Oii, como vai? Um capítulo novo como prometido.
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV / CAPÍTULO XVI / CAPÍTULO XVII / CAPÍTULO XVIII / CAPÍTULO XIX / CAPÍTULO XX / CAPÍTULO XXI / CAPÍTULO XXII / CAPÍTULO XXIII
Percy se sentia como se fosse um criminoso. Tinha plena consciência que não devia ter ido ver Apolo e Vanessa sem a permissão de seus pais, afinal, tecnicamente, ele ainda tinha 17 anos e só seria considerado maior de idade dali há dois meses. Sua única opção foi se esgueirar pela casa. Ele se escondeu na entrada de empregados e só se moveu quando não viu ninguém por perto; passou pela cozinha e então correu escadas acima, ouvindo a voz de sua mãe e a de Nico na sala de estar. Era uma pena. Se Nico ainda estivesse dormindo, ele poderia enfim fazer o que tinha que fazer antes que sua mãe o convencesse do contrário.
Sinceramente? Sally estava certa. Eles não deviam mexer com certas coisas, principalmente porque eram jovens demais e porque, de acordo com a lei, eles não seriam responsáveis no caso de algo dar errado. Mas... se Nico já praticou esse tipo de dinâmica com outras pessoas e ele também já estava mergulhado até o pescoço nesse meio, qual era o problema de apressar as coisas? Só um pouquinho? Seria apenas o suficiente para tranquilizar Nico que estava determinado a deixá-lo louco.
De verdade, Percy não tinha escolha. Era o pior tipo de sentimento ver Nico implorando por atenção como se Percy o estivesse ignorando de proposito; e se era o que Nico queria, pelo menos Percy faria da forma certa. Quer dizer, ele já tinha dado um diário para Nico e eles também tinham as palavras de segurança, mesmo que Nico não tivesse notado o que elas realmente eram. Então, talvez, fosse a melhor alternativa. Assim, eles poderiam enfim esclarecer as coisas de uma vez por todas.
Se dando por vencido, Percy andou até seu quarto, colocou a caixa em cima da cama e saiu do quarto rapidamente. Percy não queria que Nico pensasse que ele tinha o abandonado bem no momento que eles tinham se reconciliado. Por sua própria causa, é claro. Como Percy poderia dar o que Nico queria quando Percy sabia da responsabilidade de dominar alguém? Na maioria das vezes não seria apenas obediência e diversão. Era a expectativa por trás da palavra, do que realmente significa dominar a vida de alguém. O cuidado, a preocupação, se certificar que Nico estaria seguro e contente mesmo no meio da dor e da frustração. Era a real responsabilidade de ter a completa entrega e confiança de alguém a ponto de Nico levar cada palavra ou ordem sua ao pé da letra. E pelo o que Percy tinha visto, alguns submissos esperavam que o dominador tomasse todas as decisões por eles, e nisso, Percy não sabia se seria capaz de consentir. Esse era o real motivo dele hesitar tanto, quem dera fosse somente as fantasias de Nico, a expectativa sempre seria mais pesada do que qualquer coisa que eles pudessem praticar.
— Percy? Pensei ter te visto entrar. Acho que precisamos ter uma conversa.
O pior que ele temia aconteceu, alguém realmente tinha o pegado desprevenido. Era sua mãe, furiosa e com os braços cruzados. Percy nem teve tempo de descer as escadas, pelo menos tinha fechado a porta do quarto, a impedindo de ver o logo na embalagem da caixa.
— Olha, não é o que você pensa.
— Eu sei de tudo. Nico me contou.
— Tudo? O que seria esse tudo?
— Não tente me enganar.
Percy parou por um momento, se dando conta que a mãe estava blefando. Se ela soubesse de alguma coisa, Sally já estaria esbravejando de uma forma bem mais especifica. No máximo, ela devia ter visto algo nos ombros ou no pescoço de Nico. Mas... será que ele devia esconder essas coisas de sua mãe? Sempre era melhor ter um plano reserva caso ele fizesse besteira.
— Tudo bem. A gente fez sexo, satisfeita? — Percy levantou a mão antes que Sally pudesse continuar, vendo o rosto dela se aprofundar na fúria, feito uma mãe leoa defendendo seu filhote. — Sei que prometi, eu tentei fazer do seu jeito e olha o que aconteceu! Nico pensou que eu não queria ficar com ele. Descobri que ele...
— Ele o quê?
— Você sabe...
— Não, eu não sei.
— Nico acha que estou rejeitando ele se eu não... tocar nele.
— Oh. — Sally suspirou e se escorou na parede, parecendo derrotada.
— Vou fazer as coisas do jeito certo dessa vez.
— Percy, o que você está dizendo? O Nico não é assim. Ele é bondoso e calmo e...
— Super obediente? Gosta de agradar a todo mundo ao redor dele?
— Percy, eu te proíbo de--
— Ele é um submisso, mãe. O que você quer que eu faça? Por que você acha que eu me afastei de dele? É isso o que você quer?
— Eu decido o que acontece nessa casa e isso não vai acontecer.
— Já é tarde demais, você não vê? Não fui eu quem começou com isso.
— O quê?
— É isso mesmo. Nico andou se divertindo sem mim na Itália. E se eu encontrei um lugar e fui acolhido, tenho certeza que ele também vai encontrar.
Isso enfim pois um fim na discussão. Sally parecia arrasada a um ponto que Percy não tinha visto antes, nem mesmo quando ela descobriu que Percy tinha tendencias suicidas.
— O que pode ter acontecido para Nico querer essas coisas? Ele deve ter aprendido com alguém.
Era uma boa pergunta. Para um garotinho que evitava sequer a menção de sexo para se tonar um submisso era um grande passo.
— Talvez o que ele contou sobre Hades seja pior do que a gente pensou?
— Percy! Eu não quero pensar nessa possibilidade. — Sally levou a mão ao rosto, se negando a acreditar que Hades seria capaz de abusar sexualmente de um garotinho tão indefeso. Quando ela voltou a encarar Percy, Sally tinha um brilho estranho no olhar. — Parece que a gente tem mais trabalho pela frente.
— Mãe, não! Nico não falou nada sobre isso. Não quero que ele se sinta pressionado.
— Querido, é claro que ele não falou sobre isso. Você falaria? É o que abusadores fazem. Eles manipulam pessoas mais frágeis do que eles e as fazem crer que ninguém vai acreditar nelas. Nico precisa de um empurrãozinho na direção certa.
— Eu não sei. Vamos falar com ele, se for o caso--
— Deixa comigo. Hades Di Ângelo não sabe com quem se meteu!
***
A vida de Percy era uma grande bola de cansaço, pois era assim que ele se sentia. Uma coisa pequena que parecia ser sem importância, de uma hora para a outra, crescia e crescia, e quando ele menos percebeu, os pequenos sinais de perigo se tornaram um vendaval de problemas. Ele não estava reclamando, era melhor saber o que acontecia do que ser pego de surpresa mais tarde. O primeiro deles era sua mãe sempre se metendo no que ela não devia. Eles desceram as escadas e imediatamente ele soube; assim que chegaram no andar de baixo, viu Sally endireitar a coluna, como se ela estivesse se preparando para ir a guerra.
Por sorte, as três pessoas presentes não haviam reparado na presença deles. Nico estava sentado em frente a mesa de refeições, parecendo irritado com algo que Tyson falava para ele, enquanto Grover apenas ria estirado na cadeira onde se sentava. Então, antes que algo pudesse acontecer, Percy segurou no ombro dela, sorriu e se abaixou na direção da mãe, sussurrando:
— Mãe, a gente conversou sobre isso.
— Eu preciso--
— Não, eu vou falar com ele quando for a hora certa.
— Per--
— Me prometa. Estou falando sério.
— Perseu Jackson!
Isso enfim chamou a atenção de Nico. Percy ignorou o olhar fulminante da mãe sobre ele e seguiu em direção a Nico. Sally podia ficar irritada o quanto quisesse, hoje não era o dia certo de discutir essas coisas; hoje, ele iria colocar Nico numa coleira bonita e fazer as coisas da forma certa.
Isso é, Percy faria isso se Nico permitisse. Porque esse era seu segundo problema do dia. Era até engraçado se Percy fosse sincero consigo mesmo. Nico olhou em sua direção por um breve momento e, simples assim, o ignorou. Nico voltou a olhar para o prato em frente a ele, movendo a comida com o garfo de um lado para o outro, não parecendo interessado em comer.
— Parece que alguém não teve uma noite muito boa. — Tyson continuou, mastigando enquanto falava. Era um tanto nojento. O que Percy podia fazer? Quando o irmão estava com esse tipo de humor nada podia impedi-lo. A não ser quando Nico estava com um humor ainda pior.
Em câmera lenta, Percy viu Nico pegar um pãozinho ainda quente, o olhar por um momento e, então, Nico jogou o pão na cara de Tyson, acabando com o riso do irmão, porém, arrancando gargalhas de Grover que quase caiu para trás de tanto que ria.
— Agora, quem é que não está tendo um dia bom? Hm? — Um sorrisinho vitorioso apareceu no rosto de Nico e na maior demonstração de infantilidade, Tyson mostrou a língua para Nico, pegando o pãozinho que havia caído em seu prato e dando uma grande mordida nele.
— Comida arremessada é ainda mais gostosa. Vamos ver quem ganha?
Era claro que a imaturidade tinha ganhado essa rodada. Percy não viu outra alternativa a não ser bancar o adulto. Bem na hora que Nico se preparava para lançar outro pedaço de pão, Percy parou ao lado de Nico e tocou em sua nuca. Ele sequer o segurou, apenas colocou a mão sobre o pescoço de Nico. O efeito foi imediato. Nico parou com a mão levantada e olhou para cima, em seu rosto uma expressão de garoto arteiro.
— Se comporte.
Essas palavras pareceram ter um efeito ainda mais potente. Devagar, Nico abaixou o braço, colocou o pão no próprio prato e olhou para baixo, todo encabulado. Percy nem havia o repreendido ou dito para ele parar, mas foi como se ele tivesse feito. Era... intoxicante. Se Percy desse qualquer ordem a Nico, ele acataria?
— Coma. — Percy disse e esperou para ver o que aconteceria.
Por um momento, ninguém se moveu. Nico continuou todo encolhido contra o assento da cadeira, se remexendo inconfortável. Nem mesmo o barulho dos saltos de sua mãe se aproximando pareceu despertar Nico de sua bolha de vergonha. Nico permaneceu assim por mais uns momentos e enfim voltou a segurar no garfo, dessa vez cortando um pedaço da panqueca e a levando aos lábios, parecendo que iria cair no choro a qualquer momento.
— Bom garoto. — Percy disse mais uma vez, testando para ver o que Nico faria.
Ele acariciou os cabelos ali e sentiu Nico imediatamente relaxar, mastigando devagar sobre seu olhar atento e corar discretamente. A real pergunta era se as coisas sempre tinham sido assim ou era algo novo.
Percy olhou para sua família que agora parecia tão comportada quanto Nico, ainda que ele visse como Tyson e Grover olhavam para ele com um sorrisinho estranho no rosto ou como sua mãe o reprovava, ainda com os braços cruzados, agora sentada em sua cadeira. O importante ali era que ninguém tinha estranhado a cena. Era verdade que ele por vezes tinha que apartar discussões assim, sem importância. A pergunta ali era, Nico sempre reagiu a ele dessa forma? Percy odiava o que seu cérebro fazia com ele, apagando esses tipos de informação e depois o fazendo questionar se era real ou se era apenas sua imaginação fértil inventando cenários fantasiosos.
— Onde você... — Nico começou a dizer, ainda olhando para o próprio prato. — Você não estava na cama quando eu acordei... alguma coisa aconteceu?
— Eu tive que sair bem rápido. É uma surpresa.
— Surpresa? Eu vou gostar disso? — O que Percy escutou foi um “vai ser divertido?”
— Eu garanto que sim.
— Eu só... não gosto de acordar sozinho.
Hm. Percy entendia, realmente entendia. Mas já que Nico queria ir nesse caminho, Percy tinha a obrigação de ser responsável.
— Isso não vai se repetir. Tive um bom motivo.
— Que seria...?
— Você vai descobrir. Logo.
Percy tinha falado com um tom de finalidade que geralmente não gostava de usar. Quer dizer, ele era o dominante ali, não? Então, ele iria agir como um. E Nico parecia ter noção disso, mesmo que eles não tivessem tido uma conversa séria e definitiva. Percy sabia disso porque Nico desviou a atenção do próprio prato e olhou para ele com curiosidade, e ao invés de discutir, Nico fez um biquinho manhoso, voltando a comer, dando uma garfada nos ovos mexidos.
— Você quer? — Nico deu mais uma garfada e ofereceu a Percy, que aceitou apenas para ver um sorriso aparecer no rosto de Nico.
Bem, o que ele poderia fazer? Percy puxou uma cadeira para perto e deixou Nico o alimentar em intervalos, onde as coisas voltaram ao normal; sua família voltou a conversar e Nico se manteve quieto aceitando tudo o que Percy colocasse em seu prato.
***
Nico pegou sua bolsa do chão e aceitou quando Percy ofereceu a mão para ele, ouvindo o sinal tocar. Era sexta-feira e geralmente esse era o dia que Nico mais gostava, um dia que tinha poucas aulas e o fim de semana inteiro para descansar. Ou era o que costumava acontecer. Desde que ele tinha voltado todos os dias eram cheios de altos e baixos, pequenos momentos em que Nico guardava com carinho esperando que eles durassem pelo resto de sua vida. Ele só... só não esperava que depois de tantos desentendimentos as coisas se tornariam tão fáceis. Imprevisíveis? Sim. Mas nunca forçadas, mesmo quando acontecia algo que fazia sua cabeça girar.
Felizmente, esse era um dos momentos bons. Desde que tinha acordado naquela manhã sua cabeça estava... vazia. Nico não conseguia se preocupar com seus problemas, como as provas que se aproximavam ou com Annabeth que continuava os rondando. Nem mesmo quando Percy o repreendeu no café da manhã, tomando as rédeas da situação, como há muito tempo ele não via ninguém fazer, não quando o assunto se tratava sobre ele, o “inocente e delicado Nico”. As coisas apenas pareciam estar no lugar certo novamente, como se ele nunca tivesse ido embora, entretanto, elas pareciam estar melhores ainda, sentindo que eles tinham dado um passo importante em direção ao futuro que ele sempre sonhou.
— Bebê? Tudo bem?
— Hm. Só estou cansado.
— A gente tá quase chegando.
— Ta bom.
Eles estavam mesmo. Nico mal tinha percebido o momento em que haviam entrado no carro de Percy, não se lembrava de ter colocado o cinto de segurança ou quando eles tinham chegado no bairro onde eles moravam. Nico olhava para fora da janela, sem registrar nada, deixando que sua mente viajasse, vazia, Nico se sentindo tão calmo e em paz como nunca tinha se sentido antes. Tinha sido o sexo da noite passada? Ou era apenas a presença de Percy? E de onde vinha essa paz de espírito toda?
Isso não importava, ele saiu do carro quando Percy abriu a porta para ele, aceitou a mão que Percy mais uma vez o oferecia e subiu as escadas enquanto Percy o guiava. Hm... talvez fosse isso. As coisas para ele sempre tinham sido isso, não? A ausência de deveres e obrigações? Nem sempre e nem de tudo, só um pouquinho. Estava tudo bem se Nico se permitisse não tomar nenhuma decisão por algumas horas, certo?
— Lindo. Levanta a perna.
— Oh.
Ele fez, levantou uma perna e depois a outra, permitindo que Percy tirasse seus tênis, meias e calça.
Quando é que ele tinham entrado na casa e ido até o quarto de Percy?
— Os braços.
Nico os levantou também, Percy trocando sua camisa por uma camiseta confortável.
— Melhor? Um pouco de água?
Nico não hesitou, pegou o copo de água da mão de Percy e a tomou em um folego só, se sentindo bem imediatamente.
Será que tinha acontecido algo durante o dia para ele estar se sentindo assim?
— Bom garoto. — Percy disse e beijou seu rosto, o segurando pela nuca, praticamente o embalando em seu colo.
Algo acendeu em seu cérebro, prazer irradiando por seu corpo sem motivo nenhum.
Oh, então era isso? Devia ser esse o motivo dele estar se sentindo tão leve e contente. Não devia ser algo normal se sentir assim durante tanto tempo, certo? Quer dizer, ele tinha acordado de mal humor, mas logo aquele sentimento de estar fazendo a coisa certa e estar no lugar certo o preencheu, o fazendo esquecer que devia estar bravo com Percy.
— Eu... não fala assim comigo.
— Assim como?
— Assim... com essa voz... me tocando dessa forma...
— Eu sempre fiz isso. O que mudou agora?
— Eu... — Nico já começava a não se importar se Percy fazia isso de proposito. Era normal ouvir a voz de alguém e imediatamente sentir todas essas coisas?
Nico ouviu Percy rir e um arrepio percorreu sua coluna. Era um som baixo e grave ao pé do seu ouvido, o fazendo perceber que Percy, de fato, estava fazendo isso de proposito. Talvez ele tivesse gemido e se agarrado ao pescoço de Percy, Percy mordiscando seu ombro, subindo até encontrar mais uma vez o lóbulo de seu ouvido.
— Tudo bem, eu admito. — Percy murmurou. — Você tem estado muito suscetível a... sugestões. Sou eu ou é algo geral?
— Só você. — Nico se pegou dizendo, vendo que era a verdade. — Acho que... eu confio em você.
— Me sinto honrado. — Percy disse sem nenhuma ironia, o tom de voz baixo e aveludado dando lugar a algo mais normal. — Eu tinha medo que isso acontecesse. Nunca vou abusar da confiança que você me dá.
— Eu sei disso. Nunca duvidei disso.
— É por isso que tenho que falar algo com você.
Esse não. Será que ele estava encrencado?
Obrigada por ler. Comentarios e sugestões são sempre bem-vindos.
#married
I understand Genovia to be a land that combines the beauty of the past with all the best hope of the future. I feel in my heart and soul that I can rule Genovia. I… I love Genovia. Do you think that I would be up here in a wedding dress if I didn’t? I stand here ready to take my place as your queen. Without a husband.
The Princess Diaries 2: Royal Engagement (2004)
Hello, how you doing? Looks like I had some time in the the end. I hope you like it. I had a lot of fun writing this chapter.
Good reading!
Previous chapters: CHAPTER I / CHAPTER II / CHAPTER III / CHAPTER IV / CHAPTER V / CHAPTER VI / CHAPTER VII / CHAPTER VIII / CHAPTER IX / CHAPTER X
"Beautiful.’’
Nico ignored Percy who was lying on the bed and finished drying his hair with the towel, combing it back. He put on his t-shirt, pulled it down and buttoned his pants, pulled the zipper up and looked at himself in the mirror.
If it were up to him, he would’ve stayed in the kitchen, where he belonged, and finished helping with the preparations for the party later. Unfortunately, right after the wedding proposal, Sally had kicked him out of the kitchen, pushing him away from the stove while Percy had picked him up and carried him up the stairs until they reached Percy's bedroom. And with no choice, still full of flour in his clothes, Nico went into the bathroom without complaining, taking a long bath in the tub and then looking for clothes that still fit him. Apparently, Percy hadn't thrown away the things he’d left behind, like his favorite black jeans or his t-shirts with jokes and superheroes printed on them, or even his leather jacket, which his mother used to wear before the cancer prevented her from getting out of bed.
He admitted that the shirts that were previously baggy and reached his thighs now fit perfectly well, although a little tighter than he would like, contouring his not-so-masculine curves; apart from his broad shoulders and height, the rest was very... very thin in some parts and slender in others, impossible not to notice in those tight clothes. Nico didn't even like to think about it. Maybe that was why Percy loved so much holding his waist.
‘’Since when did you have those muscles, hm?’’ Percy asked again with good humor.
Muscles? He didn't see many. And of course, Percy could be able to fool him if it was a few years ago. Now? Nico could hear the pure jealousy behind the laughter.
"I don't know. I had free time in Italy.”
In fact, life in Verona was much easier and more uncomplicated than this first week back here. It’s like, when Percy was involved, trouble and strong emotions were guaranteed. He didn't even know why he was still complaining, things had always been like that.
‘’Don't make that face. Today is the day to celebrate. Or at least that's according to Sally.’’
"Sure.” Nico rolled his eyes and finally put on his jacket, slipping his feet inside his high-top sneakers that had also been left in Percy's wardrobe. Now, Nico was back in the past and with the complete look. He almost felt nostalgic; If it weren't for the anxiety and constant self-doubt, Nico would miss those times. "Let's go.’’
"Hold on. I bought you something.’’
‘’Another gift? What will it be now? A car?’’
‘’Do you need another one?’’ But Percy was smiling. Nico watched him get up and walk around the bed, opening the dresser drawer next to the bed. ‘’It's nothing expensive.’’
"What is that?’’ This time, the object in Percy's hands aroused his curiosity. He could see what it was, the thing was that Percy had never given him anything like this, which made him come closer and take the diary from Percy's hands, opening the hardf, black leather cover, finding simple, straight lined pages, noting a dedication on the inside of the cover, thar said: “To make sure your thoughts and ideas never get lost”. “Per?’’
“I thought about what you said… about not being able to express yourself.’’
"Express myself?’’
"In bed.’’ Percy said and then held his hands over the diary, making Nico face him. “I know how…how scary things can be from time to time. I want this diary to be a way for us to talk without needing all that… drama.”
Percy used the word “drama”, but for Nico it was more… “humiliation”.
“Are you going to write too?’’
"Yeah.”
"And you'll... read everything? Everything I write?”
"Only if you want.”
Nico stopped for a moment and looked at Percy, his fiancé, the love of his life, the person who always accepted him unconditionally. Percy seemed so calm and confident, so sincere… no one before had ever tried so hard to understand him.
“It doesn't have to be about that.’’ Percy said again. “You can write about anything. Or something you want me to know about.”
"Anything? Really?”
"What's wrong?” Then, Percy smiled again, carefree. “What do you still have to hide from me?”
That was the moment where the mortification took him by surprise. Nico looked away and stared at the diary they both still held, the rings shining on their fingers. If only Percy knew… Nico didn't know if it was the best or the worst idea Percy had ever had.
“Look, you don't need to force yourself. Let's leave the diary by the bed and if you feel like it, it will be here. Is that all right?’’
Percy smiled at him once again, took the diary from his hands and placed it on top of the dresser, less than a foot away from them. But that was the problem, Nico already felt the urge to flip through that notebook and write whatever came to mind, like a free writing exercise, only more stranger and embarrassing. He felt like writing and letting it all come out, like he hadn't done in years.
"No, I want it! Gimme.” And like a little kid, Nico reached out and took the diary, hugging it to his chest, feeling satisfied as he once again held that black leather notebook.
“I'm glad you liked it.’’ And acting like the daddy they both refused to admit, even though they were both the same age, Percy hugged him tightly and kissed his hair, saying: “Good boy.”
And, Of course, this had the expected effect. Nico hid his face in Percy's shoulder and groaned once again, mortified, berating himself for feeling so good and so happy with those words. Or with the care that Percy continued to show him day after day.
***
Before they left for the party, Nico put the diary away with the now empty ring box in his backpack and held Percy's hand, making Percy's chest warm with Nico's absent-minded gesture. It wasn't the most romantic or affectionate gesture he had ever seen, but Nico did everything with so much care that Percy was sure he had made the right choice by waiting until that moment. He knew that these attitudes, as much as his or Nico's, came from a painful place; of loss and abandonment, things that they both felt firsthand and wanted to avoid at all costs. That's why every moment that served to bring them closer together would be a reason to celebrate. Percy still couldn't believe that he had finally proposed to Nico. They were going to get married! There was a time when Percy thought he would never see Nico again, and even less that they would be so happy and content together, even if the little boy hid it behind an angry pout and the usual bad mood and insecurity. And who was he to judge how other people behaved when he was the worst of them? All Percy knew was that he had a plan, and he would do everything he could to make it reality. That’s why he smiled at Nico, took back the hand offered to him and the next thing he knew, one of his mother's helpers was guiding him to the outside of the house where tables were set up in the garden and people were already walking around the improvised dance floor next to a buffet table divided into three rows organized by sweet, cold and hot dishes, and there wasn't even all the food he had seen in the kitchen earlier.
“You guys went overboard this time.”
"It’s nothing out of the ordinary." Nico shrugged.
"Clearly. I wanted to--”
“Nico! I finally found you!”
Percy sighed and gave up, nnow that they were in the middle of all those people, it would be impossible to keep Nico's attention to himself. As if in slow motion, he saw Clarisse approach them in hurried steps and grab Nico in a bear hug, pulling him away from him.
"How long were you going to ignore me?’’
"I wasn't ignoring you!" Nico shouted back, but hugged Clarisse as tightly as she had done, closing his eyes with pleasure.
"Why didn't you tell me you were back? And when did that happen?’’
“It’s been… five days ago? Six?”
“I bet it's his fault.”
“Clare!”
"Don't give me that. I want to know everything!”
"So you can tell Annabeth later? No, thank you very much.”
"That's not true. I did it once and now--”
It seemed there was no way around it. Percy left Nico with Clarisse, watching the people approach the noisy pair, and went back into the house, finding his mother now in a long black dress and high heels, although she was still pacing the kitchen, giving orders and checking the still-working ovens.
"Mother.”
“Oh, Percy, darling.” His mother came up to him in quick steps and squeezed his cheeks, then kissed them. "You could have told me before. I didn't have time to prepare anything.”
“I didn't have time either.”
That was the moment Percy hugged his mother and let himself relax.
“What is it, darling?”
“I don't think Nico wants to be with me.”
“Percy, that doesn't make any sense. Why would you think that?” Then his mother touched his face again and looked at him affectionately.
“He changed. We seem to fight every step of the way, and now he has so many friends and things to do…”
“Percy.” Now his mother looked disappointed. “We talked about that. You need help?”
“No.” He denied, walking away. Percy didn't want to go back to endless hours at the psychiatrist or taking medication.
“Honey, Nico is growing up and you should too.”
"I know, I know. It's just... he's telling me so many things... I didn't know he felt that way.”
"That is great. That means he trusts you, right?”
Deep down, Percy knew this. He just wanted someone to tell him everything would be okay. But it wasn't what his mother was doing. As always, she told him what he needed to hear and not what he wanted to hear.
"What should I do?”
“Nothing you don't want to.”
“What if he only marries me out of pressure?”
“Percy!” Sally grabbed his shoulders and laughed in his face. “My little boy is growing up so fast. I remember how you ran away from any responsibility and now here we are, you worrying about someone else's well-being?”
“Mom! I'm serious!”
“Look, from my point of view, I've never seen Nico so happy or calm. He doesn't seem to be forcing himself into anything.”
“He said he didn't want to date me and I insisted! What if he told the truth?”
“Honey, none of this is your responsibility. He accepted of his own free will. Even if you want to protect him, it's Nico's decision. Whether he accepts it or not, even if in the future he decides to leave once again, it won't be your fault.”
"So whose is it?”
"It's nobody's fault. These are things that happen and we have to accept them. And being honest? It's about time, right? If you had talked to Nico, none of this would have happened.”
“You... you ruined the surprise. I should have talked to him alone.”
“Exactly, darling. Don't you see? The less you say, the more Nico will pull away from you.”
"Do you really think so?”
"Believe me. I know all about failed relationships. Don't create distance between you, okay?”
"I would never do that.”
"No? If you don't say what you feel, Nico might think you don't care.”
"I--”
“Have you talked to him in the last few days?”
"Yes, but--”
“How did he react?”
Percy wanted to roll his eyes. His mother was right, as always. Nico had been sincere back when he opened up. The worst thing was thinking that Nico had kept everything inside his chest, thinking that Percy wouldn't accept him or that Percy didn't care. At least the time he'd wasted at the psychiatrist had been useful for something.
"You are right.” Percy admitted, looking around at the people who continued walking back and forth. “I didn't want to admit defeat.”
"Darling.”
“I made Nico leave before and I don't want to be the one to blame again. Is it so bad to be careful to not destroy things again?”
"Of course not. I understand.”
“Do you really understand?” Percy then turned to face his mother again. “If you understand, can you stay out of this?”
“Fine, I won't interfere. But you should pay attention to who your friends are.”
"What does that mean?”
“That blonde friend of yours is at the party. I thought you guys didn't talk anymore?”
"Who? Annabeth?”
"She herself.”
“I didn't invite her.”
So, who invited her?” Sally and Percy stared at each other for long moments, not understanding what was happening, until Percy snapped and turned his back on his mother, going back outside. In the garden, he finds a scene he thought he would never see, Annabeth with her long golden hair, shining in the sun, looking furious and Nico, with torn pants and a black t-shirt, staring at her as if she were an earthworm about to be trampled over.
***
"What's going on here?”
The next thing Percy knew, he was standing in the middle of the crowd, seeing Annabeth and Nico staring back at him.
As if by magic, the atmosphere changed. Nico came to his side and held onto his hand, lowering his head and placing it on Percy’s shoulder like the most obedient and well-behaved little boy, while Annabeth stood there, head held high, looking even more furious with the display of affection.
“It’s nothing, Per. We were talking about old times. Isn't it, Anne?” Nico smiled, hugging him around the waist and suddenly there was silence, even the waiters and kitchen assistants were silent.
“Are you drunk, by any chance?”
"Me? Never!” He looked at Nico and Nico made a cute pout. "I would never do that.”
To prove his theory, Percy leaned over Nico and kissed him right there. This time, Nico didn't seem embarrassed at all. The little boy grabbed him tightly by the back of the neck and let himself be kissed, opening his mouth in the most shameless display of affection.
“My baby is jealous, hm?”
“I don't know what you're talking about.” But the blush on Nico's face said what Percy needed to know.
"Why don't we talk somewhere quiet? But before guiding Nico away from the crowd, Percy turned to Annabeth: “You are not invited. Go away.”
“But, Percy! You promised!”
"I didn’t promise anything.”
“Your lying--”
“I won't repeat it.”
With that, he took Nico by the hand and led him into the house, leaving behind a curious crowd and a blonde foaming with anger.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
So, I'm enjoying their progress. This time I thought it was more interesting to give Percy this insecurity and Nico a bit more of impulsiveness. I imagine that this way the characters seem more real and interesting. I hope you're enjoying it as much as I am. See you next time!
Nico: I've been seeing someone recently but I think who it is will upset you, so I don't know if I should tell you.
Hazel: Nico, we could never be upset with someone you choose to love. If they make you happy, that's all that matters.
Jason: Yeah, all we care for is your joy.
Nico: Okay, that's great, because it's Poseidon.
Hazel: Percy's dad? Neptune? The ocean? That guy?
Nico: Yeah.
Jason: You're dating the ocean? The thing that doesn't listen to anyone and also loves drowning people?
Nico: He doesn't love drowning people. He just doesn't like people thinking it's easy to sail across him.
Jason: Well, it's not. Because he likes to drown people.
Nico: I think you are putting too much of a Roman spin on this.
Hazel: We are not mermaids, Nico! We are land-dwellers. Except Jason, but, you know, even a bird needs to come down from the clouds sometime and what's he gonna rest on? The water? No! I got a boat one time to save the world and it sucked. Do not stay on this boat, Nico! Get back on dry land!
Nico: Once again, I think you're putting too much of a Roman emphasis on this. I am dating Poseidon. Not Neptune.
Hazel: It's the same person!
Nico: Not really. Neptune is way meaner.
Jason: How do you know that for sure?
Nico:
Jason: Oh my gods.
Hazel: Nico!
Nico: Look, let's forget that and focus on the part where I'm happy!
Oi, como vai! Enfim consegui escrever mais um pouco. Confesso que não ficou muito bom, mas eu tentei meu melhor. Sabe quando não sai como você quer não importa o quanto você tente? Pelo menos um pouco do plot avançou.
Espero que esteja aceitavel. Se não fosse por vocês confesso que já teria largado essa história, não porque eu não goste dela e sim porque depois de dois meses escrevendo algo a motivação vai embora. Tipo, eu tenho todo o plot e milhares de cenas, mas na hora de colocar na pagina fica chato porque eu já sei o que vai acontecer. Então, eu sou mais uma criadora/imaginadora do que uma escritora. Enfim, eu tento meu melhor e vou continuar tentando por vocês.
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X
Boa leitura!
— Lindo.
Nico ignorou Percy que estava deitado na cama e terminou de secar os cabelos com a toalha, os penteando para trás. Colocou a camiseta, a puxou para baixo e abotoou suas calças, puxou o zíper para cima e se olhou em frente ao espelho.
Se fosse por ele teria ficado na cozinha, onde pertencia, e teria terminado de ajudar com os preparativos para a festa mais tarde. Infelizmente, logo depois do pedido de casamento, Sally havia o expulsado da cozinha, o empurrando para longe do fogão enquanto Percy tinha lhe pegado no colo e o carregado pelas escadas até que chegaram ao quarto de Percy. E sem escolha, ainda cheio de farinha pelas roupas, entrou no banheiro sem reclamar, tomando um longo banho na banheira para logo depois procurar por roupas que ainda o servisse. Aparentemente, Percy não tinha jogado fora as coisas que ele havia deixado para trás, como sua calça jeans preta favorita ou suas camisetas cheias de piadas e de super-heróis estampadas nelas, ou mesmo sua jaqueta de couro, roupa que sua mãe costumava usar antes do câncer a impedir de levantar da cama.
Ele admitia que as camisetas que antes eram largas e chegavam a suas coxas, agora serviam perfeitamente bem, embora um pouco mais justas do que ele gostaria, contornando suas curvas não tão masculinas; tirando seus ombros largos e altura, o resto era bem… bem magro em algumas partes e delgadas em outras, impossível de não reparar naquelas roupas justas. Ele nem gostava de pensar sobre isso. Talvez fosse por isso que Percy adorava segurar em sua cintura.
— Desde quando você tem esses músculos, hm? — Percy voltou a perguntar com bom-humor.
Músculos? Ele não via muitos. E claro, Percy até poderia enganá-lo se fosse alguns anos atrás. Agora? Ele conseguia ouvir o puro ciúme por trás do riso.
— Eu não sei. Tive tempo livre na Itália.
De fato, a vida em Verona era bem mais fácil e descomplicada do que essa primeira semana de volta estava sendo. Quer dizer, quando Percy estava envolvido, problemas e emoções fortes eram garantidos. Ele nem sabia porque ainda se lamentava, as coisas sempre tinham sido assim.
— Não faça essa cara. Hoje é dia de comemorar. Ou pelo menos é de acordo com Sally.
— Claro. — Nico revirou os olhos e enfim colocou sua jaqueta, enfiando os pés dentro de seus tênis de cano alto que também tinha ficado dentro do guarda-roupa de Percy. Agora sim, Nico estava de volta no passado e com o look completo. Ele quase se sentia nostálgico; se não fosse a ansiedade e a auto dúvida constante, sentiria saudade daquela época. — Vamos.
— Espera. Comprei uma coisa pra você.
— Mais um presente? O que vai ser agora? Um carro?
— Você precisa de outro? — Mas Percy estava sorrindo. Nico observou ele se levantar e dar a volta na cama, abrindo a gaveta da cômoda ao lado da cama. — Não é nada muito caro.
— O que é isso? — Dessa vez, o objeto nas mãos de Percy despertou sua curiosidade. Ele conseguia ver o que era, a questão era que Percy nunca tinha lhe dado nada desse tipo, foi o que o fez se aproximar mais e pegar o diário das mãos de Percy, abrindo a capa rígida e negra de couro, encontrando páginas simples e pautadas, notando uma dedicatória no lado de dentro da capa: “Para que seus pensamentos e ideias nunca se percam”. — Per?
— Eu pensei sobre o que você disse… sobre não conseguir se expressar.
— Me expressar?
— Na cama. — Percy disse e então segurou em suas mãos sobre o diário, o fazendo encará-lo. — Sei como as coisas podem ser… assustadoras de vez em quando. Quero que esse diário seja uma forma da gente conversar sem precisar de todo aquele… drama.
Percy usou a palavra “drama”, mas para Nico era mais… “humilhação”.
— Você vai escrever também?
— É claro.
— E você vai… vai ler tudo? Tudo o que eu escrever?
— Se você quiser.
Nico parou por um momento e encarou Percy, seu noivo, o amor de sua vida, a pessoa que sempre o aceitou incondicionalmente. Percy parecia tão calmo e confiante, tão sincero… ninguém antes fez tanto esforço para tentar entendê-lo.
— Não precisa ser sobre isso. — Percy voltou a dizer. — Você pode escrever sobre qualquer coisa. Ou algo que você queira que eu saiba.
— Qualquer coisa? De verdade?
— O que foi? — Então, Percy voltou a sorrir, despreocupado. — O que você ainda tem para esconder de mim?
Esse foi o momento que a mortificação o tomou. Nico desviou o olhar e encarou o diário que ambos ainda seguravam, as alianças brilhando em seus dedos. Se somente Percy soubesse… ele não sabia se era a melhor ou a pior das ideias que Percy já tinha sugerido.
— Olha, você não precisa se forçar. Vamos deixar o diário do lado da cama e se você sentir vontade, ele vai estar aqui. Tudo bem?
Percy sorriu mais uma vez para ele, pegou o diário de suas mãos e o colocou em cima da cômoda, há menos de um metro de distância deles. Mas esse era o problema, Nico já sentia vontade de folhear aquele caderno e escrever o que viesse à mente, como num exercício de escrita livre, só que mais estranho e constrangedor. Sentia vontade de escrever e deixar tudo sair como há anos não fazia.
— Não, eu quero! Me dá. — E feito uma criancinha, Nico esticou a mão e pegou o diário, o abraçando contra o peito, se sentindo satisfeito ao segurar mais uma vez naquele caderno de couro negro.
— Fico feliz de saber que você gostou. — E agindo feito o papai que ambos se negavam a admitir, mesmo que ambos tivessem a mesma idade, Percy o abraçou forte e beijou seus cabelos, dizendo: — Bom garoto.
É claro que isso teve o efeito esperado. Nico escondeu o rosto no ombro de Percy e gemeu mais uma vez, mortificado, se recriminando por se sentir tão bem e contente com aquelas palavras. Ou com o cuidado que Percy continuava demonstrando dia após dia.
***
Antes de irem para a festa, Nico guardou o diário junto com a caixinha das alianças agora vazia dentro da mochila e segurou na mão Percy, fazendo o peito de Percy se aquecer com o gesto distraído de Nico. Não era o gesto mais romântico ou afetivo que ele já tinha visto, mas Nico fazia tudo com tanto cuidado que ele tinha certeza de ter feito a escolha certa ao esperar até aquele momento. Sabia que essas atitudes, tanto quanto as dele ou de Nico, vinha de um lugar doloroso; da perda e do abandono, coisas que ambos sentiram na pele e que queriam evitar a todo custo. Por isso, cada momento que servisse para a próxima-los seria motivo para comemorar. Ainda não acreditava que finalmente tinha proposto para Nico. Eles iriam se casar! Houve uma época em que Percy pensou que nunca mais veria Nico, e quem dera que estariam tão contentes e felizes, mesmo que o garotinho escondesse por detrás de um biquinho zangado e o costumeiro mau-humor e insegurança. E quem era ele para julgar como outras pessoas se comportavam quando ele era o pior deles? Tudo o que Percy sabia é que tinha um plano e que faria tudo para executá-lo com maestria. Ele sorriu para Nico, segurou de volta na mão oferecida a ele e quando menos percebeu, um dos ajudantes de sua mãe o guiavam para a parte externa da casa onde mesas estavam dispostas no jardim e pessoas já andavam pela pista de dança improvisada ao lado de uma mesa de buffet divida em três fileiras organizadas por pratos doces, frios e quentes, e ali nem estava toda a comida que ele tinha visto na cozinha.
— Vocês exageraram dessa vez.
— Nada foi nada além do normal. — Nico deu de ombros.
— Claro. Eu queria--
— Nico! Finalmente consegui te encontrar!
Percy suspirou e se deu por vencido, agora que ele estavam no meio daquelas pessoas seria impossível ter a atenção de Nico só para ele. Como em câmera lenta, viu Clarisse se aproximar deles em passos apressados e pegar Nico em um abraço de urso, o puxando para longe dele.
— Até quando você ia me ignorar!
— Eu não estava te ignorando! — Nico gritou de volta, mas abraçou Clarisse tão forte como ela tinha feito, fechando os olhos com prazer.
— Por que você não me disse que tinha voltado? E quando isso aconteceu?
— Faz… cinco dias? Seis?
— Oposto que é culpa dele.
— Clar!
— Não venha com isso pra cima de mim. Eu quero saber tudo!
— Pra depois você contar para Annabeth? Não, muito obrigado.
— Isso é não verdade. Fiz isso uma vez e--
Parecia que não teria jeito. Percy deixou Nico com Clarisse, vendo as pessoas se aproximar do par barulhento e voltou para dentro da casa, encontrando sua mãe agora com um longo vestido preto e saltos altos, embora ela ainda andasse pela cozinha de um lado para o outro, dando ordens e verificando os fornos ainda em funcionamento.
— Mãe.
— Oh, Percy, querido. — Sua mãe veio em passos rápidos até ele e apertou suas bochechas, as beijando em seguida. — Você podia ter me contado antes. Não tive tempo de preparar nada.
— Também não tive tempo.
Esse foi o momento que Percy abraçou a mãe e se deixou relaxar.
— O que foi, querido?
— Acho que Nico não quer ficar comigo.
— Percy, isso não faz sentido. Por que você pensaria isso? — Então, sua mãe tocou em seu rosto novamente e encarou com afeto.
— Ele mudou. A gente parece brigar a cada passo do caminho, e agora ele tem tantos amigos e coisas para fazer…
— Percy. — Agora sua mãe parecia decepcionada. — Nós conversamos sobre isso. Você precisa de ajuda?
— Não. — Ele negou, se afastando. Não queria voltar para horas eternas no psiquiatra ou se entupir de remédios.
— Querido, Nico está crescendo e você devia também.
— Eu sei. É só que… ele está me dizendo tantas coisas… eu não sabia que ele se sentia assim.
— Isso é ótimo. Quer dizer que ele confia em você.
No fundo Percy sabia disso. Ele só queria que alguém lhe dissesse que tudo ficaria bem. Mas não era o que sua mãe estava fazendo, como sempre ela dizia o que ele precisava ouvir e não o que ele gostaria.
— O que eu devo fazer?
— Nada que você não queira.
— E se ele só se casar comigo por pressão?
— Percy! — Sally segurou em seus ombro e riu em sua cara. — Meu garotinho está crescendo tão rápido. Me lembro como você fugia de qualquer responsabilidade e agora aqui estamos nós, você se preocupando com o bem-estar de outra pessoa?
— Ma-nhe! Estou falando sério!
— Olha, pelo meu ponto de vista, nunca vi Nico tão feliz ou calmo. Ele não parece estar se forçando a nada.
— Ele disse que não queria namorar comigo e eu insisti! E se ele falou a verdade?
— Querido, nada disso é sua responsabilidade. Ele aceitou por vontade própria. Mesmo que você queira protegê-lo, é decisão de Nico. Ele aceitando ou não, ainda que no futuro ele decidir ir embora mais uma vez, não será sua culpa.
— Então, de quem é a culpa?
— Ninguém tem culpa. São coisas que acontecem e nós temos que aceitá-las. E sendo sincera? Já era tempo, não? Se você tivesse conversado com Nico, nada disso teria acontecido.
— Você… você estragou a surpresa. Eu devia ter falado com ele sozinho.
— Exatamente, querido. Você não vê? Quanto menos você disser, mais Nico se afastará de você.
— Você acha mesmo?
— Acredite em mim. Sei tudo sobre relações fracassadas. Não crie distância entre vocês, sim?
— Eu nunca faria isso.
— Não? Se você não diz o que sente, Nico pode pensar que você não se importa.
— Eu--
— Você conversou com ele nos últimos dias?
— Sim, mas--
— Como ele reagiu?
Percy queria revirar os olhos. Sua mãe estava certa, como sempre. Nico tinha sido sincero de volta. O pior era pensar que Nico tinha guardado tudo dentro do peito, pensando que Percy não iria aceitá-lo ou que Percy não se importava. Pelo menos o tempo perdido no psiquiatra tinha servido para algo.
— Você tem razão. — Percy admitiu, olhando ao redor para as pessoas que continuavam andando de um lado para outro. — Eu não queria admitir a derrota.
— Querido.
— Eu fiz Nico ir embora antes e não quero ser o culpado de novo. É tão ruim ter cuidado em não destruir as coisas de novo?
— É claro que não. Eu entendo.
— Entende mesmo? — Então, Percy voltou a encarar a mãe. — Se você entende, você pode ficar fora disso?
— Tudo bem, não vou me meter. Mas você devia prestar atenção quem são seus amigos.
— O que isso significa?
— Aquela sua amiga loira está na festa. Pensei que vocês não se falavam mais?
— Quem? Annabeth?
— Ela mesmo.
— Eu não convidei ela.
— Então, quem convidou? — Sally e Percy se encararam durante longos momentos não entendendo o que estava acontecendo até que Percy tem um estalo e dá as costas para a mãe, voltando para o lado de fora. No jardim, ele encontra uma cena que pensou que nunca fosse ver, Annabeth com seus longos cabelos prateados brilhando no sol parecendo furiosa e Nico, com as calça rasgadas e camiseta preta, a encarando como se ela fosse uma minhoca prestes a ser pisoteada.
***
— O que está acontecendo aqui?
Quando Percy menos viu estava parado no meio da multidão, vendo Annabeth e Nico se voltando para ele.
Como em um passe de mágica, o ambiente mudou. Nico veio para seu lado e se segurou em sua mão, abaixando a cabeça e a encostando em seu ombro como o garotinho mais obediente e comportado, enquanto que Annabeth ficou lá, de cabeça erguida, parecendo mais furiosa ainda com a demonstração de afeto.
— Não foi nada, Per. A gente estava conversando sobre os velhos tempos. Não é, Anne? — Nico sorriu, o abraçando pela cintura e de repente o silêncio se fez, até os garçons e ajudantes da cozinha ficando em silêncio.
— Você, por acaso, está bêbado?
— Eu? Nunca! — Ele olhou para Nico e Nico fez um biquinho fofo. — Eu nunca faria isso.
Para provar sua teoria, Percy se inclinou sobre Nico e o beijou ali mesmo. Dessa vez, Nico não pareceu nenhum pouco encabulado. O garotinho o agarrou forte pela nuca e se deixou ser beijado, abrindo a boca na demonstração mais sem vergonha de afeto.
— Meu bebê está com ciúmes, hm?
— Não sei do que você está falando. — Mas o rubor no rosto de Nico dizia o Percy precisava saber.
— Por que a gente não conversa num lugar mais calmo? — Mas antes de guiar Nico para longe da multidão, Percy se voltou para Annabeth: — Você não foi convidada. Vá embora.
— Mas, Percy! Você prometeu!
— Eu não prometi nada.
— Seu mentir--
— Não vou repetir.
Com isso, ele pegou Nico pela mão e o guiou para dentro da casa, deixando para tras uma multidão curiosa e uma loira espumando de raiva.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Obrigada por ler! Sua presença e comentario é sempre bem-vindo!^^
Thinking of them being domestic in their apartment in New Rome🤲 (and un-colored background version bc I found it cute)
Sejam bem-vindos! Olá, esse é meu blog pessoal. Escrevo fanfics Pernico/Nicercy e orginais, e reblogo alguns posts de vez em quando. História Atual Não há lugar como o Lar - versão em Portugues There's no Place like home - English version Resumo: Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro. Se você quiser saber o que eu escrevo, siga a tag #my writing
464 posts