos eram populares de seu próprio jeito. Ela só não entendia porque Annabeth não estava entre eles; ela parecia alguém que se encaixaria perfeitamente.

— O que te traz ao nosso humilde cafofo? — Luke perguntou todo charmoso, desfilando até se sentar a seu lado. — Nunca pensei que te viria aqui.

— Nico me convidou, então, eu vim. — Ela deu de ombros. Talvez ela só estivesse curiosa para saber como aquela gente vivia.

— Não se preocupe, logo perde a graça. Você vai ver.

Como se anunciando a deixa, Percy e Nico desceram as escadas, de mãos dadas e falando algo em um tom tão baixo que seria impossível escutar daquela distância. Entretanto, assim que Nico viu sua presença, ele veio até ela e a abraçou, dizendo: — Fico feliz que você tenha vindo. Está com fome?

— Talvez, depois.

— Certo. — Nico sorriu para ela, segurando em suas mãos rapidamente e se levantou indo em direção a Percy que tinha observado tudo de braços cruzados e com a expressão mais ameaçadora que ela já tinha visto. Isso é, tudo isso aconteceu antes de Nico se voltar para Percy, pois no instante seguinte, Percy sorriu, mostrando dentes brancos e covinhas bonitas, com tanto amor no olhar e oferecendo apenas bondade e felicidade para Nico, que Clarisse pensou que Percy fosse duas pessoas diferentes.

Ela estava ali há cinco minutos e achava ser suicídio social tentar fazer qualquer coisa que atrapalhasse o que estava acontecendo entre os garotos. E a cada momento que passava, se surpreendia mais. Viu em câmera lenta Percy receber Nico entre seus braços e o apertar bem forte para em seguida beijar a testa de Nico, enquanto Nico apenas sorria contente, praticamente engolido pelo corpo de Percy. Ela nunca tinha visto um gesto tão fraternal se tornar tão sexual e possessivo em meros segundos.

— Isso é normal? Nico precisa de ajuda? — Ela cochichou para Grover e Luke que estavam a seu lado.

— Você acha que ele precisa?

Era uma boa pergunta. Quase desaparecendo atrás de Percy, viu Nico arrastar Percy para o meio da sala e se sentar entre os puffs, em frente a uma mesinha de centro. Logo alguém trouxe alguns pratos de comida para perto deles e todos começaram a comer, mesmo que os pratos estivessem mais próximos de Nico. Isso é, quase todos começaram a comer, Percy apenas observou o desenrolar dos fatos, parecendo fiscalizar o que acontecia ao redor dele com um olhar satisfeito vendo Nico comer com entusiasmo.

— Quer mais? — Percy perguntou a Nico. E sem esperar a resposta, voltou com uma bandeja cheia de mini-pizzas. — O seu favorito.

— Obrigado, Per. — Nico sorriu docemente e sua voz soou ainda mais amorosa, destilando mel, açúcar e tudo de bom no mundo.

— Acho que vou vomitar.

Clarisse concordava com Luke, meio hipnotizada vendo aquela cena doméstica. Felizmente ela foi quebrada quando Percy olhou para eles com um sorriso de canto para lá de cínico, dizendo: 

— O banheiro fica na segunda porta à direita. — Entretanto, Percy logo disse, se lembrando de ser um anfitrião: — Porque vocês não pegam um prato. Não quero ter que jogar comida fora.

E já que ele dizia de forma tão amável, por que não?

Clarisse foi a primeira a se levantar e ir até a mesa do buffet. Ela começou com um pedaço de bolo de limão e um copo de suco de maçã. Se sentou ao lado de Nico e dessa vez, não parecia que Percy iria a fuzilar com o olhar. Percy sinceramente parecia contente em se sentar colado a Nico e vê-lo comer com um olhar enamorado. 

Até o fim da noite, assistindo o segundo filme e vendo Nico dormir sobre o ombro de Percy na maior demonstração de amor que ela já tinha visto, Clarisse chegou a uma clara conclusão. Tinha pena de Annabeth e de qualquer um que tentasse ficar no caminho de Percy Jackson e seu doce companheiro que de inocente tinha apenas o sorriso.

***

— Por que tanta comida? — Era a grande questão da noite. 

Clarisse percebeu que assim que um prato se esvaziava, outro substituía seu lugar, um mais gostoso do que o outro. Tudo o que ela sabia é que não aguentava mais, e que não conseguia parar de comer.

— A família do Percy tem um restaurante.

— Eu sei disso. Todo mundo sabe.

— Nos considere um grupo de testadores. — Nico disse a ela, comendo um doce que Clarisse não sabia o que era. — Se a gente gosta, entra no cardápio. Se não, em revisão.

— A questão é. Quem fez tudo isso?

— Eu e Sally. — Nico deu de ombros e sorriu quando viu a reação de Clarisse.

— Você sabe cozinhar?

— Desde pequeno.

— Você não é rico? — Quando Nico olhou para ela, todo confuso, Clarisse completou: — Quer dizer, você não tem empregados para isso?

— Cozinho quando estou nervoso ou ansioso.

— Sério?

— Pra gente, comida é um gesto de amor.

Mas Nico não falava isso olhando para ela, não, Nico tinha as mãos no colo e seu rosto estava corado, observando Percy conversar com um grupo de garotos perto da varanda enquanto eles continuavam perto da mesinha de centro.

 — Um gesto de amor?

— Sei que Percy parece grosseiro às vezes. É só que ele tem dificuldade em confiar nas pessoas.

— E você?

— Eu confio nele.

— Claro.

— Sabe… a gente cuida dos nossos amigos…

— O que isso quer dizer?

Nico sorriu de novo para ela, seus olhos negros brilhando, enquanto ele mordia mais um pedaço do doce. Logo Clarisse entendeu o que acontecia, Percy vinha caminhando em direção a eles, todo orgulhoso de si mesmo. Num primeiro momento Clarisse não tinha entendido nada, e só percebeu a armadilha quando um garoto menor apareceu atrás de Percy. Era Chris, o garoto que ela tinha visto pelos corredores e nunca tinha tido a coragem de falar com ele.

Era até engraçado. Percy puxou Chris para a frente e deu um empurrão no garoto até que ele estivesse em sua frente, o rosto corado de vergonha.

— Clarisse, quero te apresentar Chris Rodriguez.

— A gente já se viu por aí.

— Isso é ótimo, não? — Percy piscou para ela e guiou Nico pelo braço tão rapidamente para longe que quando viu, ela e Chris estavam sozinhos. E já que eles estavam ali… por que não? Ela sorriu para Chris, pensando que no fundo Percy Jackson não era tão ruim assim.

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E então, o que acharam? Sei que as ultimas cenas deviam ser curtas, mas eu não consigo me controlar. Também não queria fazer flashbacks, entretanto eles são tão interessantes que vou fazer mais alguns. Eles vão ficar meio bagunçados, nada que atrapalhe na compreensão da história, mas com toda certeza vou ter que revisar a ordem deles dentro dos capítulos.

Espero que tenha sido uma boa leitura. Sugestões e comentários construtivos são sempre bem-vindos!

Ah, esqueci de avisar, espero que cenas +18 não estejam muito estranhas e que talvez a contagem de palavras passe as 50 mil palavras, vou tentar me controlar, mas vocês me conhecem. Me desejem sorte.

Também fica defino o cronograma de postagem. Uma vez por semana nas quartas-feiras.

Obrigada por ler!


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1 year ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO IX

Oii, como vai? Capítulo novo, porém não tão longo como eu esperava. Leiam as notas finais!

Cenas do passado/Flashback em italico

Boa leitura!

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII

Percy olhou para os lados, se certificando que ninguém estava o seguindo e saiu da sala vazia. Esse era o preço para não ver sua mãe chorando pelos cantos e se chamando de fracasso.

Desde que o restaurante de sua família tinha se tornado cinco estrelas, a perseguição tinha começado. Não importava onde fosse ou quem estivesse perto dele, a adoração velada por puro interesse começaria, pois, quem nunca tinha falado com ele agora queria ser seu amigo, e seus melhores amigos começaram a tratá-lo como se ele fosse da realeza. Todos sabiam seu nome. Mas no fim o que eles queriam era arranjar um reserva em nome de outros adultos. Percy tinha aprendido bem rápido a se esgueirar dessas pessoas que agora eram quase todos que ele conhecia. E sabe o que era pior? Essas pessoas não estavam interessadas na comida de sua mãe e sim em quem frequentava o restaurante. Isso era tão injusto! Até para ir no banheiro, multidões o seguiam sem lhe dar um minuto de paz. Tyson era tão sortudo! Ele já tinha terminado o colégio e estava a ponto de se formar na faculdade. Restava a Percy lidar com as fofocas e pessoas interesseiras.

Olhando mais uma vez para o corredor vazio, Percy guardou o celular no bolso e entrou no banheiro.

Ah, finalmente silêncio. Somente ele e o mictório. Abriu o dizer de sua calça e… e escutou um gemido. Bem perto dele. Virou o rosto e ali estavam três garotos em uma rodinha. Viu que um deles abria a própria calça. 

Bem, isso não era da sua conta.

— Não, por favor. Eu… eu… 

— Você o quê? Vai contar pra irmãzinha? Pro papai?

— Por favor!

Percy suspirou e caminhou em direção a eles. Sua mãe não tinha lhe educado para ver alguém ser abusado.

Ele parou atrás deles, em frente ao espelho, e viu o que acontecia. Um garoto com as feições mais suaves e femininas que ele já tinha visto tentava tampar o rosto e se encolhia contra a parede, ele era tão pequeno que reagir contra aqueles garotos seria burrice. O problema é que Percy se distraiu tanto com a beleza do garoto que acabou perdendo o momento em que um dos garotos segurou no próprio membro e apontou em direção ao garoto no chão.

— O que vocês estão fazendo? — Ele enfim disse. 

Os garotos se assustaram e se afastaram num pulo, se cobrindo como puderam.

— A gente… ei, você não é aquele garoto rico?

Era só o que faltava.

— Eu disse, o que vocês estão fazendo?

— Não é o que parece.

— Ah, não é? Como você explica isso?

Os três garotos e Percy olharam para o garotinho no chão que escondia o rosto e chorava desoladamente.

— Vocês sabem de uma coisa? Eu não quero saber. Se eu pegar vocês fazendo isso de novo…

— Você não tem provas!

— Quer pagar pra ver?

Os garotos se entreolharam e depois de alguns momentos, saíram correndo. Finalmente ele podia fazer o que precisava e ir embora.

Isso é, se o garotinho não tivesse levantado o rosto e olhado para ele com aqueles profundos olhos negros, inchados e brilhantes. Cabelos levemente encaracolados em ondas negras e os lábios mais bonitos e avermelhados que ele já tinha visto. Admitia que tinha congelado, apreciando a visão. Percy que nunca havia se interessado por ninguém em seus onze anos de vida se via encantado. E mesmo quando o garotinho mordeu os lábios e olhou para ele, ainda estatelado no chão do banheiro, Percy não conseguia parar de olhar.

— Você não precisava.

— Eu… era o certo. — Essa era a verdade, era o certo a se fazer, mas o que não era certo era admirar o lindo garotinho, principalmente numa situação como aquela. Ele se sentia um monstro. — Qual seu nome?

— Nico. Niccolas.

Hmm… italiano. Dizem que é a linguagem do amor.

— Percy Jackson.

— Oh. — Nico disse, o olhando dos pés à cabeça, suas bochechas altas se esquentando. — Você não vai fazer o que aqueles garotos queriam fazer… vai?

— O que eles queriam fazer?

Nico olhou para baixo e Percy acompanhou o olhar. Oh, de fato, seu zíper ainda estava aberto, porém agora havia um certo… volume ali.

— Eu não sou como aqueles garotos.

— Não é? — Nico ainda parecia em dúvida, embora ele mesmo tivesse um volume nas calças. Um bem menor e que Percy parecia estar analisando com mais atenção do que deveria.

— Eu não sou. — Ele se virou, tentando convencer a si próprio e andou até o mictório.

Abaixou a cueca e tentou se concentrar. Ninguém o avisou que seria difícil se aliviar com uma ereção no caminho. Respirou fundo, relaxando, e enfim conseguiu. Quando voltou para a pia, pretendendo lavar a mão viu que o garotinho ainda estava no chão, o observando se aproximar.

Nico tinha lhe observado… ir no banheiro? Já que a área era bem aberta, impossível não ver o que acontecia.

— Você precisa de ajuda? — Percy disse enquanto lavava as mãos, encarando ambas suas reflexões no espelho. Nico parecia assustado e encabulado, enquanto ele próprio estava todo sério e quase ausente, sem mostrar emoções.

— Não! Quer dizer, eu estou bem. Obrigado.

— Tudo bem, então.

Percy secou a mão e se virou em direção à saída. Ele tinha oferecido ajuda, não tinha? A partir dali não era sua responsabilidade o que acontecia com Nico.

***

Percy nunca tinha percebido como aquela escola era grande. Duas quadras cobertas e mais duas ao ar livre, cinquenta salas de aula, dez laboratórios. Piscinas, trilhas de corrida e até uma floresta com uma plantação variada. Era um bom lugar para quem estivesse procurando uma educação abrangente, também era um ótimo para quem estivesse procurando um lugar para se esconder. Felizmente, Percy tinha encontrado o lugar perfeito: deserto e silencioso, bem em frente a uma das quadras descobertas. O melhor de tudo era que a visão da arquibancada era bem limitada, impedindo que as pessoas o achassem facilmente.

Ele caminhou calmamente pelos corredores do colégio e chegou a seu lugar favorito, decidido a fazer algumas cestas na quadra e comer algo rápido antes da próxima aula. Ele pretendia entrar para o time e não queria que fosse por puro favoritismo. Isso é, ele já ia entrar na quadra quando viu uma cabeleira negra no lado mais distante da arquibancada. Agora, Percy não tinha escolha, ele precisava saber quem era, só assim saberia se ainda era um lugar seguro ou não.

Percy andou a passos apressados e viu que era o mesmo garotinho da vez passada. Ele tinha o lábio cortado e o lado direito do rosto arroxeado. Percy teve o impulso de perguntar quem tinha feito aquilo com ele, mas se lembrou, não era de sua conta. Até porque Nico parecia estar bem tirando o rosto machucado, vendo que ele comia um pequeno banquete. Percy podia ver pelo menos quatro tipos de pratos diferentes, todos organizados em pequenas marmitas, a visão esquentando seu coração por algum motivo. Devia ser a forma que Nico se encolheu, tentando se esconder dele, mas mesmo assim o encarou, sorrindo.

Ele observou Nico levantar uma das marmitas e da forma mais tímida possível, oferecer a ele, dizendo: — Você quer?

Percy se viu andando o resto da distância até Nico, abandonando sua mochila e bola de basquete no pé da arquibancada, e se sentando em frente a Nico.

— Eu trouxe também. Minha mãe é cozinheira.

— Ah. — Nico murmurou e deu de ombros, pegando seus talheres. — Eu sempre faço muito. Vê?

Então Nico abriu as outras duas marmitas e mostrou a ele. Torta de legumes com queijo. Bolinho de carne. Pão de calabresa. Bolo também.

— Você faz? E sua mãe?

— Eu não tenho. Ela morreu.

Foi quando Percy se deu conta do que fazia. Feito um esquisito, observava Nico comer como se fosse a coisa mais maravilhosa do mundo enquanto o garoto comia sozinho, tendo que fazer a própria comida.

— Seu pai? Você deve ter um, certo?

Nico negou e enfiou outro pedaço de torta na boca, ignorando todo o resto dos pratos.

— Papai nunca está em casa. Eu aprendi com a mama antes dela morrer. A comida dela era o máximo! A vovó também cozinha muito bem. — Mas Nico falava aquilo com tanta felicidade que Percy se sentiu melhor.

— Quem cuida de você?

— Eu tenho uma babá. Minha irmã, também! Ela é a melhor irmã do mundo. — Nico continuou comendo todo contente e Percy sentiu algo em seus olhos. O que estava acontecendo? Esse garoto não podia ser tão ingênuo, certo? Tão... feliz? Quantos anos ele tinha? Nove? Dez? Devia ser mais novo que ele próprio.

— Você não quer mesmo? Fiz tudo sozinho!

— Tudo? Você sequer alcança o fogão?

— Fiz, sim! A babá só ligou o fogão. Eu tenho uma escada que fica perto da bancada e...

— E?

— Você é muito malvado. Não quero mais falar com você!

Percy não aguentou, ele colocou a mão em volta da barriga e gargalhou. Fazia tempo que ele não via uma coisa tão fofa e engraçada. As bochechas gordinhas de Nico se enchendo feito um balãozinho, os braços cruzados, os lábios num biquinho ainda mais fofo.

— Quantos anos você tem, hein?

— Eu tenho onze! Qual o problema?

— Você é tão baixinho e pequeno? Quem está te alimentando?

E de novo, Percy não aguentou. Rindo da própria piada, se deixou cair de costas na arquibancada, rindo e rindo até que seu ar sumisse e depois voltasse, um sorriso feliz permanecendo em seus lábios muito tempo após sua crise passar.

— Você está bem? — Nico perguntou numa voz pequena e suave, fazendo seu coração derreter.

Percy abriu os olhos para ver que Nico tinha se aproximado de onde ele estava deitado, sentando sobre os próprios joelhos, todo preocupado, seus olhos negros arregalados e bochechas coradas.

— Então... — Percy disse, tentando parar de sorrir. —  Estamos no mesmo ano. Como eu não te vi por aí?

— Eu te vi. — Nico disse e abaixou os olhos para o próprio colo. — É difícil não ver quando as pessoas só falam de você.

— O que eles falam?

— Que você tira as melhores notas. É o melhor nos esportes. Tem a melhor namorada. Essas coisas.

— Que namorada é essa?

—  Acho que... Annabeth Chase? Não sei direito. Cheguei há poucas semanas.

— É bom saber disso.

— Saber do quê?

— Que eu tenho uma namorada.

— Você... não sabe? — Nico entortou a cabeça, feito um cachorrinho confuso e isso arrancou outra gargalhada dele. Dessa vez, Nico riu junto. Ele parecia estar segurando o riso, mas quando Percy não parou, Nico se viu sem escapatória, se juntando a ele.

— Você é engraçado. — Nico lhe disse.

— Você que é.

E feito um garoto da terceira série, coisa que ambos eram, riram novamente, enquanto ouviam o sinal tocar. Percy nem tinha percebido que meia hora tinha se passado, o que era mais tempo do que ele costumava passar com seus velhos amigos nos últimos tempos. E o que isso dizia sobre ele, hm?

— A gente tem que ir. — Ele ouviu Nico dizer.

Eles realmente tinham. Com pressa, ajudou Nico a recolher as marmitas e o acompanhou para a próxima aula, descobrindo que Nico de fato estava na mesma sala que ele. Percy estava tão distraído em tentar se esconder que não via o que acontecia à sua volta? Bem, esse fato iria mudar a partir daquele instante.

***

— Nico.

— Hm.

— É hora de acordar.

Nico resmungou e se aconchegou mais debaixo dos cobertores. Ele estava tão cansado que sentia que precisaria de uma semana inteira para se recuperar. 

Ele se remexeu de novo, prestes a colocar o cobertor sobre a cabeça quando sentiu braços fortes rodearem sua cintura, entretanto, o que o fez abrir os olhos foi o beijo em seu pescoço, naquele lugarzinho perto da nuca que agora o fazia reagir mais intensamente do que ele achava que deveria. Era tudo culpa de Percy, culpa da forma que Percy havia o tocado na noite anterior e de todas aquelas palavras. 

Deuses! O que ele tinha feito? Nico tinha realmente dito tudo aquilo para Percy? Nico não acreditava nisso! Ele se sentou em um pulo e olhou ao redor. Ele ainda estava em seu quarto, e Percy? Bem, o idiota ainda estava a seu lado, encostado contra a cabeceira da cama e com um sorriso tão satisfeito no rosto que isso o fazia se perguntar: Será que ele tinha dito algo que não se lembrava na noite anterior?

— Então, você gosta de apanhar? 

— Percy!

— Pensei que eu fosse o único que você permitisse te fu--

— Não se atreva! — Nico admitia que estava entrando em pânico. 

— Eu me pergunto onde está o garoto que queria ir devagar, hmm?

Em outro pulo, Nico se jogou em cima de Percy e tampou a boca dele com as mãos.

— Retiro tudo o que eu disse. Tudo!

Percy lambeu sua mão e continuou sorrindo para ele até que Nico se deu por vencido, deixando que Percy falasse:

— É uma pena. A gente podia se divertir tanto… 

— Eu… eu não sei. — Nico teve que desviar o olhar, talvez ele não quisesse retirar nada, por mais humilhante que fosse.

— Bebê. Vem aqui.

Nico foi, é claro. 

Percy o segurou pela cintura e o fez se deitar sobre o peito dele, uma das mãos de Percy indo a seus cabelos imediatamente. Nico não entendia porque aquele gesto o acalmava tanto ou porque esse sentimento de ternura o fazia querer contar tudo o que não tinha dito na noite anterior. É que… ele se sentia condicionado a nunca mentir para Percy, e ele já havia dito tanto… Nico queria ter uma máquina do tempo para se certificar que nada daquilo tivesse acontecido, porque só assim teria certeza que nada entre eles mudaria.

— Eu sinto muito.

— Nico.

— Eu não devia ter ido embora. Mas quando você me disse para conhecer outras pessoas, pensei que… pensei que a gente nunca teria uma chance. Então, por que ficar esperando por algo que nunca vai acontecer?

— Está tudo bem. É minha culpa.

— Não quero saber de quem é a culpa. Quero que você diga que me perdoa e que no futuro isso não vai afetar as coisas.

— Eu te perdoo e isso não vai mudar nada.

Nico sabia que Percy falava isso apenas porque ele havia pedido, mas mesmo assim, o nó em seu estômago parecia se afrouxar.

— Promete?

— Eu prometo.

Nico se afastou o suficiente para poder olhar no rosto de Percy e o tocou ali suavemente, acariciando os lados do pescoço dele.

— Você sabe que eu te amo, não sabe? De verdade? — Nico se forçou a dizer, vendo um sorriso pequeno aparecer nos lábios de Percy.

— Por que essas declarações agora?

— Eu percebi… pensei que gostava de você porque você foi o meu primeiro amigo. Mas quando eu estava na Itália, parecia que algo estava faltando. Tentei encontrar isso em outras pessoas, sabe?

— O que você estava procurando? — Foi quando Percy tocou em seus ombros, tentando consolá-lo.

Ahg, ele não conseguia olhar para Percy quando Percy agia de forma tão gentil.

— Eu não sei! — Era uma mentira, é claro. E Percy sabia disso. — É difícil expressar o quanto você significa pra mim. Então, quando eu não te conto as coisas é porque eu não consigo, não porque eu não quero.

— Eu sei disso. Mas eu preciso que você me diga. Preciso que você me dê permissão. — Então, Percy tocou em sua nuca, puxando sua cabeça para cima, o fazendo encará-lo. E ainda assim, quando Nico se negou e manteve os olhos fechados, Percy insistiu: — Lindo. Olhe para mim.

Nico fez, ele fez porque era impossível resistir quando Percy falava com ele naquele tom firme e ao mesmo tempo tranquilizador.

— Eu entendo. Você não precisa se forçar. 

— Eu sinto muito.

— Não, Nico. Não é sua culpa.

— Não quero te preocupar.

Porque essa era a verdade. Ele sempre gostou de passar pela vida quieto e despercebido, só que Percy o anotou e não o largou desde então. Não importava quanto tempo passasse, nunca se acostumaria com a atenção que Percy lhe dava e mesmo depois de uma década, era estranho, era como se ele estivesse em um sonho e a qualquer momento iria acordar, percebendo que Percy tinha sido sua imaginação lhe pregando peças.

— Isso não vai se repetir.

— O quê? — Nico perguntou, sem entender.

— Não vou te obrigar. Apenas… me diga se você precisar. Qualquer coisa.

— Qualquer coisa?

— É claro.

— Então diz que me ama.

— Eu te amo.

— De novo.

— Eu te amo.

— De novo.

— Nico. — Percy sorriu e o beijou, o interrompendo. — O que está acontecendo? É sobre a noite passada?

— Não é nada.

— Prometo que não vou fazer aquilo novamente.

— Aquilo…?

— Eu não vou ser… tão intenso ou… você sabe.

Por que ele sentia que seu rosto estava esquentando? E já que esse era o caso…

— Por que não?

Esse era o momento que Nico mais temia. Percy ficou em silêncio e o encarou por longos segundos, sem lhe dar escolha se não encará-lo de volta. Ele temia tanto esses silêncios porque esse era o momento em que ele não conseguia mentir, e se ele não pudesse falar, não teria como desviar a atenção para longe da verdade. 

Sim, essa era a realidade, não importava o quanto ele tentasse dissimular, Percy sempre saberia de tudo no final.

— Tudo isso é por vergonha? A humilhação é demais para você? Ou é porque você gosta da sensação?

Nico não sabia como Percy conseguia falar tudo isso de forma tão séria e compenetrada. Bem, Percy estava mais certo do que imaginava. Entretanto, quando Nico ficava nervoso esses sentimentos saíam apenas de duas formas, lágrimas de ansiedade ou de risada. Então, imagina a cena onde ele começou a rir do nada enquanto Percy continuava sério e todo austero.

— Você acha que eu sou uma piada? — Percy disse e estufou o peito, fingindo estar ofendido.

— Eu nunca acharia isso.

— Eu te amo. — Então, Percy o abraçou forte e acariciou suas costas. — Não importa o que seja essa coisa entre a gente, vamos superar juntos.

Era o que Nico esperava.

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Então, como foi? Infelizmente vou ter que dar uma pausa para descansar e volto em agosto. Se eu conseguir escrever algo legal, volto antes. Até mais!


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6 months ago

Update!

Oii, como vai? Faz um tempo que a gente não conversa. No momento, estou a todo gaz! Basicamente estou traduzindo a "Não Há Lugar Como o Lar" que se chama"There’s no Place Like Home" e também revisando a "Refulgente(Amor de babá)", uma história original que eu também vou trazer aqui em forma de fanfiction; ela era originalmente uma fanfiction, mas estou tentando ganhar algum dinheiro com a escrita, tentei transformá-la em original.

A boa notícia é que estou colocando as duas versões da "Não Há Lugar Como o Lar" no AO3 aqui e aqui. Eu adicionei algumas palavras e revisei o texto. Até agora temos duas informações novas nos primeiros capítulos que já estão no ar. A primeira é que o Nico comenta no primeiro ou no segundo capítulo que a Bianca é meio irmã dele. A outra é sobre o Kronos (aqui ele vai ser bonzinho), ainda não tem muita informação sobre na história, estou pensando em fazer um extra com ele. Bemmmm, algumas ideias estão surgindo, então acho que a história vai ser alongar um pouquinho mais, porém, o enredo principal vou tentar terminar o mais rápido possível.

Eu também gostaria de pedir a ajuda de vocês! Coloquei essa história em uma plataforma que talvez no futuro possa me pagar, A Tapas. É completamente gratuito para ler os capítulos, a história está em forma de original, é claro. Se você puderem passar por lá, fazer o cadastro no site e me ajudar com inscrição e like, até um comentário se for possível, eu ficaria muito agradecida.

There’s no Place Like Home

Não há lugar como o lar

Amor de Babá

Também vou começar a escrever alguns posts sobre dicas de escrita. Na verdade, eu tinha um blog sobre o assunto, e agora vou colocar tudo num lugar só. Por enquanto é só isso. Ah, se eu de vezes em quando desaparecer é porque estou descansando do burnout que vive me perseguindo ou tentando levar meus projetos adiante. Ah, a faculdade também. Mas se vocês sentirem minha falta é só mandar uma mensagem ou ask.

Hi, how are you? We haven't talked for a while. At the moment, I'm in full swing! Basically, I'm translating “Não Há Lugar Como o Lar", which is called “There's no Place Like Home”, and I'm also revising “Refulgente(Amor de babá)", an original story in portuguese that I'm also bringing here in the form of a fanfiction; it was originally a fanfiction, but I'm trying to make some money from writing it, so I tried to turn it into an original.

The good news is that I'm putting the two versions of “There's No Place Like Home” on AO3 here and here. I've added a few words and revised the text. So far we have two new pieces of information in the first chapters that are already up. The first is that Nico comments in the first or second chapter that Bianca is his half-sister. The other is about Kronos (he's going to be nice here), there's not much information about him in the story yet, I'm thinking of doing an extra with him. Well, some ideas are coming up, so I think the story will be a bit longer, but I'll try to finish the main plot as soon as possible.

I would also like to ask for your help! I've put this stories on a platform that might pay me in the future, the Tapas. It's completely free to read the chapters, the story is in original form, of course. If you could stop by, register on the site and help me out with subscriptions and likes, even a comment if you can, I'd be very grateful.

There's no Place Like Home

Não há lugar como o lar

Amor de Babá

I'm also going to start writing some posts on writing tips in portuguese. In fact, I used to have a blog on the subject, and now I'm going to put it all in one place. That's all for now. Ah, if I disappear from time to time, it's because I'm taking a break from the burnout that keeps haunting me or trying to move my projects forward. Ah, college too. But if you miss me, just send me a message or an ask.


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1 year ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO XVIII

Oii, como vai? Então... eu não ia postar hoje, mas me deu uma vontade de escrever tão grande e eu simplesmente não conseguia parar, foi o que saiu. Também aproveitei para escrever um pouco sobre o Hades para não escrever coisa pior no futuro. Me desculpem se a escrita estiver muito apressada, é o que acontece quando escrevo muita coisa de uma vez.

Espero que vocês gostem^^

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV / CAPÍTULO XVI / CAPÍTULO XVII

Se Nico soubesse, ele nem teria levantado da cama naquela manhã. De fato, se tivesse o poder, teria voltado no tempo para o exato momento antes de brigar com Annabeth na festa e feito tudo diferente, continuaria a mentir para Percy, fingindo que estava tudo bem, mesmo que no fim do dia, era um problema a menos que ele teria que lidar. Sim, ele era o único culpado por tudo aquilo, por não contar o que acontecia com ele no momento certo e por não falar o suficiente no momento errado. No fim, Percy apenas estava fazendo o que ele tinha pedido, mas de um jeito que Nico não tinha previsto, tomando as rédeas da situação quando ele menos esperava. Um bom exemplo disso foi naquela manhã, uma segunda-feira como qualquer outra. Ou era o que ele pensava.

Nico não sabia como não tinha percebido essas coisas antes, o quanto a solidão tinha desaparecido com a presença de Percy e, em contrapartida, a reação que ele gerava nas pessoas. Nico tinha voltado há uma ou duas semanas, mas parecia que os cinco anos fora do país nunca tinham acontecido. As pessoas ainda olhavam para ele e o tratavam da mesma forma, o preconceito velado e mal escondido para quem quisesse ver. Era a cor de sua pele? A homofobia? Ou era o fato de Percy voltar a ignorar qualquer pessoa quando ele estava por perto? Era um peso que Nico não se lembrava de sentir antes. Não que ele pudesse evitar ou tivesse qualquer inclinação para fazê-lo, pois naquela manhã ele tinha acordado do jeito que sempre imaginou ser impossível, com beijos demorados e caricias que o faziam suspirar. Com abraços apertados que aqueciam sua alma e o fazia se sentir seguro. É claro que tudo isso entrou em pausa quando eles tiveram que sair da cama e ir para a escola e enfrentar o cruel mundo dos adolescentes. 

Ele mal percebeu o silêncio em volta deles até que Nico entrou com Percy na primeira aula do dia. Ele só entendeu o que acontecia quando viu Annabeth no fundo da sala, envolta de um grupo de pessoas. 

— Não liga para ela, sim? — Percy disse e levou a mão de Nico aos lábios. 

Então, tudo fez sentido. Eles estavam de mãos dadas, desfilando pela escola sem nenhuma preocupação. Nico apostava que Annabeth estava fazendo seu melhor para espalhar a nova fofoca; o jogador popular estava transando com o garoto recém-transferido, embora ele tivesse certeza que a maioria se lembrava dele.

Nico não teve muito mais tempo para pensar sobre o que as pessoas falavam dele. Percy o puxou para o outro lado da sala e se sentou com ele em uma das carteiras do canto, perfeitamente longe e protegido dos olhares curiosos. Ele queria poder dizer que não tinha conseguido se concentrar na aula, quando, na verdade, foi o contrário; os sussurros se tornaram som de fundo e quando ele menos viu, mais um dia escolar se encerrava, Nico se vendo na reflexão da janela do carro, observando a avenida cheia de árvores e lojas, o comércio agitado naquela hora do dia.

— Tudo bem? — Percy perguntou a seu lado, colocando uma das mãos sobre sua perna enquanto dirigia em direção à casa deles, quer dizer, em direção à casa dos Jackson.

— Acho que sim. A gente pode passar na minha casa? Eu queria pegar minhas malas.

— O que foi? Minhas roupas não são suficientes? 

Percy estava brincando, é claro. Ele não poderia continuar usando as camisas que ficavam escorregando de seus ombros ou suas antigas roupas, mesmo que elas estivessem muito bem conservadas.

— Per.

— Tudo bem. Eu faço tudo pelo meu bebê. — Percy mostrou a ele um enorme sorriso, como se ele tivesse contado a melhor piada do mundo e Nico decidiu ignorar. 

Cada vez que ele dizia não ser um bebê, alguma coisa acontecia mostrando o tanto que Percy estava certo. Ficando calado, Nico colocou suas mãos por cima da mão de Percy e as segurou, entrelaçando seus dedos.

— Estamos quase lá. Você quer que eu pegue ou você pega?

Era uma boa pergunta. Nico não queria encontrar Hades dentro da casa, porém fazia dias que não conversava com Bianca.

— Você entra comigo?

— É claro. Tudo o que você precisar.

Então, depois de alguns minutos, Percy estacionou o caro em frente a casa e ambos pararam na porta, o porteiro dando passagem para ele assim que o reconheceu. Nico nem tentou cumprimentar o homem, tudo o que ele queria era pegar suas coisas o mais rápido possível e falar com Bianca se ela estivesse em casa. Imagina sua surpresa ao ver o pai na sala de estar, sentando no sofá enquanto lia o jornal e tomava uma xícara de café.

— Nico, que surpresa. Pensei que você tinha esquecido onde é sua casa.

— Engraçado. — Nico rebateu. Ele nem se deu o trabalho de ver a reação do pai, e olhando para a frente, continuou seu caminho escadas acima. — Eu pensei que eu não tinha um pai.

— Garoto! Volte aqui! Nesse instante!

Claro, como se ele fosse obedecer um completo estranho. Nico continuou a andar calmamente, e mesmo ouvindo Percy trocar algumas palavras com Hades, isso não o abalou, era algo comum entre eles. Logo Percy estava a seu lado novamente, lhe oferecendo um sorriso e um ombro amigo. Sinceramente? Nico não se importava. Cada vez se importava menos. Ele já tinha uma família, e não era um homem irresponsável que o faria se sentir culpado por ignorar alguém que devia ser o primeiro a apoiá-lo. 

Sem fazer muita bagunça, Nico pegou suas malas, seus objetos pessoais e algumas caixas que haviam chegado somente agora da Itália, e deu uma volta no quarto, se certificando que tinha pegado tudo.

— É só isso? — Percy perguntou para ele, parecendo triste.

— O resto está em Verona. Eu não sabia quando tempo iria ficar por aqui.

— O que isso quer dizer?

Nico deu de ombros e verificou debaixo da cama.

— Pensei que você estaria namorando alguém. Se preparando casar, sabe? Pensei que eu voltaria para terminar o colégio e me desculpar. E depois… acho que voltar para a Itália para ajudar minha nona.

— Serio? Eu significo tão pouco? — Percy parecia magoado, mas essa não era a questão.

— Eu não esperava tudo isso.

Nico decidiu encarar Percy quando o silêncio se alongou mais do que o normal.

— Sempre esqueço o que eu fiz com você.

Não, Nico se negava a entrar nessa discussão mais uma vez. Ele se negava.

— Quer dizer… — Nico disse, tentando mudar de assunto. — Você sabia onde eu estava.

— Eu sabia. — Percy concordou. — Eu planejava ir atrás de você. Depois de me formar.

— Hm. — Nico murmurou sem saber o que dizer. Isso era algo bom, certo?

— Eu queria dar tempo para você… viver.

— Acho que não entendi.

— Não queria que você vivesse se perguntando o que poderia ter acontecido sem a minha sombra te rondando. Sei que isso é mais forte do que nós dois.

Quando Percy falava desse jeito, parecia que eles não tinham opção, como se fosse algo sem livre arbítrio. Talvez fosse. Porque se Percy tivesse aparecido em sua porta, ele teria largado tudo e teria dito sim para qualquer coisa que Percy sugerisse.

— Desculpa, eu não queria falar sobre isso de novo. Vamos, sim? — Percy disse e beijou seu rosto, tentando sorrir, antes de pegar as malas e uma das caixas, deixando para ele carregar os itens mais leves. 

Eles desceram as escadas e lá estava Hades bloqueando a passagem. Felizmente, Bianca também estava lá, ela pegou algumas coisas de sua mão e tentou sorrir para ele, exatamente como Percy tinha feito, tentando o consolar.

— Nico, precisamos conversar. — Hades disse, ainda bloqueando a porta de saída.

— Agora você quer conversar? O que você teria para me dizer?

— Precisamos conversar sobre o seu futuro.

— Futuro? Desde que seja longe de você, eu aceito.

— Eu sou seu pai. Você me deve respeito!

— Que respeito?

— Nico, por favor. — Bianca se meteu no meio deles e implorando com o olhar, continuou a falar: — Você poderia ouvir o que ele tem a dizer?

— Eu sinto muito. — Ele disse, não se sentindo nenhum pouco culpado. — Eu não quero saber dos planos dele para mim. É sua responsabilidade agora.

 — Sei que a gente errou com você e--

— Errou? — Nico balançou a cabeça, se negando a acreditar. — Eu te amo, Bia. De verdade. Mas não tenho nada a ver com a família Di Angelo. Ele é seu pai muito mais do que meu. Aproveite.

— Niccolas. Me obedeça nesse instante! — A voz de Hades retumbou pelo ambiente, profunda e rouca, feito um trovão. Talvez isso tivesse o aterrorizado alguns anos atrás, agora tudo o que ele sentia era uma profunda raiva.

— O que você vai fazer? Me bater? Esse não é seu jeito preferido de lidar com garotos desobedientes?

A cena a seguir se tornou um belo espetáculo aos olhos de Nico. Bianca ficou pálida feito uma folha em branco, Hades se enfureceu mais ainda, porém a reação mais interessante foi ver Percy congelar como a mais perfeita estatua grega. Seria essa mais uma camada de culpa para Percy “tentar não conversar com ele”?

— Está tudo bem. Vai em frente. — Nico disse quando ninguém mais se atreveu a dar um pio. — Vê se deixa pelo menos uma marca, assim fica mais fácil para entregar como prova para as autoridades. O que você acha disso?

— Você não teria coragem.

— Não? Então, tenta a sorte. — E ainda assim, quando Hades não se moveu para longe da porta, Nico foi forçado a continuar: — Você vai me forçar ou vai sair da frente?

— Seu--

— Nico, deixa comigo. Eu vou cuidar disso. — Percy disse a seu lado, o fazendo lembrar o que namorado ainda estava ali. Era estranho. Geralmente essas coisas aconteciam quando não havia testemunhas.

Era isso!

— Não precisa. Sei que Hades vai tomar a decisão certa, não vai? Principalmente com duas testemunhas presentes?

Nico, então, se virou para Hades e esperou. Hades podia ser irresponsável e violento, mas ele não era burro. 

Ainda fumegando de raiva, Hades saiu de frente da porta, mas não sem antes dizer:

— O que você vai fazer? Viver o resto da vida com o dinheiro dos outros? Mendigando por atenção?

— O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta. Logo você não terá qualquer poder sobre mim ou sobre o que pertence a minha mãe. Diga adeus a sua fortuna, querido papai.

Assim, Nico deu as costas para Hades e saiu porta afora para nunca mais voltar. Ele faria Hades pagar por tudo o que ele fez e o faria devolver cada centavo que tinha sido tirado de sua mãe.

***

Nico se sentia sortudo. De verdade.

Eles colocaram suas coisas dentro do carro há tempo de Bianca dizer que iria telefonar para ele e Percy arrancar com o carro para longe daquela casa. Agora, por que ele se sentia sortudo? Bem, ele tinha sorte de Percy esperar até que eles chegassem em casa para abraçá-lo e tentar consolá-lo. O engraçado é que ele não precisa ser confortado. Dessa vez, tudo o que ele queria era bater em alguma vez para ver se assim a tensão saia de seus ombros. O que ele fez? Se deixou ser confortado mesmo assim. Deixou que Percy o abraçasse bem forte, que acariciasse seus cabelos daquela forma que fazia seus pelos se arrepiarem e deixou que Percy o beijasse longamente.

— Eu não sabia. Eu nunca-- por que você não me disse?

— Eu sabia que você faria alguma coisa idiota.

— Ele te batia! E eu… eu fiz o mesmo!

— Eu não diria isso. Hades nunca foi tão talentoso para me fez gozar.

— Nico!

— Desculpa! — Ele acabou rindo, sentindo parte da tensão deixar seu corpo. — Eu não queria ser mandado para longe por causa dele.

— Eu sinto muito. Você teve que passar por isso também e eu nunca desconfiei. Tudo faz sentido agora. Você não gostava de ir para a sua casa ou evitava Hades a todo custo.

— Eu não queria te preocupar.

— Não diga isso. Hades nunca mais te ver. Isso é uma promessa.

— O que você vai fazer?

— Você confia em mim?

Como ele não poderia quando Percy olhava para ele tão serio e com aqueles olhos verdes intensos?

— Eu confio. Você sabe disso.

— Vou tomar conta de você. E dessa vez, vou me certificar que essas pessoas paguem pelo o que elas fizeram.

E de novo, Nico pensou em contestar. Mas se Percy queria? Quem era ele para negar? Ele sabia que não devia gostar tanto de ser colocado num pedestal ou de ser protegido como se fosse de cristal. O problema real era que ele gostava, amava ver o senso de posse que emanava de Percy. Se quer era um problema quando ele permitia que acontecesse e até consentia com as ações de Percy? Então, cansado de hesitar, Nico apenas concordou, deixando que Percy continuasse com os beijos e abraços. A melhor parte foi quando Sally chegou do trabalho com Grover e Tyson. Ele se aninhou contra o peito de Percy e se permitiu apreciar o momento, vendo a reação da família Jackson. Bem, vendo a reação da sua família, porque eram eles quem haviam oferecido um lar para ele, os vendo ir de surpresos para furiosos em menos de dois minutos. Era algo que acalentava sua alma e afagava seu senso de vingança. Por que tentar lutar contra sua natureza quando ele podia ter tudo o que queria? No fim, Nico ouviu muitos “sinto muito” e “a gente vai cuidar de tudo”, finalizando com “você está seguro com a gente”.

Nico também sabia que eles não estavam dizendo aquilo apenas para confortá-lo, mas ver o rosto deles cheio de afeto e senso de justiça fazia algo dentro dele se acalmar, uma satisfação enorme borbulhando para fora dele em forma de um sorriso. Isso não devia ser muito comum, certo? Começar a rir quando eles mostravam tanta preocupação? A verdade é que Nico já se sentia vingado apenas pelo fato de alguém saber o tipo de pessoa que Hades Di Angelo realmente era.

— Obrigado. — Ele acabou dizendo quando a família o abraçou em conjunto, Sally quase chorando enquanto Grover e Tyson tinham uma expressão seria e neutra no rosto, o fazendo se lembrar quando Percy estava tentando se controlar para não destruir o que visse pelo caminho; Percy podia ser o integrante da família que mais mostrava suas emoções, mas por trás do rosto inocente e bondoso era Tyson quem agia primeiro.

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E então, o que vocês acharam? Está divertido escrever sobre o Nico e desvendar o se passa na cabeça dele. Eu só queria deixar claro que o Nico está onde está porque ele quer e não ser submisso demais. Eu não sei se essa semana ainda tem mais capítulos e não sei quando a tradução chega. Mas vocês sabem, quantos mais comentarios mais incentivo para eu escrever.

Obrigada pela presença!


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2 years ago

Relato de uma Suicida #original

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Sinopse: Esse é meu relato. Um relato de uma alma perdida e torturada, já esquecida pelo tempo. Quando você a achar, já não estarei aqui. Só peço que você leia, me entenda e não conte para ninguém. Porque no fundo ninguém gosta da verdade.

Carta a Alguém

Dói muito. Não me deixe ir, por favor. Onde você está? Não deixe com que eu me afogue, eu não aguento mais. Quanta dor alguém pode suportar? Quantas frustrações e desespero são necessários para que o alívio venha? Talvez eu nunca saiba, embora o conhecimento desse fato me liberte de alguma forma

Sim, foi o que você leu. Morte. A doce e serena paz.

Mas eu quero que você entenda, chegou um momento em que foi insuportável continuar, então eu fiz o que nunca tinha pensado, o que meus pais e amigos nunca perdoariam; tomei um vidro inteiro de calmantes e me deitei sob o manto majestoso da água, esperei que até que ela fizesse seu trajeto e que em sua dolorosa lerdeza, entrasse por meus pulmões e trouxesse a liberdade que eu precisava. E por um mísero momento foi puro êxtase, sentia que minha hora finalmente chegava; meu corpo tremia de excitação e meu coração disparava, eu estava tão perto, enfim teria meu descanso.

Mas, então, havia você.

Você não deixou, me resgatou da minha felicidade eminente, da minha paz, do único sossego que eu poderia ter.

Mas, você… você não tinha o direito. Abriu a porta do banheiro e apenas tomou minha vontade de viver em suas mãos, tratando como se fosse a sua própria, me puxou para cima em direção a superfície e para fora da água, liberando meu pulmão para que o oxigênio pudesse circular.

Você não tinha o direito.

Ainda me lembro de suas palavras ríspidas e mãos desesperadas percorrendo meu corpo em busca de um pulso, de qualquer sinal de vida; um doce momento de agonia, um maldito momento de sorte; com o primeiro folego de ar circulando meu corpo veio a dor, minha garganta queimou e minha vergonha apareceu, eu não pude olhar nos seus olhos, não pude te encarar, mas lá estava você, sua voz rouca de tanto gritar me pedindo para voltar, me pedindo para acordar. Entretanto, eu não queria, e por um longo tempo tive minha paz. Mas como eu poderia continuar dormindo se você continuou ali, do meu lado, segurando minha mão? Implorando dia após dia ‘você tem que acordar, querida. Volte para mim.’ E foi o que fiz, abri os olhos e a luz branca do quarto de hospital me cegou por um momento, porém sua mão na minha me trouxe de volta como ela sempre trazia. Eu olhei para você e sorri, era bom sorrir novamente. Você me disse ‘oi’ e aquela simples palavra o suficiente para trazer lágrimas aos meus olhos, iguais aos seus. Eu suspirei e continuei olhando para você porque era a única coisa que eu poderia fazer, porque eu estava viva e que porque alguém se importava. Foi o dia que eu entendi, eu precisava de ajuda. Você não precisava me dizer outra vez, eu sabia que precisava. Eu estou aqui, não estou? Em meio a seus gritos e suplicas de amor. Estou aqui enfim pedindo abrigo, de peito aberto e cabeça baixa, da forma mais clara e concisa que eu poderia usar.

Não era essa a sinceridade que você tanto pediu? Essa é minha tentativa de te dizer. Quero que você saiba de tudo, o que passei e o que ainda vou passar. EU preciso de você, preciso do seu corpo quente para me esquentar nas noites escuras e do seu ombro para chorar quando o mundo for um lugar grande demais para mim. Espero que não seja tarde demais e que você saiba que não importa o que o aconteça comigo, mesmo que eu faça tudo errado e acabe por mudar de uma forma irreversível e irreconhecível, que me perca em mim mesma e no meu mundinho estreito e miúdo, repleto de fantasias e monstros, onde tudo há um começo, um meio e um fim. Quero que você sabia de tudo isso e que possa me perdoar. Você vai ficar comigo e fazer tudo dar certo?

Eu sei que você vai, porque não é sempre o que acontece? Nessa nossa fantasia de mundo real, essa experiência momentânea que chamamos de vida? Para melhor ou para pior, é tudo o que temos. Eu queria poder dizer o que acontece a seguir. No enredo perfeito eu saberia exatamente como termina a nossa história, você seguraria minha mão e juntos continuaríamos nossa jornada, sem dor ou obstáculos, porque enfim chegaríamos ao nosso almejado final feliz.

Será que depois de tudo isso você pode entender? Será que pode me perdoar? Eu nunca saberei ao certo, pois você não me diz nada. Mesmo você estando ao meu lado nesse exato momento estamos há galáxias de distância. Você pode me escutar? Pode escutar meu coração batendo rápido cada vez que você me olha? A cada vez que segura minha mão? Como ela treme e eu finjo que nada acontece?

Você sabe o que faz comigo?

Não, eu não peço muito. Será que você pode fazer isso por mim? Só preciso de uma migalha, de uma promessa, só uma, apenas uma garantia de que tudo vai ficar bem e você vai continuar aqui, num gesto que pode salvar vidas, que pode salvar a minha vida. Me prometa que quando as coisas ficarem difíceis você não vai pensar em nada além de me estender a mão, sem pretensão ou obrigação alguma, só porque você quer. Você vai me segurar em seus braços e dizer que tudo vai ficar bem? Eu preciso saber.

Então, pense bem, apenas por um momento. Você vai me salvar?

Me prometa. É só o que eu peço.

E não se esqueça, não importa o quão longe eu pareça estar e o quão isolada eu deseje ficar, apenas se deite aqui, bem do meu lado, onde nenhum monstro possa nos alcançar. Palavras não são necessárias, muito menos atos grandiosos. Apenas se deite ao meu lado, me abrace bem forte e beije meu pescoço. Só isso. Eu vou respirar fundo e fingir que não há nada a temer, que os monstros atrás da porta, me torturando lentamente, são só isso, ficção da minha mente, ilusões ocas sem sentido. Mas, veja bem, seu eu jogar isso tudo fora o que me restará? Migalhas de sentimentos? Meios-termos nunca completos?

Eu acho que não. Eu seria apenas mais um copo meio cheio, meio cheio de nada, cheio de vazio. É por isso que pego esse meu relato e guardo para mim, bem escondido no fundo do guarda-roupa para que ninguém perceba, ninguém além de você, quando o peso do mundo me obriga a mostrar o que há dentro de mim. Afinal, quem iria quer uma coisa tão quebrada, tão sem uso como eu? Pois, agora, enquanto me deito entre seus braços no fim do dia, não me resta nada além de me contentar com o que eu sou. Espero que no fim, você ainda me queira pelo menos uma fração do que eu te quero.

Esse é o meu relato.

Ei, como é que vai? Foi meio pesado, ne? Eu sei. E não se preocupe, estou bem. Esse foi um conto que escrevi nos anos de 2010 a 2015. Sabe aquela musica “How to save a life, do The Fray“? Foi inspirada nela. As vezes, é interessante escrever algo diferente, algo que você pode experimentar sem ter que se tornar real. Espero que essa história possa te proporcionar isso.

Até a próxima!


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1 year ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - A volta!

Oii, como vai? Consegui escrever algo antes do que eu esperava! Por isso hoje trago uma parte do próximo capítulo (o que eu consegui escrever hoje!)

Então... eu acabei não excluindo nada! Eu sei! Eu revisei tudo e meio que gostei do resultado? Não era sobre isso, mas acho que agora é? srrsrs Enfim, desculpa pela confusão. O importante é que ainda tenho algumas ideias interessante para a história. Conversamos mais nas notas finais, enquanto isso, fiquem com o capítulo de hoje.

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV / CAPÍTULO XVI / CAPÍTULO XVII / CAPÍTULO XVIII / CAPÍTULO XIX / CAPÍTULO XX / CAPÍTULO XXI

— Bom garoto. Tão obediente. — Nico fechou os olhos bem apertado e se negou a responder, sentindo seu corpo balançar com o efeito do orgasmo.  

Não que ele fosse capaz no momento. Não, Nico acha que nunca tinha gozado com tanta força em sua vida, e ouvir Percy falar assim com ele, o fazia estremecer ainda mais. Nico achava que nem o próprio Percy sabia o que essas palavras faziam com ele, o tom de voz aveludado e agora o toque suave que o acalentava depois de algo tão intenso. Não era apenas isso, era a forma como Percy falava com ele, como se Percy realmente estivesse orgulhoso; era a forma que Percy olhava para ele, o analisando friamente dos pés à cabeça e, ao mesmo tempo, com aquela fome no olhar que o fazia querer obedecer a cada ordem. Ele não conseguia lidar com isso, então, era melhor apenas se sentir grato por esse momento estar acontecendo. 

— E, então? — Nico ouviu Percy dizer, o sentindo tocá-lo e massagear seus braços, chegando em seu pulso para enfim abrir a algema. Engraçado, para quem tinha medo de ser preso, ele nem hesitou quando Percy sugeriu. 

— Então, o quê? — Nico murmurou, ainda ligeiramente desorientado. Ele nem mesmo conseguiu levantar os braços, permitindo que Percy continuasse a massagear a pele avermelhada. 

— Foi bom ou ruim? 

— Hmm? 

— Você gostou do que eu fiz? 

Não era obvio? 

— Eu gozei duas vezes. 

— Não quer dizer que você tenha gostado. 

— E você, gostou? — Nico rebateu, tentando se mover, o que apenas o fez cair para trás feito uma jaca podre. 

Quando Percy não respondeu, Nico olhou para ele. Era bem claro o que acontecia, Percy e seu complexo de mártir. A verdade que é ele tinha gostado, ambos tinham, e isso parecia ser um problema para Percy. 

— Eu gostei, tá bom? Quer dizer, seu queixo ainda está molhado. 

Para provar a evidência do crime, Nico se esticou todo, gemendo de dor em seus músculos e passou os dedos no rosto de Percy, mostrando o líquido a Percy. 

— É, eu acho que sim. — Mas Percy ainda tinha aquela expressão analítica, quase rígida demais, como se estivesse se preparando para dar a próxima ordem, o que se tornou verdade no final. — Fique aqui. 

— Para onde eu iria? 

— Com você eu nunca sei. Só não… fuja. Tudo bem? 

— Eu disse que não vou fazer isso de novo. Até quando você vai me culpar por isso? 

— Eu sinto muito. — Percy tentou sorrir, e quando isso não funcionou, ele deu as costas a Nico, que caiu mais uma vez nos travesseiros.  

Parecia que Nico não era o único traumatizado pelo passado. O que ele podia fazer? Essa era a história deles, às vezes feliz, outras, problemáticas. Nico não trocaria o que viveram por nada nesse mundo. Onde ele estaria se não tivesse conhecido Percy em um banheiro público de escola? O que ele teria feito se Percy fosse igual aqueles garotos? Pelo menos, eles não estariam nesse impasse. Será que se… que se ele forçasse as coisas só um pouquinho, Percy veria que não havia motivo para tanta culpa? Afinal, Percy sempre gostou da verdade e de coisas bonitas… 

— Nico.  

Se assustando, Nico viu o rosto de Percy perto demais e segurou nos ombros de Percy, o afastando. 

— No que você anda pensando, hmm? Conheço bem essa carinha. 

— Não sei do que você está falando. 

— Você não está aprontando, está? Se comporte. 

— Eu sempre me comporto. — “A não ser quando eu preciso”, Nico pensou, colocando sua expressão mais inocente. 

— Vou acreditar em você.  

Percy se sentou a seu lado e começou a limpá-lo. Em seu peito, abdômen e então no meio das pernas, suavemente deslizando uma toalha umedecida, chegando em sua entrada. 

— Você não precisa fazer isso. 

— Eu quero fazer. — Percy murmurou, o beijando no rosto. — Você tinha razão. Eu estava ausente, prometo que vou te recompensar. 

— Que tal começando agora. Me deixa te chupar? 

— Como isso pode ser uma recompensa para você? — O importante nisso tudo é que finalmente Percy tinha sorrido, acariciando seus cabelos. 

— Isso é um sim ou um não? 

— É um talvez depois. Agora, está na hora do bebê tirar uma soneca. 

— Eu não sou um bebê. 

— Então por que você está bocejando no meio da tarde? 

Era uma boa pergunta.  

Nico só deixou que Percy o cobrisse porque ele tinha se deitado a seu lado e o abraçado bem forte, também entrando debaixo das cobertas junto com ele. 

*** 

Por algum motivo, Percy se sentia exausto. Ele se permitiu relaxar no travesseiro contra as costas de Nico e fechar os olhos, apenas por um momento, apenas o suficiente para sentir o peso sair de suas costas. Era um peso metafórico, é claro, um peso que ele nem sabia estar ali. Percy nunca imaginou que a culpa poderia drenar alguém a ponto de afetá-lo fisicamente. As coisas também eram assim no passado? Percy não conseguia se lembrar. Esse era um mal hábito que ele tinha desenvolvido, outra muleta psicológica, ele sabia. Percy se esquecia e guardava a sete chaves no fundo da mente tudo o que fosse traumático ou frustrante. 

Quer saber? Ele tinha decidido não pensar no que fosse ruim ou bom, bem ou mal, e se concentraria no que fosse o certo para eles. Eles estavam confortáveis com isso? Ótimo! Parecia divertido? O fazia se sentir bem? Então, seria o que eles fariam. O que adiantava fazer o que era considerado como “normal” se isso causava tanta dor, e não do tipo que Nico parecia gostar? Era melhor se ele falasse com a mãe, só para tranquilizá-la, Percy sabia melhor do que ninguém que Sally o perturbaria até que ele falasse com ela. 

Se sentindo cansado mais uma vez, Percy saiu debaixo das cobertas, tentando não acordar Nico e viu algo caindo no chão. Ele deu a volta na cama e ali no meio do caminho estava o diário que ele tinha dado a Nico. O diário estava aberto no início das primeiras folhas e tinha uma caneta presa, marcando a página.  

Ele também já tinha se esquecido disso. Felizmente, parecia que mesmo ele sendo uma pessoa horrível, Nico ainda era o mesmo doce garotinho, sempre o obediente. Sim, Percy pôde ver que Nico já tinha escrito algumas palavras e tinha personalizado a contracapa: 

DIARIO DO NICO  Se perdido, devolver para o Percy! 

Percy teve que rir, já se sentindo leve. Tinha até uns desenhos bonitinhos de corações, anjinhos e diabinhos ao redor das letras. Entretanto, o que realmente chamou sua atenção foi a página em que a caneta estava presa.  

“Eu adoro aquele tipo de espaço mental em que eu quase flutuo, quase delirante, sabe? Minha cabeça fica leve e eu não faço ideia do que quero fazer, só quero fazer o que você quiser que eu faça. Na maioria das vezes, tudo o que sei é que quero ser fodido com tanta força que eu mal consiga falar e tudo o que eu consiga fazer seja pequenos gemidos quando você me perguntar alguma coisa.”  

“Eu quero o tipo de sexo que deixa marcas nos meus quadris e a forma das suas mãos na minha pele. O tipo de sexo que deixa o meu peito coberto de mordidas e as suas costas cheias de arranhões. Quero o tipo de sexo que faz o meu corpo doer e pulsar e que me faça te sentir entre as minhas pernas no dia seguinte.” 

Esse era um trecho que parecia se destacar das outras páginas, algo escrito às pressas, em garranchos despreocupados, á tinta preta e sem decorações ao redor, como se Nico não quisesse passar muito tempo com aqueles pensamentos e só precisasse despejá-los no papel. Esse foi o real motivo que o fez encarar aquelas palavras por longos momentos, estático, parado no meio do quarto com Nico ainda dormindo tranquilamente, sem nenhuma preocupação.  

Era impossível não comparar os dois estilos tipográficos. De um lado da folha, vinhas e arvores que pareciam se entrelaçar até os céus, acompanhados por linhas de poemas, simples e bonitas, do outro, uma prosa desajeitada e vulgar, permitindo a Percy ver os dois lados de Nico que ele raramente via juntos. Tinham outros desenhos, é claro. Um demônio e um anjo que ocupavam uma página inteira, descrições de personalidade e características físicas, algumas poucas linhas de narração que na página seguinte eram interrompidas por mais garranchos com pensamentos soltos. 

“Quero que você me abrace e me toque,   quero que você me faça sentir seguro e pequeno,   feito o bebê que eu nego ser.   Quero que você me diga quando ninguém estiver vendo "Como está o meu garoto? Ele se comportou?"   Quero ter regras e ter que pedir autorização.   Quero ser disciplinado quando não faço o que você me mandar.” 

Percy teve que parar de folear o diário e olhar para Nico dormindo cama. 

Ele... porra! Ele queria fazer tudo isso, queria fazer todos os desejos de Nico se realizarem. E sabe por quê? Eram os mesmos que os seus. Cada palavra e confissão parecendo ser algo que ele faria se culpa não o tivesse impedido até aquele momento. Será que essas fantasias realmente eram de Nico. Ou será que era algo que Nico tinha escrito para se vingar dele? Ou, pior ainda, era o que ele tinha levado Nico a acreditar que ambos queriam? Mas, ao mesmo tempo, Percy conseguia reconhecer Nico em cada linha, seja desajeitada ou elegante, misturado a influência que ele tinha sobre Nico e outras coisas em que ele não esteve presente para moldá-lo. 

Sinceramente? Percy estava aliviado. Saber que Nico tinha tido outras experiencias e conhecidos outras pessoas e que mesmo depois de tudo isso ainda revolver voltar para ele, tirava mais uma parte do peso que ele nem sabia que levava. Entretanto, a questão importante era: Como ele poderia fazer... tudo isso sem passar dos limites? Como ele poderia se certificar que Nico não sairia disso o odiando de verdade? 

Ele... Percy precisava de ajuda. E de algumas coisas, também. Algo que fizesse Nico entender a seriedade da situação, do quanto ele desejava que Nico permanecesse seguro e feliz. Parece que esse era o momento de agir. 

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Então, para os próximos meses pretendo terminar essa história. Eu estava pensando no que fazer. Será que eu devia entender um pouco as coisas e desenvolver bem a relação D/s deles ou dar uma resumida? Eu tenho o fim do enredo, agora só preciso escrever srsr Seria melhor algo até umas 100 mil palavras ou estender para além disso com uns 120 a 150 mil? Gostaria muito de saber sua opinião, já que são muitassss palavras.

Te vejo na semana que vem com uma surpresinha. Alguém consegue advinhar?

Logo retomaremos a versão em inglês.


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auroraescritora - Aurora Escritora
Aurora Escritora

Sejam bem-vindos! Olá, esse é meu blog pessoal. Escrevo fanfics Pernico/Nicercy e orginais, e reblogo alguns posts de vez em quando. História Atual Não há lugar como o Lar - versão em Portugues There's no Place like home - English version Resumo: Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro. Se você quiser saber o que eu escrevo, siga a tag #my writing

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