NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO XXIX

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO XXIX

Oii, como vai? Mais um capítulo!

Eu já disse por aqui que o Percy não é uma pessoa tão boa assim? Pois é, o Nico também não. Mantenham isso em mente para os capítulos futuros.

Sem nenhuma revisão.

Boa leitura!

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV / CAPÍTULO XVI / CAPÍTULO XVII / CAPÍTULO XVIII / CAPÍTULO XIX / CAPÍTULO XX / CAPÍTULO XXI / CAPÍTULO XXII / CAPÍTULO XXIII / CAPÍTULO XXIV / CAPÍTULO XXV / CAPÍTULO XXVI / CAPÍTULO XXVII /CAPÍTULO XXVIII

— Depois. Eu prometo. — Percy disse, se afastando a lentos passos em direção a porta. — Não se divirta muito sem mim.

Nico não pretendia. Desde que tinha voltado da Itália raramente se divertia se Percy não estivesse por perto. Os amigos que ainda tinha por ali insistiam em dizer como Percy era o pior dos vilões e os que não diziam nada, se mantinham distantes, hesitantes e medrosos apenas com o pensamento do que Percy poderia fazer com eles.

Não era ridículo? Nico tão pouco estava interessado neles. Ele admitia sentia falta de seus amigos em Veneza, sua família, o sol escaldante, as construções centenárias e o ar limpo. Mas ele sentiria muito mais a falta de Percy, e se ficar longe de cidade natal fosse necessário, era o que faria.

A porta finalmente se fechou as suas costas, permitindo que ele voltasse a olhar para seu reflexo no espelho. Isso era outra coisa que admitia, gostava de ver aquela coleira em volta de seu pescoço; Nico podia se ver no futuro a usando sem pudor. Via ele e Percy numa grande casa no campo, o sol batendo em sua pele enquanto ele se ajoelhava, descansando a cabeça no colo de Percy, os dedos longos o acariciando como se ele fosse um animalzinho de colo. Ser um submisso não era o que ele tinha imaginado, a dor era passageira, mal se registrando em seu cérebro, e o prazer durava horas, dias se ele se permitisse. Era estranho, e as vezes, parecia errado se colocar nessas situações, deixar ser usado como Percy bem entendesse. Os olhares de pena era o que realmente o incomodava, como se a qualquer instante seus “amigos” se ofereceriam para ajudá-lo. Belos amigos esses que quando ele mais precisou, pouco ofereceram um mínimo de conforto.

Esse era o único motivo dele ter voltado, além dos ciúmes que o corroeu ao ver Annabeth e Percy tão juntos nas redes sociais. Nico não precisava passar por toda essa tortura mais uma vez, ver Annabeth pelos corredores ou as mesmas pessoas que tentaram abusar dele mais de seis anos atras. O que restava a Nico era respirar fundo e superar seu trauma, ou melhor, ignorá-los até que eles não tivessem importância. Porque, isso aqui, a coleira em volta de seu pescoço era a prova que no fim tudo valeria a pena. De alguma forma, o peso que alguns dias atras o sufocava, agora o mantinha preso na realidade; era uma promessa, um juramento que no fim tudo daria certo se ele aguentasse mais um pouco, só mais um pouco, e, então, ele poderia se libertar de tudo o que o puxava para baixo.

Bem, no fim, Percy tinha razão. Era melhor ele descansar um pouco, sair no estado em que estava apenas geraria mais preocupação e conselhos que ele não havia pedido. Se sentindo exausto, Nico ignorou o telefone que apitava, indicando que uma nova mensagem havia chegado, e se deixou cair na cama. Se arrastou até seu travesseiro, se cobriu com o edredom e fechou os olhos. Dez minutos bastariam. Talvez trinta.

***

Quando Percy voltou para casa foi direito para seu quarto, onde sabia que Nico estaria. Ele podia incentivar Nico a sair com os amigos, se divertir e ser independente, mas no fundo, gostava das coisas do jeito que elas eram; Nico sempre em casa, sempre esperando por ele feito um garoto bem-corportado deveria. E mesmo sabendo que Nico estaria na cama, ignorando mais uma vez os amigos, Percy subiu as escadas de dois em dois degraus e empurrou a porta lentamente. Como ele imaginava, lá estava seu bebê, coberto com o edredom até a cintura, dormindo pacificamente, feito um anjinho, o seu anjinho, sempre muito obediente.

Ao invés de entrar e trocar de roupa, Percy voltou a encostar a porta, deixando que Nico dormisse por mais alguns minutos. Desceu as escadas e entrou na cozinha, encontrando mãe por lá, a ajudando a guardar a cesta de legumes que haviam ganhado do fornecedor.

— Onde está Nico? Estou louca para testar aquele guisado.

— Ele está dormindo.

Esse era o momento em que Percy esperava que as reclamações chegassem, mas elas nunca chegaram.

Sally se virou para ele, andou em sua direção, e segurou em seus ombros, sorrindo docemente.

— Estou tão orgulhosa. Nico tem estado bem menos cansado e feliz. — Então, Sally endireitou a coluna e colocou as mãos na própria cintura. — Ainda não gosto de ver vocês fazendo essas coisas por trás das minhas costas, mas até funcionando.

— Por isso que você não pega mais no meu pé?

— Você está fazendo um bom trabalho. Continue fazendo isso, hm? Assim eu não vou precisar.

— Ei! Quem é seu filho aqui?

— Querido, eu te conheço. — Sally sorriu mais uma vez e deu as costas para ele, terminando de guardar os legumes, pegando outras coisas como começar o guisado.

Percy apenas sorri, dando de ombros. A verdade é que ele não estava fazendo nada demais. Era Nico quem ela deveria elogiar. De fato, Percy sentia que não estava fazendo nada de especial e que talvez eles fizessem bem um para o outro. Bem, Percy planejava fazer isso mesmo que Nico nunca mais quisesse ter sexo com ele. 

***

Quando Nico acorda o céu ainda está claro, o sol brilhando mais forte com o calor do meio-dia. Porém, o sentimento de desespero havia sumido e em seu lugar, o contentamento surgiu. Ele não abriu os olhos imediatamente, sentindo o calor aquecer seu rosto e dedos gentis percorrerem seu coro cabeludo, o fazendo suspirar.

Era Percy que o acordava. Nico reconheceria aquele perfume em qualquer lugar, a forma que Percy o tocava, a voz aveludada chamando por seu nome, o fazendo sentir ainda estar dormindo, sonhando com a casa de sua nona, onde ele e Percy estavam nas plantações de morangos, andando calmamente pelas longas fileiras de frutos, o sol batendo em seu rosto.

— Está se sentindo melhor?

Nico mal podia lembrar porque tinha estado tão triste. Então, apenas acenou. Saiu debaixo das cobertas e se engatinhou até alcançar Percy que estava sentado na cama. Sentou no colo de Percy e o envolveu com as pernas para logo em seguida abraça-lo pele pescoço, o beijando devagar, selando seus lábios juntos suavemente.

— Hmm... meu bebê quer brincar?

— Não sei.

— Você ainda está usando a coleira.

— Oh.

Era verdade, Nico não tinha percebido. No final das contas, ela nem era tão pesada assim. Embora não parecesse certo estar a usando nesse momento.

— Tira pra mim?

Ali estava, a decepção no rosto de Percy. Ele tentou esconder, é claro, por trás de um sorriso inocente. Como de costume, ignorar certas coisas até que o momento certo chegasse, sempre era o melhor a se fazer.

Sem pressa, Percy segurou em seu pescoço, e desafivelou o fecho, percorrendo os dedos por sua pele, parecendo se despedir do couro e dando boas-vindas a pele agora descoberta, colocando um beijinho entre a gargantilha que estava por debaixo da coleira e o vão entre sua clavícula.

— Tão lindo. Mal posso esperar para te ver num terno branco. Você vai usar a coleira pra mim? Vai colocar algo bonito por debaixo, hm?

Nico sentiu seu rosto esquentar imediatamente, sabendo que Percy o encarava bem de perto. Ele não tinha pensado sobre isso. Esse seria o momento onde eles verdadeiramente se tornariam submisso e dominador? Onde ele se ajoelharia aos pés de Percy e permaneceria dessa forma pelo resto de suas vidas? Nico sabia que tecnicamente nada mudaria, mas, então, por que parecia que eles estavam prestes a dar um grande passo na relação deles?

Ele teve que levantar a cabeça e encarar Percy como raramente fazia, vendo os olhos verdes brilhando com algo que Nico preferia não examinar profundamente, o sorriso ainda encaixado nos lábios bonitos, mostrando dentes brancos e perfeitos. O que fez Nico se perguntar, será que ele sabia no que estava se metendo?

— É isso o que vai acontecer quando a gente se casar? Eu pensei que era apenas uma fantasia.

— Pode ser o que a gente quiser.

Mas tudo o que Nico podia ouvir era “Vai ser o que eu quiser que seja”. E, estranhamente, esse pensamento não o assustou; não era como ele fosse se tornar um escravo sexual e ser jogado numa masmorra escura onde o sol nunca pudesse alcançá-lo.

— E se eu não quiser? — Nico enfim perguntou, tirando aquilo do peito.

Nico observou Percy continuar a olhar para ele, como se Percy não tivesse nenhuma dúvida no mundo, vendo um sorriso muito mais sincero aparecer.

— Então, a gente não faz.

— Certo.

— Mas... você não tem curiosidade para saber como seria?

— Não tenho certeza.

Nico desviou o olhar, fingindo pensar sobre o assunto. Era claro que ele tinha curiosidade. Quando ele pensava que Percy não podia o surpreender mais, uma nova avalanche de emoções o pegava desprevenido. Sentia que passaria o resto da vida sendo surpreendido, se afogando em um mar de prazer ao lado de Percy.

— Hm. — Foi tudo o que Percy disse antes de se levantar e levar a coleira com ele. Percy anda até o guarda roupa, leva a caixa preta junto e a guarda lá dentro, fechando o armário com um movimento final. — Parece que a brincadeira vai ter que ficar para outro momento.

De qualquer forma, assim era melhor. Desse jeito ninguém cairia na tentação de fazer algo além do que ambos estavam dispostos a enfrentar.

***

Percy se sentia estranhamente leve e despreocupado naquela manhã. Como era de costume, estavam todos sentados á mesa para tomar o café da manhã. Ele e Nico entraram na cozinha de mãos dadas e se sentaram em silêncio, um do lado do outro, se movendo e sincronia, ouvindo Grover e Tyson discutirem sobre algo sem importância, enquanto Sally tentava fazê-los se comportarem. O bom de viver no meio do caos era que seus pratos já estavam na mesa com um copo de suco e outro de café para cada um deles.

Ele admitia que não estava prestando atenção no que eles falavam, pois, agora, entendia porque Nico gostava tanto de ficar perdido no próprio mundinho. Não o entendam errado, Percy amava sua família, faria qualquer coisa por eles num estalar de dedos, mas, as vezes, tudo o que ele queria era um momento paz e silencio; mal podia esperar para se casar com Nico e ter um lugar só para eles.

— Per? Você não vai comer?

— Hoje não. — Respondeu sem prestar atenção, voltando a segurar na mão de Nico. Isso o fez olhar para seu bebê que o encarava com curiosidade, um sorriso discreto nos lábios, seus olhos brilhando com diversão. — Tudo bem.

Percy se espreguiçou, tomou um gole de seu café e pegou um croissant: — Satisfeito?

Ele não esperou pela resposta de Nico. Ajudou Nico a descer da cadeira, o puxou para fora da cozinha, e foi atras de suas bolças as encontrando onde Percy as havia deixado; na entrada da porta da frente, junto com a bolsa de sua mãe e as chaves dos carros. A viagem de carro até o colégio foi mais silenciosa e calma ainda, o fazendo sentir que hoje nada poderia perturbá-lo. O que mais Percy poderia querer naquele mundo além da companhia de Nico? Um beijo de bom dia? A mão de Nico sob a sua? A certeza de um futuro juntos? Percy já tinha tudo isso. Então, por mais que houvesse obstáculos, não havia motivo para preocupações.

Foi assim que Percy saiu do carro e abriu a porta para Nico, envolvendo sua cintura. Eles entraram no colégio e ignoraram os olhares, Percy se concentrando em Nico, vendo o rosto de seu bebê esquentar quanto mais ele olhava.

— O que deu em você hoje? — Nico enfim disse, permitindo a Percy ouvir sua voz pela primeira vez naquele dia. Uma voz baixa e rouca ainda do sono, acariciando seus sentidos.

Percy não diz nada, apenas leva sua mão ao rosto de Nico e fez um carinho ali, vendo os olhos de Nico se fecharem em prazer, vendo o sorriso de Nico voltar com tudo, quase o cegando, contente. Então, Nico inclina a cabeça em direção a Percy e seus lábios se encontram, mas é apenas isso, um selinho, um gesto de afeto. Os olhos de Nico voltam a se abrir e assim eles ficam, parados no meio do corredor, abraçados, como se somente eles existissem.

Percy sentia como se estivessem conversando através desses olhares e sorrisos. O melhor era que ele entendia cada palavra. 

— Você é um bobo. — Nico diz. Percy concorda.

Mas, então, eles ouvem o sinal tocar. Era hora de voltar a realidade. Percy e Nico são obrigados a voltar a andar, seguindo em direção a seus armários, na verdade, em direção ao armário de Percy por seu o maior entre ambos; Nico tinha deixado de usar o seu há anos atras, mesmo antes de ir para a Itália. A maioria de suas aulas eram as mesmas, então, eles dividiam os livros, os professores há tempo tinham desistido de separá-los. De fato, suas notas estavam tão boas que os professores não tinham motivos para separá-los; e Percy tinha certeza, nunca esteve tão pronto em sua vida. Era a influência de Nico, o fazendo estudar sem nem perceber. 

Infelizmente, chegando lá, sua bolha de contentamento foi quebrada.

— Ora, ora. Vejam quem temos aqui? O casal de ouro?

Percy bufou, prestes a dar meia volta e aparecer na aula sem seus livros, quando Nico segurou em seu braço. Com apenas um olha de Nico ele entendeu tudo. Certo. Eles iriam pegar seus livros e cadernos, e iria para aula, como o esperado. Percy tomou a frente. Andou o resto da distância até o armário quatorze, pegou o que tinha que pegar e o fechou, batendo a porta com força que o necessário.

— Hmm... parece que alguém está tenso. Eu conheço uma forma de te relaxar. Porque a gente não se encontra mais tarde?

Isso era demais para Percy. Ele levantou a cabeça e encarou aqueles olhos cinzas e frios, respirou fundo e abriu a boca quando sentiu mãos gentis segurarem em seu braço. Nico o encarava de bem perto, seus olhos negros furiosos o dizendo mais do que suas palavras poderiam. Annabeth não merecia nem mesmo seu nojo e desprezo. Ótimo, Percy faria o que Nico estava pedindo.

Percy não voltou a olhar para ela, decidindo por beijar o rosto de Nico, tentando acalmá-lo, e o abraçou pelos ombros o levando para longe. Logo Annabeth seria apenas a lembrança de uma garota invejosa e inconveniente.

Eles entraram em sua primeira aula do dia, colocaram seus cadernos e livros sob a mesa e se sentaram. Logo as provas começariam.

Ahhh finalmente estamos chegando no fim! Espero que vocês estejam gostando. Comentários são sempre bem-vindos. Até a próxima. Provavelmente ainda essa semana.

More Posts from Auroraescritora and Others

4 months ago
Olá, Como Tudo Bem? Esse é O Primeiro Post Do Projeto "Escrevendo Histórias". Serão Posts Semanais,

Olá, como tudo bem? Esse é o primeiro post do projeto "Escrevendo histórias". Serão posts semanais, as quintas ou nas sextas. Espero que eles possam te inspirar!


Tags
4 months ago
More Of Percy Being Pretty🌊

More of Percy being pretty🌊

2 years ago

Writer’s Guide to Unreliable Narrators

Writer’s Guide To Unreliable Narrators

Unreliable narrators are narrators who intentionally or subconsciously mislead the reader with their own bias and lies. I love nothing more than a narrator who deceives me. There is something incredibly charged about not being able to rely on your guide through a story. So how can we write them?

Determine What Kind of Unreliable Narrator your Narrator is.

Writer’s Guide To Unreliable Narrators

There are five kinds of unreliable narrator we see in fiction, each with their own way of leading the audience astray.

The Unstable: This narrator is usually an unstable character with problems with grasping reality or having trouble accepting it so they bend it to their own tastes. Example: Arthur Fleck in Joker & Amy Elliot Dunne in Gone Girl

The Exaggerator: the one who spins fanciful lies to embellish the facts of the story around them. Usually they embellish it in such a way to make themselves look good.

The Child: Though children can be a font of truth, they often have a way of muddling facts and being confused by certain aspects of the story they are not versed in. Example. Bran in A Song of Ice and Fire & Scout Finch in To Kill A Mockingbird

The Biased: The biased Narrator is usually an outsider. They enter the world with preconceptions of the world and/or characters around them. Usually they get disabused of their biases by story’s end but not always. Example Damen/Damianos of Akielos in The Captive Prince Trilogy

The Liar: The Liar is simply just a liar liar pants on fire. They twist the narrative and outwardly lie about their actions and the reactions of others. The liar is self-serving, usually narcissistic. Example Cersei Lannister from A Song of Ice and Fire.

How to Write Your Unreliable Narrator

Writer’s Guide To Unreliable Narrators

The thing you must remember is that your audience immediately trusts your narrator, they have no other choice. It is a given. However, it is your job to break that trust.

Allow the narrator to outwardly lie. Let them spout half truths or full out lies in the narrative. The audience will take what your character says as the gosphel until slapped with a conflicting account or detail. It provides a wham to the story that becomes a turning point. Perhaps the best example of this is Amy Elliott Dunne in Gone Girl (I recommend). She introduces herself as a sweet housewife who loves her husband despite her fears over his temper. However, in the section of the book she narrates she quickly flips Nick’s account of the events leading up to her disappearance, turning the audience on their head so fast none of us have a chance.

Allow the character to mislead your audience with the absence of details. Your story is one big chain, omit a link and the thing is useless & subject to the questioning you want to draw out of the audience. For example, Daenerys Targaryen believes wholeheartedly that the house with the red door is in Braavos. However, she vividly remembers a lemon tree outside her window and sunsine. But lemon trees cannot grow Braavos and it is notoriously damp and cold. #lemongate

Speak to your audience through the events of the story, bypassing the narrator to get through to the audience. Sometimes the best reveal that the narrator cannot be trusted is showing the audience evidence that they are either not seeing what’s happening or they are ignoring it. For example in Captive Prince, it is almost explicitly suggested that the Regent molested his nephew Laurent as a child. If one ignores Damen’s narration, the signs are there to see from Laurent’s reaction to his Uncle’s presence and in some of Laurent’s words. Damen chalks this down to Laurent being a brat and the Regent just being a villain. He has to be told despite the audience realising or at least suspecting it from the second book onward.

Play off your secondary characters. Use the characters around your narrator to disprove their account if the story and completely flip the story on its head. Usually, I trust the secondary characters when it comes to Unreliable Narrators. For example, Cersei Lannister gets her own POV in a Feast of Crows. Up until this point she has been very mercurial in her reactions in the first few books, to the point where other characters and the audience are confused about who the real Cersei is: the shrewd polictian or the wine mom with way too much faith in herself and her spawn. In truth, Cersei is incredibly paranoid about those around her and she thinks herself the cleverest player in the game. However, from others such as Tyrion, Tywin, Littlefinger and the members of the Small Council (who yes, all have a touch of misgyny to their criticisms of Cersei but really most of their points have a point since she is mad as a box of frogs) we see that Cersei tends to make enemies out of allies, assume the worst in others and make political choices to spite others or to put her faith in those who offer her little more than flattery.


Tags
2 years ago
I Sit With My Grief. I Mother It. I Hold Its Small, Hot Hand. I Don’t Say, Shhh. I Don’t Say, It’s
I Sit With My Grief. I Mother It. I Hold Its Small, Hot Hand. I Don’t Say, Shhh. I Don’t Say, It’s
I Sit With My Grief. I Mother It. I Hold Its Small, Hot Hand. I Don’t Say, Shhh. I Don’t Say, It’s
I Sit With My Grief. I Mother It. I Hold Its Small, Hot Hand. I Don’t Say, Shhh. I Don’t Say, It’s
I Sit With My Grief. I Mother It. I Hold Its Small, Hot Hand. I Don’t Say, Shhh. I Don’t Say, It’s

I sit with my grief. I mother it. I hold its small, hot hand. I don’t say, shhh. I don’t say, it’s okay. I wait until it is done having feelings. Then we stand and we go wash the dishes.

– Callista Buchen, from Taking Care


Tags
art
1 year ago

THERE'S NO PLACE LIKE HOME - PERCY/NICO AU HIGH SCHOOL - CHAPTER II

Hey, how's everyone doing? I wasn't going to post it so soon, but since I had some time over the weekend, here it is. I'm sorry if there are any mistakes.

Good reading!

Previous chapters: CHAPTER I

“How did you like the first lesson?” Percy had to ask, only to see the expression of annoyance cross Nico's face, something cute between a grimace and a purse of lips. He knew what the answer would be, but nothing could compare to seeing it all in person. No one could blame him if Nico had become a lot more expressive in recent years, as if the boy had given himself the right to feel and express himself however he wanted, without any kind of fear or hesitation.

"It was normal. I think. I'm a little behind, but nothing some reading can't fix." Nico shrugged and continued walking beside him, running his hands through his own hair and throwing it back, preventing it from falling into his eyes; long hair that seemed to shine in the sun, long and black, but not like he would in the past, it was a more expansive and relaxed gesture that Percy couldn't say how he could differentiate. In the end, Grover had to be right. He was obsessed. He always were.

"Hungry?”

"Not much.”

But even so, they walked through the cafeteria side by side, walking between the tables and benches until they reached the cafeteria counter Percy couldn't help but notice, it felt like they were being paraded, if only by the way people were looking at them; whether they were looks of admiration, envy or disgust, it was hard to tell them apart, he was too busy staring at the profile of Nico's face, especially when Nico brought his fingers to his mouth and bit them lightly, looking indecisive.

“What are you going to order?” Nico asked, finally looking up at him.

“A juice is fine. How about sharing a pie?” He knew that the one with vegetables and cheese was Nico's favorite.

And just to prove his point, Nico smiled and waved, ordering a milkshake for himself.

It was all so familiar that Percy felt his heart sink. Why did that hurt so much? Shouldn't he be happy to have his best friend back? Well, Nico seemed to be very happy with his milkshake and half of the vegetable pie now that they had found an unoccupied place to sit, a faint flush of happiness spread over his dark face, intensifying with every moment he continued to watch Nico eat.

"Aren't you going to eat? It's just as good as I remembered.”

“Nico.” Percy complained, frustrated.

"What is it?”

"Could you eat with less pleasure?"

Certain things never changed. Nico looked at him with his mouth around the straw and smiled, sucking the ice cream heartily. Percy just shook his head and looked away, taking the first bite. And Nico was right, the pie still tasted the same, the dough smooth and soft, the cheese melting in your mouth and the gratin crunchy on top. Since Nico had been gone, he hadn't had the heart to eat that pie, it brought back memories he preferred to leave behind.

“Per-cy.” Nico called out to him, practically humming, smiling, resting his head in his hands and blinking slowly at him, his bright black eyes distracting him for a moment.

“Hm?”

"Shouldn't you eat with your friends?"

"Why?”

“They're looking at us.”

Maybe it was true.

Percy shifted his gaze towards them quickly and returned his focus to Nico. They weren't important, even if he felt trouble looming for the simple reason that Annabeth was among them. Annabeth, Thalia, Luke, Grover, Chris and Clarice. All of his and Nico's old friends. And okay, maybe it wasn't right to keep Nico all to himself when he wasn't the only one who missed him.

"Do you want to talk to them?"

“Nah. Later. What I want to know is, who are you seeing?”

"What? I’m not--"

“Annabeth or Luke?”

"I’d never!” When Nico scowled unimpressed, Percy confessed, “Okay! We had a thing, but it's a thing of the past. I'm free as a bird.”

"Are you sure?”

"I promise.”

“Why don’t I believe you?” Then, Nico leaned back against the back of the bench and crossed his arms. "I'm not going to get a little surprise from your ex-boyfriends, am I?"

“Why would that happen?”

"The way things are looking…”

Percy couldn't pretend any longer, he smiled at Nico and leaned towards the boy, holding his hands and brought them to his own lips, kissing them for a long time: "I promise nothing will happen. I'm not that kind of man.”

“Hmm, I know. Am I supposed to know anything else?”

“I only have eyes for you, darling.”

That made the flush on Nico's cheeks come back in full force. Maybe it was because he was still holding Nico's hands or maybe it was because they were sitting side by side in the middle of all those people.

After that neither of them spoke again and no one approached them, which didn't affect them at all. They continued to eat and hold each other's hands until the bell rang, and they had to split up; Nico would go to history class and Percy to advanced math, and Percy like the perfect knight that he was, led Nico into the correct classroom, for a moment thinking about acting like the cliché Nico had accused him of being and kiss him right there where anyone could see. In the end, he decided to give him a long, tight hug before letting Nico into the classroom. The good news was that they would have their last class together, advanced physics.

***

Percy had barely set foot inside the room when a barrage of voices surrounded him. It seemed that everyone had something to say about the newly transferred Italian boy, as apparently, he was the only one who knew about Nico's return.

"I told you!" One of them said.

"Who would say.” Another commented with far less enthusiasm.

And Percy? Well, he didn't care what they had to say. He walked calmly to his desk, took his books out of his bag and looked straight ahead, like the model student he never was. What could Percy say? Daydreaming about Nico was far more pleasant than feeding more gossip.

"Dude! You can’t do this to me.” It was Grover, once again, who now sat beside him and put his hand on his shoulder, squeezing it and looking proud for some reason. It wasn't Grover's words that irritated him, it was his tone of voice; it was pure mockery. “You have to tell me everything.”

"And here I thought cheerleaders were gossips." Percy returned.

“Percy!”

“It’s alright.”

"It’s alright? Aren't you forgetting anything?”

"Like what?”

“Since when are you and Nico still speaking?”

“We always have been. Since the age of eleven.”

"But how! Was he not in Italy?”

"And?”

"Dude." This time who spoke was Luke who was nearby just listening. “I feel used.”

That was a joke! The boy with the biggest cheating record he had ever met, feeling used! And just because they had something quick during Nico's absence?

"I thought we had something special." But when Percy turned to Luke, his friend had a strange glint in his eyes and a smile like he was about to do something. "You know who wouldn't like to hear that?"

“Annabeth.” Grover completed for him, now much quieter so that only he and Luke could hear.

"What I have to do with it? She's not my girlfriend.”

"Are you sure about that? Annabeth doesn't seem to think the same.”

"That's her problem, not mine."

“Dude, this is going to be a problem. Don't say I didn't warn you.” Luke said and touched his arm, pretending to be understanding.

"How about you mind your own business?"

"If I were you, I'd be careful. I remember how helpless little Nico used to be. And nobody wants that to happen again.”

Percy looked closely at Luke, trying to decide if this was a threat or if it was a reminder of what Annabeth was capable of to get what she wanted. In the end, he decided it was just a warning, because in the past Luke had been one of the few people to defend Nico when he couldn't. He just hoped the past wouldn't repeat itself.

***

Nico felt he should’ve done the rational thing and left after the music club was over, like any normal person would do. But there he was, walking through the now empty halls with his guitar and backpack in hand, heading towards the uncovered court that was further down the far end of the school's grounds. Wasn't he the perfect cliché? The new kid going to meet the cute and popular boy after school just because that same cute boy asked him to. Now it was too late. He’d already crossed the entire school and was sitting in the stands, putting the guitar into his lap while he strummed some loose notes. He was an idiot, he had avoided this kind of gesture for so long only to fall into his own trap without even realizing it.

What could he do but let things roll and see where they went? He shrugged and took a pen and notebook out of his bag, jotting down notes and possible melodies. It didn't take long, soon he heard the noise of a ball hitting the ground and footsteps running close to where he was sitting. He looked up and there was Percy, bouncing the ball down and looking up at him, his smile almost reaching his ears, as if the most wonderful thing was happening just because Nico was there. That was why he couldn't say no to Percy, how could he when someone smiled at him like that?

“Nico.” Percy said, as if tasting the name on his lips like the tastiest candy. "Another ten minutes? It’ll be fast.”

Nico shrugged and tried not to meet Percy's eyes, knowing his face had to be hotter than a pepper, preferring instead to enjoy his bare, defined shoulders and arms.

“Okay, I'm not in a hurry.”

"I can see.”

In the end, Nico had to finally face Percy. There was something in his voice that made Nico want to pay closer attention.

“What?”

“Are you writing a song?”

"I think so.” Without realizing it, he had even written a few words to accompany the melody.

"It’s about me?”

"Could be.”

How sincere of him. This could only be a habit, it was so normal for Nico to say whatever came to mind without needing to police himself around Percy that these truths would come out without permission.

"Beautiful.” Now Nico was confused. What was beautiful? The music or… something else?

Percy smiled once more and the doubt was soon gone. He wondered since when Percy's smiles expressed so many things and how each of them was so clear to him, like a perfect, complete, error free language.

"So, after school?”

“I know a place you'll love.”

"Do you know me that well?" Another smile and a nod, as if Percy were saying, ‘Of course, silly.’

He rolled his eyes and turned his attention to his guitar.

"Don't you have practice?"

“Nothing is more important than you.

Nico would have liked to say that they were friendly words and that Percy was joking, but he had spoken with such resolution and confidence that Nico believed him. You know, Percy was a great communicator, sometimes the smiles would dessapear, as if Percy wanted there to be no misunderstandings. It was in those moments that Nico liked to pretend that he hadn't heard a thing, that he hadn't understood, or that nothing had happened. It’s easier when these things happened over connections where thousands of kilometers separated them, but here, less than five meters away? It made his heart race and his palms sweat.

"Hurry up.” He muttered back, trying to ignore Percy's words. "It's getting late.”

"Wait for me.”

So Nico waited, listening to Percy's footsteps retreat down the court.

What else could he do? Besides waiting and behaving, waiting for the moment when Percy would have some time to spare to him? Nico continued strumming the strings of his guitar and didn’t raise his head again for long minutes, that is, until someone sat down next to him, remaining silent until he gave up and stared at them. It was Annabeth, of course, with her intense blue-gray eyes and long golden hair, slender and tall, looking down on him just as he remembered, making him feel like he was a bug she wouldn't kill out of pity.

“Nico, is nice to see you again. How is Bianca doing?”

"Good.” Was all he said. Maybe she still intimidated him, maybe she still had the power to make him cry like a helpless baby.

"What brings you here?”

And again, he felt like the same lonely, outcast kid, the helpless boy anyone could use and abuse. Nico was so tired of it. He wouldn't give that power to Annabeth or that kind of person who, when they didn't have something the want, they took it by force.

"It's none of your business. Is that envy? Did it hurt a lot when he dumped you?”

Annabeth merely smiled, studying him, pretending she was on top when they both knew that was far from the truth.

“Ah, looks like some things have changed, then.”

"Looks liked it.”

"You know you're not going to win, don't you?"

“This isn't a game.”

“Look, I wasn't very nice to you. That’s why I’ll give you a chance. If you walk away, I promise I won't stand in your way. Things are like that…”

How kind of her, isn't it? Did she know what happened all those years he was abroad? How had Percy been the first to get back in touch less than a week after he’d left for Italy? And that in the end, there was nothing to be gained or lost? It’s for that exact reason that Nico chose to remain silent, watching Annabeth toss her platinum hair back as she kept talking.

“…you'll do very well around here if you do as I say.”

"Anne?" Someone behind them called out to her. It was Silena and Grover, they were both dressed in cheerleading clothes. Grover  was wearing lycra pants and Silena, a skirt, mini-blouse and pompoms in her hand. “Drew is calling for you.”

“She always is.” Was Annabeth's turn to roll her eyes and get up. “I think that's it. Do us both a favor, will you? It’ll be better this way.”

Tha way, tucking in her skirt and climbing the steps to the bleachers, he, Grover, and Silena watched Annabeth strut away, taking with her the tension Nico hadn't even realized had built up. Well, now he remembered one of the main reasons he had gone so far away from there.

“We are very sorry.” Grover was the first to break the silence, taking a seat next to him.

“She doesn't do it on purpose.” Silena sat down on the other. “It's not personal.”

“Never is with her.” Nico muttered back.

He didn't even know why he tried. Now, looking at things closely… maybe he should have stayed in Italy. The situation there was chaotic, but at least it was manageable. Having to go back and face the same traumatic things might not have been the best of his ideas.

“Don't mind her.” Grover said once more as the three of them watched the basketball team practice just as Percy made a basket and looked towards him, smiling victoriously.

Maybe, in the end, all this drama would be worth it if the reward was the smile lighting up Percy Jackson's face.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Tell me what you think! And thanks for reading.

Also, a forgot to warn you, this will be a +18, ok?

Thanks again^^


Tags
6 months ago

I’ve seen so many little kids who now social distance automatically because it’s been ingrained in them and I really wonder if that’s going to stay with them, if this generation will grow up feeling less comfortable with physical contact

1 year ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO X

Ahhhhhh eu disse que não ia voltar até agosto, mas consegui escrever e ficou tão fofinho que eu teve que compartilhar. Me desculpem os erros. Espero que você gostem!^^

Boa leitura!

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX

PS: Vou voltar a escrever capítulos curtos até 3 mil palavras, assim me sinto menos pressão, mesmo que essa pressão seja eu mesma que coloco em mim. E se vocês acharem que esse capítulo foi apressado ou apareceu do nada, me desculpe! Não sei quando terá novo capítulo, provavelmente na semana que vem.

— Você está pronto? Não contei que a gente vinha. — Percy pegou em sua mão e o puxou para fora do carro.

Nico nem podia acreditar que estava de volta na casa onde suas melhores memórias foram feitas. Essa era a casa de sua infância, o lugar que ele tinha descoberto que o amor e carinho ainda eram possíveis depois que sua mãe morreu. Era o lugar que ele tinha descoberto que o amor podia vir em diversos tamanhos e formas e ser expressado de jeitos simples ou complicados.

— Talvez a gente devesse voltar depois?

— Ela vai adorar te ver. 

— Você tem certeza?

— Nico, essa é sua casa também. Sempre vai ser.

Nico teve que respirar fundo, parando em frente a porta de entrada. Ele se sentia tão culpado! Percy não foi a única pessoa que ele tinha deixado para trás. Sally também tinha sido uma delas. Sua segunda mãe, a pessoa que ele podia contar tudo depois de Percy, sempre oferecendo um abraço apertado e uma cozinha aberta a ele.

— Percy, eu--

— Shhh. — Percy apertou sua mão, sorriu para ele e enfim empurrou a porta da casa, o guiando para dentro. — Mãe! Chegamos!

Não demorou muito e logo ambos puderam ouvir o som de saltos pelo chão de granito branco, e aparecendo de uma das portas que Nico sabia dar na cozinha, Sally veio quase correndo e com tanta energia que por um momento Nico se viu no passado, na primeira vez que ele tinha entrado por aquela mesma porta, vendo a decoração simples, porém, elegante. Sofás cor creme, paredes num azul quase branco, puffs e cobertores espalhados pelo cômodo e uma grande televisão. O cheio era o mesmo, a mesma fragrância de comida recém-feita, açucarada e agridoce, o fazendo sorrir imediatamente.

— Nico, meu filho. — Foi tudo o que ouviu antes do ataque de Sally vir, braços magros e fortes o rodearam e cabelos longos e castanhos escuros caíram sobre ele, o perfume de Sally ainda era o mesmo. 

— Deuses, olha como você cresceu! E essas bochechas, hm? Tão bonito.

— Mãe!

— Percy, olhe para ele? Vocês já se resolveram? Espero que sim! Você sumiu por três dias! É o mínimo.

— Sally. — Nico finalmente disse, sorrindo, e se inclinou em direção a ela, recebendo mais um abraço de Sally com prazer.

— Não acredito que vou ter meu assistente de volta! Nosso cardápio sofreu muito com sua partida. Que tal discutirmos isso amanhã? Você vai ficar hoje conosco? Que pergunta! É claro que você vai ficar.

Sally segurou em sua mão, o puxando em direção a cozinha e Nico olhou para trás, vendo Percy dar de ombros. Ele sabia que agora demoraria para Sally se cansar dele. E como diz o ditado, “tal mãe, tal filho”, ou algo assim. E como não adiantava lutar contra nenhum dos Jackson, Nico se deixou ser levado por Sally, não que ele se importasse; era sempre divertido passar algumas horas na companhia de Sally Jackson, comida gostosa, conversa descontraída e um ombro amigo para desabafar.

***

Fazia tempo que Percy não andava pelas ruas do bairro. Elas não eram o que costumavam ser, pois de quietas e humildes, se tornaram cheias de prédios altos e carros barulhentos devido à linha de metrô localizada há poucos quarteirões de sua casa. O bom nisso tudo é que agora praticamente em cada esquina tinha uma loja ou mercado, ou até um shopping center. Exatamente o que ele estava procurando. Andando despreocupado, foi diretamente a uma loja de papelaria e logo encontrou o que procurava, um diário de couro escuro e de aparência delicada e bonita, exatamente como Nico. Ele pagou, deu uma volta pelo shopping e se viu parando em frente a uma relojoaria familiar, se lembrando de ter entrado naquele lugar anos atrás e comprado algo especial, mas nunca ter prosseguido com seu plano. Agora, algumas horas depois, voltava para casa. Imagina sua surpresa ao ver os ajudantes de sua mãe entrarem com sacolas atrás de sacolas com comida e panelas. Percy nem se surpreendia mais. Na verdade, era uma visão familiar, mas que ele não presenciava desde que Nico tinha ido embora, a casa cheia e o aroma de doces e salgados permeando o ar.

Bem, parecia que seu presente teria que esperar.

Sem ser visto, foi até seu quarto, deixou a sacola em cima da cama e abriu a primeira gaveta da cômoda, entrando os anéis que tinha comprado. Será que esse era o momento que vinha esperando? Afinal, eles já tinham deixado claro que se amavam, então, por que não dar o próximo passo? Tinha aprendido que o melhor a fazer era nunca assumir nada, e se não se expressasse, como Nico poderia saber? Percy mal podia esperar para ver a reação de Nico. Assim, trocando os anéis pelo diário, pegou a caixinha com as alianças e colocou o diário dentro da gaveta, se sentindo confiante. Saiu do quarto e foi em direção a cozinha quase trombando com uma garota que usava um avental do restaurante de sua mãe. Ela pediu desculpa e continuou apressada para fora da casa, sem a bajulação usual. Ele esperava que essa durasse mais do que as outras. O caso não era sua mãe ser uma chefe ruim, o problema é que a maioria das pessoas não tinha o mesmo entusiasmo que ela ou Nico tinham quando se tratava de culinária.

Percy enfim entrou na cozinha e se deparou com um banquete completo. Ele viu carnes assadas, fritas, cozidas, grãos e massas de vários tipos, sem contar os doces e comidas salgadas nem tão saudáveis.

— A gente vai ter um jantar de gala ou o quê? — Ele teve que perguntar assim que entrou na cozinha. Era até engraçado. Sally e Nico, além de vários ajudantes, cobertos de farinha e outras coisas que Percy não conseguia identificar, todos vestindo aventais idênticos e andando de um lado para o outro de uma forma tão organizada que pareciam formigas operárias.

— Você tem razão, querido! — Sua mãe exclamou. Ela limpou a mão em uma toalha, tão energética como ele não via há muito tempo, ou pelo menos não nesse nível de “criança que comeu muito açúcar” e o abraçou apertado para logo em seguida, voltar a andar pela cozinha checando o forno e vendo se tudo estava em ordem. — Chame seus amigos! Chame os amigos dos seus amigos. Não, melhor, também chame os pais dos seus amigos.

Ele não tinha certeza sobre isso. Será que se quer ainda tinha tantos amigos assim? Percy deu de ombros, prestes a fazer o que a mãe tinha pedido quando Nico apareceu em sua frente, tentando encontrar um lugar para colocar uma espécie de bolo esbranquiçado na mesa.

 — Eu te ajudo. 

Percy moveu algumas coisas ao redor e enfim achou um espaço, pegando a travessa das mãos de Nico e a colocando em cima da bancada.

— Aqui está meu bebê. Onde você se meteu?

— Eu não sou seu bebê.

— Não é?

Será que agora era um bom momento? Não importava como Nico estivesse vestido, com o uniforme da escola ou com suas calças justas, e mesmo agora com farinha dos pés a cabeça, Nico sempre seria a coisa mais bonita e fofa que Percy jamais encontraria, principalmente quanto tentava não se constranger pela demonstração de afeto em público. 

Percy colocou a mão no bolso, tocando na caixinha e observou por mais um momento, vendo Nico abaixar a cabeça, seus cabelos negros protegidos por uma redinha de cabelo permitindo que ele visse o rubor se espalhar com força na face de Nico, descendo pelo pescoço longo e elegante. Percy não se reprimiu, segurou na nuca de Nico e o puxou para perto, o beijou devagar e longamente, e só parou quando ouviu um gemido e o repentino silêncio que se seguiu; os murmúrios ao redor deles pararam e o barulho de panelas batendo também.

— Per. — Nico sussurrou numa voz quase inexistente e segurou em seu braço, seu rosto agora pegando fogo. Tão tímido e tão doce, ele pôde sentir o açúcar na língua de Nico e a doçura em seu toque suave. Mas quando ele achava que Nico iria se afastar, como ele comumente faria no passado, Nico apenas ficou ali, agarrado a seu braço e olhando para ele sem saber o que fazer. Talvez esse não fosse o momento indicado, porque, se com somente um beijo Nico tinha reagido assim, pego despreparado e todo ansioso, o que Nico faria se ele se ajoelhasse no meio da cozinha? Infelizmente quando isso acontecia, Nico não sabia o que fazer, o garotinho costumava congelar dos pés á cabeça. Era como se Nico não tivesse um script para tal situação e preferisse não fazer nada com medo de errar.

— Lindo. Me dá um abraço, hm?

Nico piscou lentamente e mordeu os lábios, parecendo indeciso. No fim, Nico fez o que Percy pediu. Colocou os braços ao redor da cintura de Percy e o abraçou forte por longos momentos, Percy o abraçando de volta e acariciando seus cabelos.

— Certo. — Percy levantou a cabeça e ainda abraçando Nico, olhou ao redor e encarou cada um dos ajudantes de sua mãe, o que teve o efeito desejado. 

Todos começaram a se mover como se fossem um e o ambiente voltou ao normal. Ele pensou em se desculpar para Nico, mas só o pensamento de Nico entender que beijá-lo na frente de outras pessoas era errado, embrulhava seu estômago. Nico era um ser bem perceptivo, e se ele entendesse que estava fazendo algo errado, nunca mais faria tal coisa, como na vez que eles estavam conversando com algumas pessoas, Nico riu muito alto e alguém o repreendeu, depois disso demorou meses para ele ver Nico sorrindo em público.

— O que você fez de gostoso?

— Já comeu bolo japonês? — Nico pareceu aliviado com a mudança de assunto e largou de sua cintura. Ele pegou na mão de Percy e o levou até um bolo leve e de textura esponjosa, diferente de tudo o que ele já tinha comido.

Nico cortou um pedaço e colocou em um prato para ele. Assim que levou uma garfada na boca, o bolo se desfez em sua língua, algo tão gostoso que Percy não sabia explicar, então ele apenas gemeu, fechando os olhos de prazer.

— Tão bom assim?

— Tudo o que meu bebê faz é exemplar.

— Obrigado.

Percy parou de comer e prestou atenção em Nico. De verdade, ele parou e o observou. Nico parecia feliz e contente em seu avental e roupa suja de farinha. Ele parecia um pequeno chefe de cozinha, orgulhoso de um trabalho bem feito.

— Eu vi num restaurante em Verona e quis tentar.

— Lindo.

— Você devia estudar culinária. — Dessa vez quem falou tinha sido Sally que estava terminando uma torta de chocolate, os observando discretamente. Ela se aproximou deles e colocou um de suas mãos sobre os ombros de Nico. — Você já pensou sobre isso?

***

— Você devia estudar culinária. Já pensou sobre isso?

Nico piscou lentamente, tentando se concentrar em qualquer coisa que não fosse o jeito que Percy olhava para ele, que quase perdeu o momento onde Sally se aproximou do canto onde eles estavam.

— Hm?

— Já se decidiu sobre a faculdade?

— Ah. — Nico olhou de canto de olho para Percy, mas se focou em Sally. — Eu não sei. Hades quer que eu faça administração.

— Por que não algo que você tenha talento? Como música e culinária? Artes?

— Eu… eu gostaria muito. Não sei se Hades iria permitir.

— Sabe, outro dia desses, esse senhor educado e simpático trouxe a família para jantar. Ele disse que o lugar onde ele trabalha tem um curso excelente de culinária. — Ele olhou bem para Sally, tentando desvendar o que isso significava. — Por que você não faz uma graduação dupla? Tenho o contato dele se você estiver interessado.

— E também fica perto de casa. — Percy completou.

Nico parou tudo e se apoiou na quina da bancada, tentando não criar expectativas.

— Eu não poderia.

— Querido, você não precisa se preocupar com os detalhes. Dê uma olhada, sim? Eu cuido de tudo. 

— Não, Sally. Você não precisa… eu nunca--

— Deixe disso. Dinheiro não é problema. — Então, Sally sorriu para ele toda radiante e o pegou desprevenido mais uma vez, o abraçando forte. — Não importa o que você escolha. Vamos te apoiar, agora e sempre. 

— Oh. — Foi tudo o que escapou de sua garganta, um som engasgado e abafado contra o ombro de Sally. Sua visão ficou embaçada e sua garganta se apertou, mas seu coração batia forte, um calor gostoso aquecendo seu peito, ao mesmo tempo em que as mãos de Percy o tocaram nos ombros, abraçando ele e a Sally de uma vez só.

— Mamãe está certa. Vamos te apoiar não importa o que aconteça, mesmo que eu tenha que ir para a Itália com você.

— Vocês planejaram isso? Me surpreender para não me deixar pensar sobre o assunto?

— Nico, é claro que não! — Sally exclamou toda energética e segurou em seus ombros, seus grandes olhos castanhos claros o acertando em cheio no meio do peito. — Percy fez alguns testes vocacionais e de aptidão ano passado e desde então estamos procurando as melhores opções. Você também tem que fazer, eles são bastante certeiros. Semana que vem parece bom? Ah, nós temos tanto a fazer!

E assim, como se conversar sobre seu futuro fosse algo corriqueiro, Sally continuou, voltando a bater com uma espátula algo em uma grande travessa de vidro.

— Então, está certo. Faculdade decidida. Teremos um casamento?

— Ca-casamento?

— É claro! Quanto mais cedo marcarmos a data, melhor! E uma casa? Vocês vão ficar perto da gente, certo? E… Percy ainda não falou com você?

Nico não sabia se estava pronto para um passo tão grande, ele ainda nem sabia se conseguiria terminar o colégio sem se auto destruir, quem dera um… um casamento.

— Mãe! — Percy resmungou. — Ela está brincando. Não escute o que ela diz.

Era Percy que dizia isso, mas seu olhar era intenso sobre ele, pensativo e analítico. E… talvez… talvez Sally não estivesse brincando, se fosse pela expressão decepcionada no rosto de Percy.

— Desde quando você vem planejando essas coisas?

— Desde que…

— Desde quando?

— Desde que entendi que acordar do seu lado todo dia era a melhor parte do meu dia.

Nico achava que tinha algo estranho em seus olhos, eles não paravam de lacrimejar. Devia ser sinusite, só podia. Sim, era isso. Talvez uma alergia.

— Você não vai dizer nada? — Percy insistiu, e de repente, o mundo sumia e só eles dois importavam; o som de panelas batendo e sussurros sumiram, e até os murmúrios apressados ao redor deles desapareceram.

— O que eu devia dizer? Você está me pedindo em casamento?

Esse era o melhor e o pior momento de sua vida. Percy sorriu para ele e colocou a mão dentro do bolso, tirando de lá uma caixinha em veludo delicada. E então, o pior veio, Percy se ajoelhou no chão cheio de farinha e açúcar, e abriu a tal caixinha, lhe mostrando que dentro havia dois anéis idênticos banhados a ouro e com um pequeno diamante no centro, um grande e o outro menor, com delicadas gravuras ao redor das alianças, os anéis tão delicados que Nico tinha medo de tocá-los.

— Você não pode estar falando sério!

— Eu comprei eles antes de você fugir para a Itália. Queria ter te contado antes. Tinha medo que isso fosse te afastar mais uma vez.

E sem pedir permissão, Percy segurou em sua mão e deslizou a menor das alianças em seu dedo anelar da mão direita.

— Esse anel é a prova do meu comprometimento e fidelidade a você. É a promessa que eu faço de sempre estar a seu lado e sempre dar o que você precisar e desejar. Não importa o que seja ou onde seja.

— Percy, para com isso! Agora mesmo! Você não quer isso. — Nico se afastou das mãos de Percy e tentou tirar o anel, se sentindo ansioso, mas não foi tirá-lo. Algo dentro dele o impediu.

— É claro que eu quero. Eu te amo. Quero passar o resto da minha vida com você. — Percy continuava sorrindo e continuava ajoelhado, como se pagasse por seus pecados em prece enamorada. Percy se arrastou de joelhos até estar novamente perto o suficiente para tocá-lo e ofereceu a caixinha a Nico, dizendo: — É sua vez de colocar em mim. Você aceita se casar comigo?

— Deuses! — Nico choramingou, aquele aperto no coração e quentura no peito se alastrando feito chamas infernais por suas veias. — Você vai se arrepender disso. Vai se arrepender tanto. Depois não me culpa pelo o que acontecer.

— Eu tomo toda a responsabilidade.

Fungando, Nico se ajoelhou também e fez o mesmo que Percy, colocou o anel no dedo anelar da mão direita de Percy e observou suas mãos juntas. Nem em seus sonhos mais selvagens Nico poderia imaginar algo assim.

— Satisfeito agora?

— E o meu beijo, hm?

Ainda se sentindo ansioso e trêmulo, Nico pulou no colo de Percy e o beijou com tudo o que ele tinha, sendo recebido pelos abraços fortes da pessoa que ele mais amava no mundo.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Obrigada por ler! Sua presença é sempre um prazer.


Tags
Loading...
End of content
No more pages to load
  • language-of-blueberries
    language-of-blueberries liked this · 7 months ago
  • haiseiscute333
    haiseiscute333 reblogged this · 7 months ago
  • haiseiscute333
    haiseiscute333 liked this · 7 months ago
  • auroraescritora
    auroraescritora reblogged this · 7 months ago
auroraescritora - Aurora Escritora
Aurora Escritora

Sejam bem-vindos! Olá, esse é meu blog pessoal. Escrevo fanfics Pernico/Nicercy e orginais, e reblogo alguns posts de vez em quando. História Atual Não há lugar como o Lar - versão em Portugues There's no Place like home - English version Resumo: Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro. Se você quiser saber o que eu escrevo, siga a tag #my writing

464 posts

Explore Tumblr Blog
Search Through Tumblr Tags